A seguir, uma breve vis�o geral de alguns destaques deste conflito sem precedentes na Europa desde a Segunda Guerra Mundial:
Putin intrat�vel
P�ria no Ocidente, descrito como "ditador" ou "criminoso de guerra", o chefe do Kremlin est� isolado no cen�rio internacional e � alvo de san��es sem precedentes. Mas continua a gozar de grande popularidade na R�ssia e pode contar com o sil�ncio t�cito de outras grandes pot�ncias, a come�ar pela China.
Pequim nunca condenou a invas�o russa da Ucr�nia, lan�ada em 24 de fevereiro. Os canais de comunica��o tamb�m n�o foram completamente cortados com Moscou, com o presidente franc�s Emmanuel Macron, por exemplo, mantendo contato com Putin.
V�rios l�deres estrangeiros tamb�m foram a Moscou para tentar negociar, sem sucesso, assim como o secret�rio-geral da ONU, Antonio Guterres, em 26 de abril, despertando a ira do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Se ainda n�o obteve uma grande vit�ria no terreno e at� precisou rever sua estrat�gia retirando-se para o leste da Ucr�nia, Putin n�o d� sinais de querer parar.
Pelo contr�rio, as for�as russas avan�am inexoravelmente no Donbass e se a regi�o cair, o porto de Odessa mais a oeste ficar� ent�o "na linha de vis�o", sublinha � AFP o ge�grafo e ex-diplomata Michel Foucher, para quem "o per�odo que se abre n�o � favor�vel aos ucranianos".
O especialista tamb�m se pergunta "at� que ponto os americanos n�o v�o pressionar os ucranianos a fazer concess�es territoriais".
"No momento, est� claro que Putin n�o tem ganhos suficientes para negociar", disse o diplomata Jean de Gliniasty, em entrevista ao centro de pesquisa Iris, em Paris, em 24 de maio.
Otan se refor�a
A R�ssia afirma que lan�ou seu ataque � Ucr�nia para evitar um suposto genoc�dio de popula��es de l�ngua russa no pa�s e para impedir a expans�o da Otan.
Neste sentido, o fracasso � �bvio: a alian�a militar est� se fortalecendo sob o guarda-chuva onipresente dos Estados Unidos, que despeja armas na Ucr�nia e questiona a Uni�o Europeia sobre seu ponto de equil�brio e sua autonomia estrat�gica.
Su�cia e Finl�ndia, dois pa�ses tradicionalmente n�o alinhados, apresentaram seus pedidos de ades�o � Otan.
Os Estados Unidos e seus aliados europeus tamb�m enviaram milhares de tropas para as fronteiras da R�ssia, Pol�nia e pa�ses b�lticos.
Do lado da Uni�o Europeia, unida como raramente esteve, os pa�ses do Leste Europeu aproveitaram a invas�o para se fazer ouvir e ganhar import�ncia dentro do 27 pressionando o motor franco-alem�o para endurecer as san��es contra a R�ssia.
A UE aprovou na segunda-feira um sexto pacote de san��es, incluindo pela primeira vez um embargo ao petr�leo russo.
Ordem mundial bagun�ada
"A invas�o da Ucr�nia pela R�ssia n�o � apenas sobre a Europa, mas abala a ordem internacional, incluindo a �sia", disse recentemente o primeiro-ministro japon�s, Fumio Kishida, cujo governo se associou �s san��es ocidentais contra Moscou, particularmente financeiras.
Joe Biden, cujo pa�s liberou 40 bilh�es de d�lares para financiar o esfor�o de guerra ucraniano, falou de uma luta entre "democracia e autocracia".
A China, por�m, continua sendo para os Estados Unidos seu principal objetivo estrat�gico, conforme demonstrado pela viagem de Joe Biden � �sia no final de maio.
E fora do Ocidente, as posi��es de muitos pa�ses em rela��o � R�ssia permanecem mais circunspectas.
"A maioria dos pa�ses do BRICS, incluindo Brasil, �ndia e �frica do Sul, reluta muito em condenar a invas�o russa", diz Steven Gruzd, do Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais de Joanesburgo.
Na �frica, aponta, enquanto pa�ses como Qu�nia e Ruanda est�o na vanguarda na condena��o da invas�o, outros preferem a neutralidade, como a �frica do Sul.
O continente africano pareceu "muito dividido" no momento da vota��o, em 2 de mar�o, da resolu��o da ONU condenando a invas�o da Ucr�nia, lembra o especialista.
Por sua vez, R�ssia e China se aproximaram, mas a alian�a continua circunstancial, segundo especialistas.
"H� uma converg�ncia de interesses sobre a redu��o da hegemonia americana, � bastante claro. Mas acredito fundamentalmente que eles (os chineses) est�o incomodados com esta guerra" na Ucr�nia, diz Michel Foucher.
San��es sem precedentes
Embargo ao petr�leo russo, investimentos proibidos, congelamento de ativos, restri��es banc�rias, do espa�o a�reo e mar�timas: desde o final de fevereiro, os pa�ses ocidentais adotaram san��es de uma escala sem precedentes visando todos os setores da R�ssia e seu aliado bielorrusso, cujo impacto ainda precisa ser medido.
Mas os efeitos da guerra est�o sendo sentidos em todo o mundo, impactando o crescimento econ�mico, as cadeias de produ��o e os setores de alimentos e energia, aumentando o medo de uma crise alimentar, principalmente no norte da �frica, ressalta Steven Gruzd.
"Acho que ainda n�o vimos todos os efeitos" da guerra, acrescenta, temendo em particular uma "grande interrup��o do com�rcio internacional".
PARIS