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Estado de Minas PARIS

Cartas de Proust falam de 'inc�modo amigo' que foi parar no Brasil


09/06/2022 07:49

O escritor Marcel Proust (1871-1922) continua a fazer correr rios de tinta na Fran�a 100 anos depois de sua morte, e o �ltimo epis�dio � sua complicada rela��o com um su��o, Henri Rochat, que teve de mandar para o Brasil para se livrar dele.

Sabe-se pouca coisa de Rochat, que nasceu em data indeterminada na Su��a, e que era gar�om no hotel Ritz de Paris quando o autor de "Em Busca do Tempo Perdido" conheceu-o em 1917. Proust j� era uma figura liter�ria reconhecida e sua homossexualidade era um segredo aberto nos c�rculos parisienses.

O escritor convidou-o para se instalar em sua casa em 1918. Em carta ao um amigo, o banqueiro Horace Finaly, Proust confessa que acreditava que o jovem su��o "ficaria apenas algumas semanas" e que "poderia ser seu secret�rio". Essas cartas de Proust a Finaly fazem parte da rica heran�a liter�ria e epistolar que continua a aparecer regularmente na Fran�a em torno do autor.

As "Lettres � Horace Finaly" mostram que o escritor rapidamente se arrependeu de seu impulso.

"Como fica entediado em casa, 'fugiu' duas ou tr�s vezes e, infelizmente, n�o apenas perdeu peso, como tamb�m todo dinheiro que dei a ele", lamenta o autor na carta ao amigo banqueiro.

E as contas no alfaiate se acumulavam.

"Gastava muito mais do que Proust. Era um d�ndi que lhe deu apenas alguma inspira��o, algumas partidas de damas e noites ao piano", diz � AFP Thierry Laget, editor destas 20 cartas publicadas nesta quinta-feira pela editora Gallimard.

Proust mantinha uma longa e apaixonada rela��o com Reynaldo Hahn, o compositor de origem venezuelana que foi uma celebridade da Belle �poque parisiense.

Rochat ao piano "n�o devia ter o mesmo encanto que Hahn, que era superdotado", comenta Laget.

- O rastro em Recife -

As cartas de Proust ao amigo Finaly ajudam a entender a import�ncia desse banqueiro para a solu��o desse inc�modo problema: mandar o jovem para o Brasil.

Finaly consegue para ele um emprego em uma delega��o do Sudam�ris, a filial do banco BNP para a Am�rica Latina, em Recife.

Em Recife, Rochat volta a levar uma vida luxuosa. Acumulava d�vidas e depois dizia que "um tal" Proust iria pag�-las um dia. O escritor certamente lhe enviou algum dinheiro.

A pista de Rochat se perde em um continente onde naquela �poca era relativamente f�cil para um europeu recome�ar do zero. Acreditava-se que ele havia morrido na Argentina, mas descobriu-se, recentemente, que morava nos arredores de Parna�ba quando desapareceu em 1923.

Nenhuma sepultura foi descoberta em seu nome. Sabe-se que levou consigo, para esta regi�o tropical, exemplares dos romances de Proust.

"Rochat ajudou muito na difus�o do trabalho de Proust no Brasil, um dos pa�ses onde ele � conhecido e apreciado h� muito tempo", explica Laget.

"Sabemos que, no Brasil, mostrava fotos dele com Proust, ent�o essas fotos podem reaparecer algum dia", acrescenta.


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