(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas BOGOT�

Petro � eleito o primeiro presidente de esquerda da Hist�ria da Col�mbia

Senador e ex-guerrilheiro venceu com 50,4% dos votos o milion�rio independente Rodolfo Hern�ndez, de 77 anos


20/06/2022 05:55 - atualizado 20/06/2022 08:05

Gustavo Petro presidente eleito da Colômbia
Gustavo Petro faz hist�ria na Col�mbia (foto: JOAQUIN SARMIENTO / AFP)
A Col�mbia elegeu neste domingo (19) o primeiro presidente de esquerda de sua Hist�ria, o senador e ex-guerrilheiro Gustavo Petro, que venceu o segundo turno com um discurso de ruptura e a promessa de transformar um pa�s em crise.

Petro, de 62 anos, venceu com 50,4% dos votos o milion�rio independente Rodolfo Hern�ndez, de 77 anos, que obteve 47,3% dos votos, segundo a apura��o oficial. Petro elegeu-se com uma vantagem de 716.201 votos.

"A partir de hoje a Col�mbia muda, uma mudan�a real que nos leva a algumas propostas que fizemos destas pra�as: a pol�tica do amor (...), uma pol�tica do entendimento e do di�logo", disse Petro, l�der da oposi��o, em seu discurso da vit�ria.

Hern�ndez, um "outsider" sem partido pol�tico, admitiu rapidamente sua derrota, aplacando o temor de protestos diante de um desenlace apertado. Durante o dia eleitoral, marcado pela tens�o, Petro ati�ou as suspeitas de fraude.

Mas, quando foi anunciada sua vit�ria, no centro de Bogot�, milhares de simpatizantes, a maioria jovens, explodiram de alegria.

"Comemoro porque, enfim, vamos ter uma mudan�a, isto � algo que os territ�rios esperavam (...) Isto demonstra que h� esperan�a", disse � AFP Lusimar Asprilla, uma acad�mica afro de 25 anos.

Com a elei��o de Petro, uma Col�mbia claramente dividida entra em uma nova era pol�tica, sem um governo dos partidos tradicionais, derrotados no primeiro turno, tamb�m vencido por Petro.

A ambientalista Francia M�rquez, de 40 anos, tamb�m far� hist�ria como a primeira vice-presidente negra da hist�ria da Col�mbia.

Em declara��es � R�dio Caracol, M�rquez fez um aceno � "reconcilia��o" ap�s as elei��es.

"O grande desafio que todos os colombianos temos � a reconcilia��o (...) Em meio �s diferen�as, podemos construir uma na��o que olha para frente, uma na��o pr�spera", disse M�rquez.

Petro suceder� o conservador Iv�n Duque a partir de 7 de agosto para um mandato de quatro anos.

Em uma transmiss�o ao vivo pelo Facebook, Hern�ndez, seu advers�rio no segundo turno, aceitou o resultado. "Desejo ao doutor Gustavo Petro que saiba comandar o pa�s, que seja fiel ao seu discurso contra a corrup��o", disse.

Da m�o de seu futuro presidente, a Col�mbia tamb�m embarca ineditamente no trem da esquerda que a cada tanto passa pela Am�rica Latina. L�deres da regi�o saudaram sua vit�ria.

"Felicito calorosamente os companheiros @petrogustavo, @FranciaMarquezM e todo o povo colombiano pela importante vit�ria nas elei��es deste domingo. Desejo sucesso a Petro em seu governo. A sua vit�ria fortalece a democracia e as for�as progressistas na Am�rica Latina", tuitou o ex-presidente brasileiro Luiz In�cio Lula da Silva, considerado favorito nas pesquisas para as elei��es presidenciais de outubro.

"Trabalharemos juntos pela unidade do nosso continente nos desafios de um mundo que muda velozmente", escreveu o presidente chileno, Gabriel Boric.

Duas Col�mbias

Petro chegou � Presid�ncia com a maior participa��o eleitoral deste s�culo: 58% dos 39 milh�es de eleitores foram convocados a votar em um pa�s onde o voto n�o � obrigat�rio.

No Congresso, ele contar� com uma bancada importante, mas sem garantir maiorias.

A esquerda venceu ap�s os protestos maci�os e sangrentos de 2019, 2020 e 2021, nos quais jovens que exigiam mais oportunidades de estudo e trabalho foram duramente reprimidos.

Naquelas ocasi�es, as ruas j� refletiam um profundo mal-estar com o abismo entre ricos e pobres. A Col�mbia � o segundo pa�s mais desigual da regi�o, depois do Brasil, segundo a Comiss�o Econ�mica para a Am�rica Latina e o Caribe.

Com a pandemia, agravou-se a pobreza, que hoje atinge 39% dos 50 milh�es de colombianos. O desemprego beira os 11% e a informalidade, os 45%.

Entre os outros desafios que o novo governo ter� que enfrentar est� o narcotr�fico e a viol�ncia associada, com v�rios grupos armados espalhando-se pelo territ�rio.

Em seu discurso, Petro fez alus�o �s divis�es e ferimentos deixados por uma campanha agressiva.

"A mudan�a consiste precisamente em deixar o �dio para tr�s; em deixar os sectarismos para tr�s. As elei��es mais ou menos mostraram duas Col�mbias, pr�ximas em termos de votos. N�s queremos que a Col�mbia, em meio � sua diversidade, seja uma Col�mbia", destacou.

Petro e Hern�ndez chegaram a esta elei��o com duas propostas de ruptura e mudan�a, mas com modelos opostos.

O presidente eleito prop�e fortalecer o Estado, transformar o sistema de sa�de e pens�es, e suspender a explora��o petroleira para dar espa�o �s energias limpas diante da crise clim�tica.

Tamb�m durante a campanha, anunciou que restabelecer� rela��es com a Venezuela, rompidas desde 2019, implementar� o acordo de paz de 2016 com as extintas Farc e dialogar� com o Ex�rcito de Liberta��o Nacional, a �ltima guerrilha reconhecida no pa�s.

E os militares?

Petro tamb�m ter� que vencer a resist�ncia de setores poderosos e das For�as Armadas, que ainda o criticam por seu passado de guerrilheiro apesar de ter assinado a paz em 1990.

Eles temem que suas reformas afetem a propriedade privada e conduzam o pa�s para um socialismo falido. Na campanha, o presidente eleito se comprometeu em cart�rio que n�o expropriar� bens, e mais adiante assegurou que tampouco ir� reformar a Constitui��o para se manter no poder.

Ele tem uma "personalidade que muitos associam com a intransig�ncia, a teimosia e um ego que limita o di�logo", alerta a cientista pol�tica da Universidade Javeriana Patricia Mu�oz.

Petro, no entanto, insistiu que, como presidente eleito, n�o vai expropriar nem destruir a propriedade privada.

"Vamos desenvolver o capitalismo na Col�mbia. N�o porque o adoramos, mas porque primeiro temos que superar a pr�-modernidade, o feudalismo, os novos escravismos", acrescentou.

Talvez uma das maiores expectativas est� em sua rela��o com os militares, que ter�o que jurar lealdade a um ex-guerrilheiro em um pa�s traumatizado por um conflito de seis d�cadas com os rebeldes de extrema esquerda no centro.

"A desconfian�a entre o presidente e os militares � significativa. Petro dever� escolher um ministro da Defesa que tenha o respeito e a confian�a" das tropas, destacou � AFP o analista Sergio Guzm�n, da consultoria Colombia Risk An�lisis.

Caso contr�rio, a transi��o ser� "um desastre", acrescentou.

Ap�s um mandato conflituoso � frente da prefeitura de Bogot�, Petro dever� demonstrar que � capaz de trabalhar em equipe para governar o pa�s e alcan�ar consensos.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)