Gra�as ao DNA humano extra�do de restos de um s�tio funer�rio do s�culo XIV no norte do Quirguist�o, os pesquisadores conseguiram encontrar a fonte.
As descobertas, publicadas nesta quarta-feira (15) na revista Nature, parecem colocar um ponto final em um debate muito antigo entre historiadores.
A epidemia de peste negra chegou � Europa atrav�s da bacia do Mediterr�neo, em 1346, transportada por barcos de mercadorias vindos do Mar Negro.
Em apenas oito anos, a "morte negra" acabou com cerca de 60% da popula��o europeia, do Oriente M�dio e do norte da �frica.
A epidemia desapareceu e voltou a surgir em ondas, ao longo de 500 anos.
At� agora, uma das pistas mais mencionadas era a China, mas nenhuma prova robusta permitia verificar essa teoria.
"Sempre fui fascinado pela peste negra e um dos meus sonhos era resolver o mist�rio de suas origens", explicou o historiador especialista em cat�strofes Phil Slavin, um dos autores do estudo, em coletiva de imprensa.
Este professor da Universidade de Stirling (Esc�cia) conhecia a exist�ncia de dois s�tios funer�rios medievais perto do lago de Issyk-Kul, no Quirguist�o, que haviam sido explorados no fim do s�culo XIX.
Uma centena das cerca de 400 l�pides tinham datas precisas, entre 1338 e 1339. O epit�fio mencionava uma el�ptica "morte por pestil�ncia" em sir�aco.
Esses ind�cios apontavam para uma mortalidade acima do normal no seio de uma comunidade, sete ou oito anos antes de a peste negra chegar � Europa.
Para descobrir a causa dos falecimentos, os investigadores obtiveram o DNA das arcadas dent�rias pertencentes a sete esqueletos.
"A polpa dental � uma pista apreciada, porque � uma �rea muito vascularizada que oferece grandes probabilidades de detec��o de pat�genos no sangue", explicou � AFP Maria Spyrou, da Universidade de Tubingen, na Alemanha, outra autora do estudo.
O DNA p�de ser sequenciado (um trabalho extremamente dif�cil porque estava muito fragmentado) e depois foi comparado com uma base de dados que continha o genoma de milhares de bact�rias.
O veredicto: os corpos haviam sido infectados com a bact�ria Yersinia pestis, o bacilo respons�vel pela peste negra.
Esta comunidade foi, portanto, v�tima da mesma pandemia que depois assolou toda a Europa anos mais tarde.
Al�m disso, as an�lises do genoma da Yersinia pestis revelaram que se tratava de uma cepa ancestral da bact�ria, a que se encontra na base da "�rvore gen�tica" da peste.
Os cientistas associam precisamente a apari��o da peste negra na Europa a um "Big Bang" gen�tico durante o qual as bact�rias que eram a cepa original da peste, transportadas pelas pulgas de roedores, se diversificaram maci�amente. Esse acontecimento ocorreu na primeira metade do s�culo XIV.
As cepas descobertas no Quirguist�o se encontram "no cora��o dessa diversifica��o maci�a", o que indica que essa regi�o do C�ucaso foi o ponto de partida, explicou Maria Spyrou.
"N�o somente encontramos o ancestral da morte negra, mas tamb�m o das cepas da peste que circulam atualmente pelo mundo", acrescentou Johannes Krause, do Instituto Max Planck.
Os roedores que vivem atualmente na regi�o de Tien Shan s�o portadores de uma cepa da bact�ria muito pr�xima das que vitimaram os humanos nos anos de 1338 e 1339.
Os habitantes dessa regi�o eram comunidades crist�s, bastante diversas etnicamente (mong�is, uigures, etc.), que faziam com�rcio por longas dist�ncias, conforme indicam objetos funer�rios encontrados na regi�o: p�rolas do Pac�fico, corais do Mediterr�neo, vestidos de seda, entre outros.
"Viviam no cora��o das rotas da seda, certamente viajaram muito, o que contribuiu para a expans�o da epidemia atrav�s do Mar Negro", acrescentou Phil Slavin.
At� o momento, n�o foi poss�vel erradicar a peste: milhares de pessoas contraem a doen�a, em particular na �sia Central. Nas montanhas de Tien Shan, as marmotas constituem o principal reservat�rio animal da doen�a.
Contudo, gra�as aos antibi�ticos e ao desenvolvimento da higiene, a pandemia � um fen�meno limitado.
PARIS