Sabe-se pouca coisa de Rochat, que nasceu em data indeterminada na Su��a, e que era gar�om no hotel Ritz de Paris quando o autor de "Em Busca do Tempo Perdido" conheceu-o em 1917. Proust j� era uma figura liter�ria reconhecida e sua homossexualidade era um segredo aberto nos c�rculos parisienses.
O escritor convidou-o para se instalar em sua casa em 1918. Em carta ao um amigo, o banqueiro Horace Finaly, Proust confessa que acreditava que o jovem su��o "ficaria apenas algumas semanas" e que "poderia ser seu secret�rio". Essas cartas de Proust a Finaly fazem parte da rica heran�a liter�ria e epistolar que continua a aparecer regularmente na Fran�a em torno do autor.
As "Lettres � Horace Finaly" mostram que o escritor rapidamente se arrependeu de seu impulso.
"Como fica entediado em casa, 'fugiu' duas ou tr�s vezes e, infelizmente, n�o apenas perdeu peso, como tamb�m todo dinheiro que dei a ele", lamenta o autor na carta ao amigo banqueiro.
E as contas no alfaiate se acumulavam.
"Gastava muito mais do que Proust. Era um d�ndi que lhe deu apenas alguma inspira��o, algumas partidas de damas e noites ao piano", diz � AFP Thierry Laget, editor destas 20 cartas publicadas nesta quinta-feira pela editora Gallimard.
Proust mantinha uma longa e apaixonada rela��o com Reynaldo Hahn, o compositor de origem venezuelana que foi uma celebridade da Belle �poque parisiense.
Rochat ao piano "n�o devia ter o mesmo encanto que Hahn, que era superdotado", comenta Laget.
- O rastro em Recife -
As cartas de Proust ao amigo Finaly ajudam a entender a import�ncia desse banqueiro para a solu��o desse inc�modo problema: mandar o jovem para o Brasil.
Finaly consegue para ele um emprego em uma delega��o do Sudam�ris, a filial do banco BNP para a Am�rica Latina, em Recife.
Em Recife, Rochat volta a levar uma vida luxuosa. Acumulava d�vidas e depois dizia que "um tal" Proust iria pag�-las um dia. O escritor certamente lhe enviou algum dinheiro.
A pista de Rochat se perde em um continente onde naquela �poca era relativamente f�cil para um europeu recome�ar do zero. Acreditava-se que ele havia morrido na Argentina, mas descobriu-se, recentemente, que morava nos arredores de Parna�ba quando desapareceu em 1923.
Nenhuma sepultura foi descoberta em seu nome. Sabe-se que levou consigo, para esta regi�o tropical, exemplares dos romances de Proust.
"Rochat ajudou muito na difus�o do trabalho de Proust no Brasil, um dos pa�ses onde ele � conhecido e apreciado h� muito tempo", explica Laget.
"Sabemos que, no Brasil, mostrava fotos dele com Proust, ent�o essas fotos podem reaparecer algum dia", acrescenta.
PARIS