Seis anos depois do pior atentado na capital francesa desde a Segunda Guerra Mundial, a Justi�a condenou nesta quarta-feira (29) � pris�o perp�tua sem condicional Salah Abdeslam, o �nico integrante vivo das c�lulas terroristas que mataram 130 pessoas.
Antes do in�cio da leitura do veredicto, a ampla sala de audi�ncias estava mais cheia do que nunca, com sobreviventes e familiares das v�timas espremidos nos bancos e distantes do sil�ncio do primeiro dia.
O presidente do tribunal, Jean-Louis P�ri�s, l� a senten�a em menos de uma hora. Para os 20 acusados, as penas v�o de dois anos de reclus�o at� a pris�o perp�tua, para seis deles sem condicional.
Ap�s suas �ltimas palavras, as primeiras partes civis come�am a deixar a sala entre l�grimas. "As penas s�o muito duras. N�o sair�o da pris�o t�o cedo. Vamos aproveitar o momento. Sinto muito al�vio", comenta Sophie.
A mulher abra�a David Fritz, um chileno que tamb�m sobreviveu ao ataque cometido em 13 de novembro de 2015 na casa de espet�culos Bataclan durante uma apresenta��o do grupo americano Eagles of Death Metal.
"Sinto que cresci. � importante ver como a justi�a foi feita. Era necess�rio", garante Fritz.
- 'Reconstru��o' -
Para Bruno Poncet, "� um verdadeiro al�vio que o processo tenha terminado". "Vim quase todos os dias. Nem sempre foi f�cil. H� um medo do vazio hoje, mas � o momento de sair dele", assegura.
Esse sobrevivente considera que "algumas penas podem parecer um pouco duras" e teme que isso acabe criando "monstros" nas pris�es j� "superlotadas" na Fran�a.
No interior da sala de audi�ncias, habilitada na sala de passos perdidos para este julgamento hist�rico, as partes civis tardam a sair, algumas parecem muito emocionadas.
Alguns sobem nos bancos de madeira para olhar para o banco dos r�us. Por sua vez, os tr�s acusados que respondem em liberdade, e que sair�o livres, exibem seu sorriso e seu al�vio, rodeados pelas v�timas, como durante grande parte do processo.
Philippe Duperron, presidente da associa��o 13Onze15, considera que a "repara��o" �s v�timas "consistia essencialmente na realiza��o do julgamento, na possibilidade de falar, de expressar sua dor e seu sofrimento".
"Agora, isso depende de cada um. Alguns precisavam desta pena" de pris�o, assegura.
Para seu hom�logo da Life For Paris, Arthur D�nouveaux, "o caminho para enfrentar este horror foi o da reconstru��o em grupo e n�o individualmente".
Antes de sair, os sobreviventes e os familiares das v�timas falam pela �ltima vez com a imprensa, alguns sorridentes.
Outros imortalizam com uma foto, com um beijo, juntos no final de dez meses de processo. Muita gentileza emerge de suas conversas, que muitos continuar�o nos dois bares em frente ao Pal�cio de Justi�a nesta noite de ver�o.
PARIS