Em sua terceira tentativa chegar � Presid�ncia, Petro derrotou as elites que sempre questionou e o milion�rio Rodolfo Hern�ndez, de 77 anos, que disputou com ele a bandeira da mudan�a na reta final da elei��o.
M�ope desde crian�a, Petro descreve a si pr�prio como "um revolucion�rio obstinado".
Nascido em uma fam�lia de classe m�dia, de pai conservador e m�e liberal, e educado por padres lassalistas, formou-se economista.
Orador habilidoso, em sua vida pol�tica sempre levantou as bandeiras da mudan�a e da ruptura com as for�as que tradicionalmente governaram a Col�mbia.
Sua ascens�o assusta os setores conservadores, pecuaristas e parte do empresariado e dos militares, que temem que seu governo seja um "salto no vazio" ou um esquerdista que levar� o pa�s a um socialismo falido.
Outros, mais moderados, n�o embarcam em seu messianismo. "Ele se acha predestinado (...) a �nica pessoa que pode salvar a Col�mbia", resumiu uma fonte pr�xima que falou ao portal independente La Silla Vac�a.
Durante a campanha, Petro se apresentou como um progressista antes de um esquerdista na tentativa de evitar ser associado a uma corrente que causa rep�dio em um pa�s com guerrilhas marxistas no centro de um conflito armado de seis d�cadas.
Mas seu passado na luta armada o persegue. Por 12 anos se rebelou contra o Estado que agora pretende reformar fundamentalmente. Hoje as armas oficiais o protegem.
V�rias vezes amea�ado de morte e for�ado a um ex�lio de tr�s anos na Europa, Petro teve que se blindar para seus discursos eleitorais com um colete � prova de balas, escudos e pelo menos 20 guarda-costas no palanque.
Casado com Ver�nica Alcocer e pai de seis filhos, Petro admitiu em fevereiro em entrevista � AFP o medo de ser assassinado.
- O moderado -
Petro militou no M-19, uma guerrilha nacionalista de origem urbana que assinou a paz em 1990. Admirador fervoroso do Pr�mio Nobel Gabriel Garc�a M�rquez, na clandestinidade adotou o nome Aureliano, em homenagem ao personagem de "Cem Anos de Solid�o".
Foi detido e torturado pelos militares e ficou preso por um ano e meio. Sempre foi um combatente "med�ocre", de acordo com seus ex-companheiros de armas.
Em sua biografia, destaca: "Nunca senti, ao contr�rio de muitos de meus companheiros, uma voca��o militar (...) o que eu queria era fazer a revolu��o".
Sua "op��o preferencial pelos pobres", sustenta, n�o prov�m do marxismo, mas da teologia da liberta��o.
Candidato pelo Pacto Hist�rico, endossa a defesa do meio ambiente. Ele prop�e parar a explora��o de petr�leo (cujo com�rcio representa 4% do PIB) em uma "transi��o" para as energias limpas.
Petro quer fortalecer o Estado e cobrar mais impostos dos ricos. Antes do segundo turno, mostrou-se um pol�tico moderado, pr�ximo do povo e do feminismo.
"Quando subia em um palanque e falava por uma hora e meia (...), o que fazia era aprofundar em detalhes seu modelo econ�mico (...) e isso se torna um pouco sofisticado", admite Alfonso Prada, diretor de debates do esquerdista.
Diante dos temores que desperta, Petro prometeu que n�o tentar� a reelei��o por reforma constitucional, nem vingan�as pessoais, e que respeitar� a propriedade privada.
"Digo enfaticamente que nunca pensei, nem vou pensar em confiscar ou menosprezar" os bens, afirmou.
Sua filha, Sof�a, assegura que Petro "� um homem em desconstru��o".
- Impetuoso -
Seu programa de governo tamb�m prop�e reformar a pol�cia, envolvida em viola��es dos direitos humanos, e regular as promo��es no �mbito das For�as Militares, que considera classistas. Petro ser� o primeiro ex-guerrilheiro �s quais as tropas v�o jurar lealdade.
Depois de assinar a paz, Petro chegou ao Congresso em 1991 e depois � prefeitura de Bogot� em 2012-2015.
Como parlamentar, destacou-se por denunciar os v�nculos entre pol�ticos e os paramilitares de extrema direita, mas como prefeito ganhou fama de autorit�rio e mau administrador por seu plano ca�tico de estatizar a coleta de lixo, ent�o nas m�os de particulares.
Daniel Garc�a-Pe�a, assessor de Petro na �poca e que se distanciou dele por causa de seu "despotismo", ainda se lembra de suas "dificuldades em trabalhar em equipe", embora reconhe�a seu conhecimento do pa�s e sua intelig�ncia.
Ele tem "um temperamento muito impetuoso e autorit�rio, e quando insistiu em realizar suas propostas (...), n�o soube conciliar os diferentes setores para coloc�-las em pr�tica. Travou muitas brigas ao mesmo tempo e isso gerou muita frustra��o nas metas que ele mesmo tinha tra�ado", disse o professor universit�rio � AFP.
Petro, o moderado, ganhou, no entanto, "certa maturidade" e hoje � uma "pessoa mais serena, tranquila", argumentou uma fonte do entorno do presidente eleito, que falou � AFP sem se identificar.
BOGOT�