"Eles v�o me torturar e depois me exibir na TV", acrescenta.
Islam, um dissidente refugiado na Pol�nia h� duas d�cadas, integrou em abril o batalh�o Xeque Mansur, fundado em 2014 ap�s a anexa��o da Crimeia e formado principalmente por veteranos das guerras da Chech�nia.
O grupo foi batizado com o nome de um comandante militar checheno contra a expans�o russa no C�ucaso no s�culo XVIII, para recordar que a sede de independ�ncia de seu povo � antiga.
Assim como Islam - cabe�a raspada e longa barba, como todos os colegas - "algumas centenas de homens" viajaram de maneira volunt�ria � Ucr�nia para ajudar Kiev e lutar contra Moscou.
- Prud�ncia -
Quantos s�o? Onde est�o? Como lutam? Islam, entrevistado em Zaporizhzhia ao lado de outros dois integrantes do grupo, n�o responde.
Tamb�m n�o revela sua identidade, para evitar repres�lias contra sua fam�lia, que permanece na Chech�nia.
De fato, do outro lado da linha de frente, h� outros chechenos, leais ao Kremlin e integrados aos comandos "Kadyrovtsy".
Estas mil�cias de reputa��o sinistra est�o mobilizadas no ex�rcito russo. Alguns citam 8.000 homens, n�mero imposs�vel de verificar.
"Queremos mostrar que nem todos os chechenos s�o como eles e que muitos consideram os russos agressores e invasores", argumenta Islam.
Para ele, a guerra de agora � "uma continuidade do que come�ou no C�ucaso".
Grozny, a capital da Chech�nia, sofreu o mesmo destino que Mariupol, quando foi arrasada h� mais de duas d�cadas pelas bombas russas.
A pequena rep�blica de maioria mu�ulmana foi devastada por duas guerras violentas.
A �ltima, iniciada por Vladimir Putin em 1999, acabou com a chegada ao poder em 2007 do tem�vel Ramzan Kadirov, um pr�-Moscou acusado de reprimir violentamente os cr�ticos.
- "Ensinar a guerra" -
Como consequ�ncia, 250.000 chechenos fugiram do pa�s e passaram a morar em v�rios pa�ses da Europa, na Turquia e nos Emirados �rabes Unidos.
"Decidi integrar o batalh�o para lavar a honra dos chechenos que Moscou tenta fazer passar por terroristas" explica Islam, que � solteiro e documenta na internet os crimes de guerra cometidos pela R�ssia, o que rende amea�as.
Ele segue as ordens do vice-comandante Mansur, de 40 anos, que exibe muitas cicatrizes.
"Dois dos nossos morreram, outros ficaram feridos. Mas o importante � estar aqui. Temos coisas para ensinar aos soldados locais", afirmou o vice-comandante.
Os chechenos, n�o oficialmente integrados ao ex�rcito ucraniano, est�o equipados com material recuperado do inimigo.
Eles s�o alimentados pela popula��o local, de maioria ortodoxa, que parece ter uma opini�o positiva sobre os chechenos.
"N�o estamos aqui para impor preceitos isl�micos, e sim para combater um inimigo comum e defender a liberdade", disse Mansur, para quem, no entanto, esta � "uma forma de jihad".
Como v�rios chechenos residentes na Europa se uniram nos �ltimos anos �s fileiras do Estado Isl�mico, as autoridades ucranianas foram durante muito tempo c�ticas sobre este tipo de apoio.
Alguns foram inclu�dos em uma lista de san��es por terrorismo por elementos pr�-R�ssia no poder, porque s�o procurados pela Interpol a pedido de Moscou.
"Mas tudo isso foi antes da invas�o. Agora a vis�o do governo (ucraniano) sobre n�s mudou", declarou Islam, que lembra que h� combatentes crist�os no batalh�o, atualmente considerado um "aliado".
A tal ponto que alguns ucranianos preferem se unir ao batalh�o, e n�o ao ex�rcito.
Este � o caso de Asadula, um atleta que se converteu ao Isl� e que afirma admirar estas "pessoas de honra e dignidade", apesar de tudo que sofreram.
"O desejo de independ�ncia e de justi�a � um exemplo para todos n�s", declara, orgulhoso de ter sido aceito por seus "irm�os de armas".
ZAPORIZHZHIA