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Estado de Minas

Senadores americanos apontam 'retrocesso da democracia no Brasil' em sabatina de indicada de Biden para embaixada

Elizabeth Bagley, indicada por Joe Biden para representar os Estados Unidos no Brasil, foi questionada sobre medidas que tomaria para preservar regime democr�tico diante das 'tentativas de Jair Bolsonaro minar as elei��es' . Ela reconheceu momento de tens�o, mas mediu suas palavras nas respostas aos legisladores.


18/05/2022 16:38 - atualizado 18/05/2022 17:07

Elizabeth Bagley em sabatina
Elizabeth Bagley reconheceu momento de tens�o, mas mediu palavras nas respostas aos senadores (foto: Reprodu��o)

A sabatina para confirma��o de Elizabeth Bagley, indicada do presidente americano Joe Biden para a embaixada dos Estados Unidos no Brasil, se converteu em espa�o para que os senadores americanos expressassem preocupa��o com o que qualificaram como "retrocessos da democracia no Brasil".

Em diversas perguntas e coment�rios dirigidos � diplomata na quarta-feira (18/5), os legisladores anteviram dificuldades para o pleito brasileiro de 2022, descreveram o presidente Jair Bolsonaro (PL) como um l�der que "tem tentado minar as elei��es" e questionaram as medidas que a diplomata tomaria para assegurar a democracia.

"A rela��o bilateral com o Brasil exigir� um forte porta-voz (dos Estados Unidos) no Brasil, principalmente enquanto o pa�s se prepara para contenciosas elei��es presidenciais em outubro", afirmou o senador democrata Edward J. Markey, de Massachussets.

Bolsonaro, candidato � reelei��o, aparece em segundo lugar nas pesquisas de inten��o de votos e tem lan�ado d�vidas sobre a integridade das urnas eletr�nicas e sugerido que as For�as Armadas deveriam participar da contagem dos votos.

"Voc� est� indo para um pa�s onde o retrocesso democr�tico � uma preocupa��o real. Estamos preocupados com o atual l�der do Brasil, que tem tentado minar a ess�ncia do processo eleitoral", afirmou o senador democrata Bob Menendez, de New Jersey, e presidente da Comiss�o de Rela��es Exteriores.

Em outra interven��o, Menendez citou o presidente pelo nome: "Bolsonaro tem tentado enfraquecer o processo eleitoral. Que medidas podemos tomar para apoiar a integridade e o resultado democr�tico das elei��es?".

J� a senadora democrata Jeanne Shaheen, de New Hampshire, concentrou sua quest�o no que qualificou como "retrocesso que est� acontecendo no Brasil".

"Isso � uma grande preocupa��o porque, como todos (os senadores) apontaram, o Brasil � um pa�s muito importante na Am�rica Latina, com muitos recursos que s�o importantes para o mundo. E vimos incurs�es significativas por parte da R�ssia e da China junto ao Brasil e ao presidente Bolsonaro", afirmou Shaheen.

O senador democrata Tim Kaine, da Virginia, foi ainda mais claro que a colega na men��o � R�ssia, ao relembrar que Bolsonaro expressou "solidariedade ao povo russo" em visita a Vladimir Putin, em Moscou, em fevereiro, dias antes da invas�o comandada pelo Kremlin � Ucr�nia.

"Estou intrigado com a atra��o de Bolsonaro por Putin, a visita � R�ssia pouco antes da invas�o da Ucr�nia, o fato de que eles n�o est�o dispostos a chamar a guerra pelo que �. Eu sei que h� uma elei��o acontecendo", afirmou Kaine.

A BBC News Brasil procurou o Planalto e o Itamaraty para comentar as declara��es, e a reportagem ser� atualizada assim que houver algum posicionamento.

'Fran�a e Guedes moderados'


Carlos França
O ministro Carlos Fran�a foi elogiado por Bagley (foto: EPA)

Em sua sabatina, Bagley reconheceu a tens�o do momento, mas mediu as palavras em suas respostas.

"Bolsonaro tem dito muitas coisas, mas o Brasil tem sido uma democracia, tem institui��es democr�ticas, Judici�rio e Legislativo independentes, liberdade de express�o. Eles t�m todas as institui��es democr�ticas para realizar elei��es livres e justas. Eu sei que n�o ser� um processo f�cil, por todos os coment�rios dele (Bolsonaro), mas, a despeito disso, temos todas essas institui��es e continuaremos expressando confian�a e expectativa em uma elei��o justa", disse Bagley aos senadores.

Ela ainda fez elogios � atua��o do ministro de Rela��es Exteriores, Carlos Fran�a, e ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que segundo Bagley s�o "moderados" e cuja atua��o acaba "desmentida" pelas declara��es de Bolsonaro.

"Acho que muitas das declara��es de Bolsonaro desmentem o que seus diplomatas e seu governo est�o fazendo. O chanceler Fran�a na verdade � muito moderado, e o ministro Guedes tamb�m � moderado. Na verdade, o Brasil tem sido muito bons em termos de votos na ONU", afirmou Bagley, em refer�ncia ao fato de o Brasil ter se alinhado � posi��o americana tanto no Conselho de Seguran�a quanto na Assembleia Geral das Na��es Unidas para condenar as a��es russas, a despeito das palavras simp�ticas de Bolsonaro a Putin.

H� dez dias, em entrevista � BBC News Brasil, a subsecret�ria de Estado Victoria Nuland afirmou que os americanos alertaram o Brasil sobre a possibilidade de interfer�ncia russa no pleito.

Questionada pela BBC News Brasil ao final do evento sobre se chegaria � Bras�lia a tempo de acompanhar presencialmente o pleito, em outubro, ela disse que "n�o tinha certeza". A confirma��o de embaixadores para postos estrat�gicos no exterior, que fica a cargo do Senado, tem demorado meses mesmo ap�s a sabatina.

Os republicanos t�m imposto um ritmo lento �s aprova��es, o que tem deixado o governo Biden sem muitas representa��es-chave no exterior.

Amaz�nia e Huawei


Jair Bolsonaro
Bolsonaro, candidato � reelei��o, tem lan�ado d�vidas sobre a integridade das urnas eletr�nicas (foto: Reuters)

Bagley tamb�m afirmou que a quest�o da Amaz�nia ser� priorit�ria em seu trabalho. "Uma das minhas maiores prioridades ser� encorajar esfor�os para aumentar a ambi��o clim�tica e reduzir dramaticamente o desmatamento, proteger os defensores (da floresta) e processar crimes ambientais e atos de viol�ncia correlatos", disse em seus coment�rios iniciais.

E elogiou o compromisso do Brasil de zerar o desmatamento ilegal at� 2025, embora tenha reconhecido que pouco foi feito nesse sentido at� agora. A gest�o Bolsonaro tem acumulado recordes de redu��o da cobertura amaz�nica.

Sobre o assunto, o senador democrata Brian Schatz, do Hava�, questionou o compromisso brasileiro com as metas firmadas por Bolsonaro no ano passado, na COP-26. "(A meta de) 2025 � alarmante porque n�o tem como, n�o tem jeito de eles (brasileiros) atingirem essas metas. Ent�o, precisamos trabalhar para melhorar a transpar�ncia, relat�rios e fiscaliza��o, j� que � um desafio interagir com o governo brasileiro (no assunto)", disse Schatz.

A conserva��o de florestas tropicais � tratada como uma prioridade da gest�o Biden e um dos temas de atrito entre Brasil e Estados Unidos. "Obviamente, o governo Biden � um governo mais de esquerda. Um governo que tem quase uma obsess�o pela quest�o ambiental, ent�o, isso atrapalha um pouquinho a gente", afirmou Bolsonaro em agosto do ano passado.

Na sabatina de Bagley, os legisladores democratas dominaram os trabalhos, que contou com interven��es r�pidas de apenas dois senadores republicanos, concentrados nas quest�es da influ�ncia da China e do 5G em seus coment�rios.

Em conson�ncia com a agenda do governo anterior ao de Biden, o do republicano Donald Trump, Bagley deixou claro que seguir� pressionando o Brasil para que n�o adote tecnologia da gigante chinesa Huawei em sua rede 5G. Apesar da press�o dos americanos, o Brasil optou por n�o restringir a participa��o da empresa chinesa em suas redes de telecomunica��es.

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