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Estado de Minas KRAMATORSK

Crian�as da guerra vagam pelos escombros do leste da Ucr�nia


27/05/2022 09:07

O olhar mal-humorado de um menino se dirige para onde uma explos�o acabou de acontecer. Solit�rio, o jovem est� sentado em um bloco de concreto de um pr�dio reduzido a escombros no leste da Ucr�nia.

Um ataque noturno fez desaparecer o pr�dio residencial abandonado localizado bem em frente � �rea arborizada por onde as tropas russas avan�am.

Yevgen e sua m�e acabaram de chegar, fugindo de seu vilarejo em ru�nas, de onde nuvens de fuma�a ainda s�o vis�veis no horizonte de Kramatorsk, a capital de fato do leste da Ucr�nia controlado por Kiev.

O adolescente de 13 anos agora pensa em fugir desta cidade diante do cerco cada vez mais estreito das tropas russas.

"Foi um 22", diz o menino da cidade devastada de Galyna, enquanto o estrondo de granadas que podem ser de calibre 122 � ouvido.

Yevgen chuta algumas pedras e caminha pelos escombros de um p�tio antes cheio de filhos de funcion�rios de f�bricas e fazendas vizinhas.

"Eu n�o tenho medo", diz resolutamente. "Eu me acostumei com os bombardeios em Galyna."

- A batalha de Galyna -

A capacidade de Yevgen de distinguir o calibre dos proj�teis preocupa sua m�e. Liubov Zakharova passou a maior parte da guerra tentando manter seu filho fora das ruas.

Por uma semana se esconderam no por�o de uma escola em Galyna enquanto tanques russos e for�as ucranianas lutavam nas colinas ao redor.

Zakharova ent�o arriscou caminhar com Yevgen e suas duas irm�zinhas os 20 quil�metros at� a fr�gil seguran�a de Kramatorsk.

"Fico acordada a noite toda preocupada com eles", diz a m�e solteira de 33 anos do jardim de uma casa abandonada que encontraram perto do quarteir�o agora destru�do.

"Minha filha de dois anos come�ou a perder o cabelo por causa do estresse", diz.

Yevgen est� de p� atr�s da saia da m�e, com as m�os cruzadas, olhando para os sapatos. Mas sua cabe�a de repente se volta para os rugidos distantes.

"S� queria poder deixar as crian�as sair e brincar", diz a m�e.

A batalha de Galyna permitiu que os russos se aproximassem um pouco mais de Kramatorsk, o centro administrativo do Donbass que rivaliza com Donetsk como capital da zona de guerra, na �rea controlada pela R�ssia e seus aliados separatistas.

A cidade quase totalmente deserta � conhecida localmente pelo tom particularmente sombrio das sirenes antibombardeio que disparam em momentos aparentemente aleat�rios do dia e da noite.

Seus pr�dios administrativos e f�bricas foram bombardeados ou fechados em sua maior parte.

Os moradores n�o t�m g�s h� quase uma semana e come�am a ficar sem eletricidade.

Isso acentuou o medo de Galina Mukhina quando seu filho rec�m-casado, confortavelmente instalado na Pol�nia, decidiu voltar com sua jovem fam�lia para Kramatorsk.

"Estou com medo por seus filhos pequenos", diz Galina enquanto varre peda�os de vidro e gesso.

"Digo que n�o � seguro. Talvez eles ou�am agora".

- "Putin nos fez isso" -

� uma das grandes contradi��es da guerra: Yevgen e sua m�e querem ir embora e o filho de Galina planeja voltar para a mesma cidade devastada.

Alguns retornam porque acabaram as economias. Outros por saudade.

O inspetor de pol�cia aposentado Oleksandr Ritov n�o espera o retorno de seus filhos adultos agora que encontraram um porto seguro na Alemanha.

"Provavelmente estamos testemunhando o in�cio de uma nova onda de emigra��o entre os jovens", diz o homem de 55 anos, enquanto limpa seu apartamento, atingido por um bombardeio na cidade vizinha de Bakhmut.

"Esta � uma guerra. Ningu�m sabe o que vai acontecer nos pr�ximos 10 minutos. � imposs�vel prever qualquer coisas".

Yevguen continua a olhar para os pr�dios destru�dos. Ele passa alguns minutos meditando, depois desabafa: "Putin fez isso conosco. Este � o mundo russo que ele nos prometeu", diz, acenando para o pr�dio desmoronado.

"Vou odiar os russos pelo resto da vida", declara em um sussurro furioso. "Pelo menos os americanos nos apoiam".


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