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Estado de Minas LA PAZ

Trag�dia universit�ria exp�e casos de estudantes 'dinossauros' na Bol�via


03/06/2022 15:43

A morte de quatro estudantes durante um tumulto em uma assembleia universit�ria reabriu o debate na Bol�via sobre os milhares de alunos "dinossauros", que estudam durante d�cadas no sistema gratuito de ensino boliviano sem chegar a se formar.

Em 9 de maio passado, uma bomba de g�s lacrimog�neo causou p�nico entre as centenas de alunos que participavam de uma reuni�o na Universidade Tom�s Fr�as de Potos�. O tumulto deixou quatro mortos, mais de 70 feridos e desatou uma pol�mica: o papel de Max Mendoza na assembleia.

Mendoza tem 52 anos, 33 dos quais passou na universidade. Em mais de tr�s d�cadas n�o conseguiu se formar em nenhum dos v�rios cursos que seguiu, denunciou o deputado governista H�ctor Arce.

"H� l�deres que de alguma forma usufru�ram de seu papel porque eu acho que o l�der universit�rio veio primeiro ser estudante universit�rio para depois ser l�der", diz � AFP o reitor da estatal Universidade Mayor de San Andr�s (UMSA) de La Paz, Oscar Heredia.

Desde 1989, Mendoza suspendeu mais de 200 mat�rias e concluiu mais de cem disciplinas com nota zero, denunciou o deputado governista H�ctor Arce.

Mas o caso de Mendoza � apenas a ponta do iceberg dos milhares de estudantes conhecidos como "dinossauros".

Esta fun��o acad�mica n�o o impedia de ganhar um sal�rio mensal de 21.860 bolivianos, cerca de 3.150 d�lares (similar ao de um reitor), porque tamb�m atuava como dirigente do Comit� Executivo da Universidade Boliviana, que coordena os institutos p�blicos de ensino superior do pa�s.

Em meio �s investiga��es sobre a trag�dia, come�aram a circular vers�es nas redes sociais de que Mendoza, presidente da Confedera��o Universit�ria Boliviana, estava por tr�s de uma das fac��es em disputa na assembleia.

Mendoza foi mandado para a pris�o preventiva em 21 de maio, denunciado por v�rios crimes.

- "S�o aproveitadores" -

"Existem estes dinossauros, vivem mais de 20 anos na universidade", diz � AFP Karen Apaza, estudante de engenharia da UMSA e ativista contra os eternos l�deres estudantis.

Beymar Quisberth, do departamento de Sociologia da Universidade Maior San Francisco Xabier de Sucre, a mais antiga do pa�s, explica que o termo dinossauro � "uma s�tira".

"Esse termo � usado pela trajet�ria de anos [...], sempre s�o chamados de dinossauros [nas universidades], mas agora o termo � usado em n�vel nacional", acrescenta.

Outro dirigente acusado de ser "dinossauro" � Alvaro Quelali, de 37 anos, l�der estudantil da UMSA, aluno da universidade h� 20 anos.

"S�o dinossauros, aproveitadores, � uma vergonha", diz Gabriela Paz, de 20 anos, estudante da Faculdade de Direito e Ci�ncias Pol�ticas, enquanto seu colega Mateo Siles, de 21 anos, diz que "tem gente que permanece nas universidades p�blicas para ter certas regalias".

- N�o apenas l�deres -

O reitor da UMSA esclarece que n�o s� h� dirigentes estudantis que passam muitos anos nesta universidade, mas tamb�m milhares de alunos comuns est�o nesta situa��o.

Dos 81.723 alunos da UMSA, 23% (18.796) est�o estudando h� mais 11 anos e 6,7% (5.475), mais de 20 anos.

"� um assunto que nos preocupa, mas � tema de grande debate", diz Heredia.

H�, inclusive, mil alunos h� mais de 30 anos nesta universidade e uma centena, h� mais de 40 anos.

Em outros institutos o problema � similar. Na Universidade Gabriel Ren� Moreno de Santa Cruz (leste) h� cerca de 90.000 estudantes e destes, 3% (cerca de 2.700) est�o l� h� mais de dez anos.

Guido Zambrana, professor de Medicina da UMSA, afirma que "� preciso reconhecer que vivemos uma crise mais profunda".

Por isso, recomenda "que se desmonte toda a estrutura de corrup��o, m� gest�o, distor��o da cogest�o [docente-estudantil], que durante d�cadas vem se deteriorando".

"A universidade � obsoleta, anacr�nica, n�o responde mais � situa��o atual" da Bol�via, afirma Zambrana.


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