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Estado de Minas PARIS

Sobriedade e justi�a social s�o indissol�veis, dizem ativistas ambientais


10/06/2022 09:46

Um estilo de vida s�brio, de conforto sem excessos, � fundamental na luta contra as mudan�as clim�ticas - alertam ativistas, que consideram que isso anda de m�os dadas com a justi�a social.

"A no��o de sobriedade remonta � civiliza��o grega, mas desapareceu da linguagem cotidiana", explica � AFP Yamina Saheb, economista e uma das principais autoras do �ltimo relat�rio de especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudan�a Clim�tica da ONU (IPCC, na sigla em ingl�s).

Pela primeira vez, relacionou-se o conceito de "sobriedade" (ou "sufficiency", em ingl�s) diretamente com a mudan�a clim�tica, considerando o termo um fator crucial para combat�-la.

"As pol�ticas de sobriedade s�o medidas e pr�ticas cotidianas que evitam a demanda por energia, materiais, terra e �gua, sem deixar de oferecer bem-estar a todos os humanos dentro dos limites planet�rios", afirma o texto.

David Ness, professor associado da University of South Australia, que n�o participou do relat�rio, diz que tal sobriedade trar� "uma melhor qualidade de vida para todos, ao mesmo tempo que se protege o meio ambiente".

No entanto, o conceito n�o parece "pegar", em um momento em que grandes economias enfrentam escassez de energia e infla��o.

"N�o h� absolutamente nenhuma discuss�o sobre redu��o do consumo, ou sobriedade", na Austr�lia, admite Ness.

No Brasil, "� um conceito bastante embrion�rio", afirma Carolina Grottera, professora adjunta de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF).

A defini��o n�o gerou consenso nem mesmo entre todos os membros do IPCC, disse Saheb.

"Sobriedade n�o significa Idade da Pedra. � o conforto moderno, mas sem excessos. Quem pode sofrer com a sobriedade s�o os que consomem em excesso. Para eles, ser� um problema, mas, para o cidad�o comum, � um modo de vida mais tranquilo", explica.

"N�o estamos todos em p� de igualdade quando se trata de sobriedade", ressalta Eloi Laurent, economista do Observat�rio Franc�s de Situa��es Econ�micas (OFCE).

"Os 10% dos habitantes mais ricos do planeta emitem cerca de metade dos gases de efeito estufa", exemplifica o economista.

A quest�o da justi�a social � avan�ada por especialistas em clima e ativistas em pa�ses em desenvolvimento, observa Carolina Grottera.

"Existe a ideia de que os pa�ses ricos s�o historicamente respons�veis pela maior parte das emiss�es de gases de efeito estufa. Portanto, caberia aos pa�ses do Norte mudar seu modo de vida", sugere a especialista.

Essa tem sido a exig�ncia hist�rica de pa�ses menos desenvolvidos, n�o apenas nas confer�ncias mundiais do clima (as COPs), h� d�cadas, mas tamb�m de especialistas de pa�ses ocidentais que consideram que os pa�ses do Sul est�o sendo proibidos de fazer o que os pa�ses ricos fizeram durante gera��es.

Grottera considera que deve ser feita uma distin��o "entre luxo e necessidade".

"O consumo crescente agrava as desigualdades, o que cria um c�rculo vicioso de consumo ainda mais importante", explica.

Muitas pessoas ainda n�o t�m acesso a cuidados de sa�de, ou n�o podem economizar, mas anseiam por telefones celulares, ou carros grandes.

Ness pede "um novo discurso".

"Os ambientalistas n�o nos fazem sonhar. Muitas vezes s�o vistos como pessoas pessimistas, como pessoas chatas", admite Cyril Cassagnaud, estudante franc�s de Engenharia e de Ci�ncia Pol�tica, que aos 26 anos prefere optar pelo servi�o p�blico local.

Eloi Laurent considera importante "a tributa��o dos comportamentos mais luxuosos que permite o financiamento dos equipamentos mais s�brios destinados �s classes desfavorecidas".


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