Centenas de pessoas se reuniram para chorar a morte de 19 crian�as e duas professoras assassinadas na ter�a-feira em uma escola do Texas, em um massacre cometido por um adolescente de 18 anos que comprou um fuzil legalmente.
A trag�dia, a pior em uma escola do pa�s em uma d�cada, multiplica a indigna��o e os questionamentos sobre como limitar a venda de armas no pa�s, um controle que poderia ter evitado esse massacre.
- Leia: O que se sabe at� agora sobre o massacre no Texas
"Estou com o cora��o partido", lamentava Ryan Ramirez, que perdeu sua filha de 10 anos, Alithia. Ao seu lado, sua esposa Jessica chorava silenciosamente com a outra filha nos bra�os.
O massacre mudou para sempre a hist�ria de Uvalde, uma pequena cidade de 16.000 pessoas localizada perto da fronteira com o M�xico e com popula��o majoritariamente hisp�nica.
"N�o h� explica��o para isso, minha neta n�o merecia isso. Era uma boa menina, muito t�mida e muito bonita", dizia � imprensa Esmeralda Bravo, av� de Nevaeh, que tamb�m morreu no massacre.
- De crian�a assediada a agressor -
"Meu amor agora voa alto com os anjos l� em cima", escreveu no Facebook �ngel Garza, cuja filha Amerie Jo Garza acabara de comemorar seu 10º anivers�rio. "Eu te amo, Amerie Jo".
Os detalhes do massacre chocaram o pa�s e o mundo.
Em entrevista coletiva, o governador Greg Abbott revelou que o agressor, Salvador Ramos, que foi morto pela pol�cia, atirou no rosto de sua av� de 66 anos antes de seguir para a escola Robb.
Ramos, de nacionalidade americana, compartilhou nas redes sociais o seu plano de atacar a av�, que, apesar de gravemente ferida, conseguiu alertar a pol�cia.
O jovem voltou a enviar uma mensagem no Facebook para dizer que seu pr�ximo alvo era uma escola, para onde dirigiu vestido com colete � prova de balas e carregando um fuzil AR-15, arma projetada para causar o maior n�mero de v�timas poss�vel em tempo recorde.
Um funcion�rio da escola tentou barrar seu acesso ao centro educacional, onde ele conseguiu se barricar em uma sala de aula e come�ou a matar crian�as.
Ramos foi uma crian�a com s�rios problemas familiares, que gaguejava. Ele sofreu 'bullying' na escola por seus problemas de fala e, uma vez, cortou o rosto "s� por divers�o", segundo Santos Valdez, amigo do atacante no passado, ao The Washington Post.
- "Culpa sua" -
O governador do Texas rejeitou as sugest�es de que uma legisla��o mais r�gida sobre armas era necess�ria no estado, onde o apego ao direito de port�-las � profundo.
"Acredito que essa pessoa incorporava o mal puro", disse Abbott, repetindo um argumento comum entre os republicanos: que o acesso irrestrito a armas n�o � o culpado pela epidemia de viol�ncia armada no pa�s.
"Isso � sua culpa (...) a partir do momento em que decidiu n�o fazer nada", repreendeu o democrata Beto O'Rourke, um fervoroso defensor do controle de armas que aspira a concorrer contra Abbott em novembro para o cargo de governador.
A posi��o de Abbott foi ecoada pelo NRA, o poderoso lobby pr�-armas dos EUA, que emitiu uma declara��o atribuindo o que aconteceu a "um criminoso solit�rio e perturbado".
O presidente Joe Biden, que visitar� Uvalde, pediu ao Congresso que enfrente o lobby pr�-armas e aprove leis mais r�gidas.
Nos Estados Unidos, houve mais tiroteios em massa (nos quais quatro ou mais pessoas ficaram feridas ou mortas) em 2022 do que dias at� agora neste ano, de acordo com a ONG Gun Violence Archive, que registrou 213 incidentes.
Apesar disso, as v�rias tentativas de reforma fracassaram no Congresso.
A indigna��o tamb�m era sentida em Uvalde. "Estou triste e com raiva de nosso governo por n�o fazer mais pelo controle de armas", comentou Rosie Buantel, uma moradora, � AFP.
"J� passamos por isso muitas vezes. E nada foi feito ainda".
O av� de Ramos, Rolando Reyes, de 73 anos, expressou seu pesar pelas fam�lias enlutadas.
"Sinto muito e estou com muita dor porque muitas dessas crian�as s�o netos de amigos meus", disse � CBS News.
O tiroteio em Uvalde foi o incidente mais mortal desde o tiroteio na escola Sandy Hook em 2012 em Connecticut, no qual 20 crian�as e seis adultos foram mortos.