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Estado de Minas BEIRUTE

A longa vida de Kozo Okamoto, 50 anos depois de cometer um atentado em Israel


31/05/2022 11:57

Kozo Okamoto n�o deveria ter sobrevivido ao atentado suicida que cometeu em 1972, no qual morreram 26 pessoas no aeroporto israelense de Tel Aviv. No entanto, 50 anos depois, este japon�s de 74 anos, o primeiro e �nico refugiado pol�tico do L�bano, vive pacificamente.

Depois de passar duas vezes na pris�o, este ex-integrante do Ex�rcito Vermelho Japon�s continua na lista de pessoas procuradas pela pol�cia do seu pa�s natal, por este atentado cometido em nome da Frente Popular de Liberta��o da Palestina (FPLP). Mas vive tranquilamente no L�bano, cercado por refugiados palestinos que o consideram um her�i da causa.

Em 30 de maio de 1972, subiu em um avi�o da Air France que partiu de Roma usando um passaporte falso com o nome de Daisuke Namba, o homem que quis assassinar o pr�ncipe herdeiro do Jap�o, Hirohito, em 1923. Para o FPLP, organiza��o � qual pertencia, ele se chamava Ahmad.

Na �poca, o sequestro de avi�es pela organiza��o palestina causou um aumento no controle de passageiros, mas n�o nas malas despachadas.

Quando chegaram a Tel Aviv, Kozo Okamoto e seus dois c�mplices passaram pelos controles de seguran�a sem problemas e recolheram suas malas, das quais tiraram fuzis e granadas.

Um total de 26 pessoas morreram no aeroporto: oito israelenses, um canadense e 17 americanos que vieram de Porto Rico para uma peregrina��o religiosa. Ainda hoje, todo dia 30 de maio h� uma celebra��o em Porto Rico em mem�ria daqueles que morreram neste ataque.

- "Cad�ver" -

O ataque organizado pela FPLP foi planejado como um atentado suicida. Os tr�s agressores japoneses tiveram que mutilar seus rostos para dificultar a identifica��o de seus corpos. Dois deles morreram, mas Okamoto acabou ferido e capturado.

Durante seu julgamento, ele pediu a pena de morte, mas a senten�a que recebeu foi de pris�o perp�tua. Em 1985, foi libertado por Israel sob um acordo de troca de prisioneiros.

Nesse mesmo ano, a AFP tirou uma foto dele no aeroporto de Tr�poli (L�bia). Os combatentes palestinos o carregavam triunfantemente nos ombros, mas o olhar de Okamoto parecia desviado.

Abu Yusef, militante da FPLP que o acompanhou em sua vida cotidiana, lembra-se perfeitamente daquele dia: "Quando foi libertado, era um cad�ver", disse � AFP no domingo passado, explicando que o japon�s passou a maior parte de seus anos na pris�o totalmente isolado, comendo do ch�o, como cachorro, com as m�os amarradas nas costas.

Depois de sair da pris�o, ele foi para o L�bano, onde passou anos na regi�o do Vale do Bekaa, em campos do Ex�rcito Vermelho Japon�s. Posteriormente, foi preso e condenado em 1997 a tr�s anos de pris�o por entrar ilegalmente no pa�s, falsificar documentos e possuir dois passaportes falsos.

- Semiclandestinidade e programas para crian�as -

Por press�o de T�quio, quatro membros do Ex�rcito Vermelho Japon�s foram extraditados em 2000, mas Okamoto foi libertado e recebeu asilo pol�tico, ap�s manifesta��es de grupos pr�-palestinos a seu favor.

Desde ent�o, vive sob uma esp�cie de prote��o do FPLP, cujos membros o veneram.

Na segunda-feira, quando completou 50 anos deste atentado, Okamoto fez uma rara apari��o p�blica, na qual os militantes do FPLP caminharam com ele at� um cemit�rio perto do campo de refugiados palestinos de Shatila, em Beirute.

Okamoto sorriu para as c�meras e fez o sinal da vit�ria com as m�os.

Nascido no sul do Jap�o, n�o tinha nenhum v�nculo com a causa palestina. Mas "at� hoje fala da Palestina e se op�e � ocupa��o" de Israel, explica Abu Yusef � AFP.

Kozo Okamoto se tornou um av� de cabelos brancos que parou de fumar e passa horas em frente � televis�o assistindo a desenhos infantis.

Sua vida � semiclandestina e ele tem pouco contato e conhecimento do mundo exterior. "N�o constitui nenhuma amea�a para Israel ou para o Jap�o", disse � AFP May Shigenobu, filha do fundador do Ex�rcito Vermelho Japon�s, Fusako Shigenobu, que foi libertado no s�bado depois de passar 20 anos em uma pris�o japonesa.

"Mas os japoneses continuam pedindo sua extradi��o todos os anos, ent�o eles ainda est�o interessados, apesar de seu estado f�sico e mental", acrescenta a mulher, que cresceu no L�bano. "E sua vida ainda pode estar amea�ada", conclui.


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