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Estado de Minas SAN ANTONIO

San Antonio, cidade na linha de frente da onda migrat�ria no sul dos EUA


30/06/2022 10:09

Dezenas de migrantes fazem fila do lado de fora de um abrigo no centro de San Antonio, Texas. A maioria s�o homens jovens, embora tamb�m existam mulheres solteiras ou com filhos. Durante horas procuraram abrigo da chuva e, ao p�r-do-sol, esperam poder jantar e dormir debaixo de um teto.

Como eles, milhares de pessoas passam por esta cidade todos os anos depois de percorrer os quase 240 km que a separa da fronteira com o M�xico.

Uma primeira etapa que certamente os levar� a outras localidades dos Estados Unidos em busca de um futuro melhor.

Edwin S�nchez � um dos primeiros da fila. Ele deixou sua Venezuela natal em 12 de maio, est� em San Antonio h� cinco dias e espera chegar em breve a Nova York, onde um conhecido lhe prometeu um emprego.

"Estamos esperando ajuda. Com um bico de um ou dois dias, poderei pagar minha passagem", diz.

Esse homem de 42 anos entrou nos Estados Unidos atrav�s de um posto fronteiri�o apesar do T�tulo 42, medida promovida pelo ex-presidente Donald Trump que permite a deporta��o de migrantes sem processar seu pedido de asilo, a pretexto da pandemia de covid-19.

A aplica��o desta norma tem sido desigual: quase n�o � usada para expulsar venezuelanos e cubanos, mas � usada para mexicanos e centro-americanos que, com frequ�ncia, tentam entrar nos Estados Unidos ilegalmente.

Seja qual for o caminho usado para cruzar a fronteira, se passaram pelo nordeste do M�xico, h� uma boa chance de que passem por San Antonio, uma cidade de quase 1,5 milh�o de pessoas.

- "Passagem perfeita" -

A cidade tem um aeroporto, uma rodovi�ria e est� bem conectada ao resto do pa�s, explica Roger Enriquez, professor associado de criminologia da Universidade do Texas em San Antonio.

"Fica no cruzamento de duas grandes rodovias: a I-10, que liga a Calif�rnia � Fl�rida, e a I-35, que vai da fronteira sul de Laredo at� Minnesota ao norte. � um ponto de passagem perfeito", aponta.

Esse local tamb�m atrai traficantes de pessoas, que aproveitam o fato de 63% da popula��o de San Antonio ser hisp�nica para n�o serem notados, diz o professor.

Diante da chegada di�ria de migrantes, v�rias associa��es est�o mobilizadas para tentar ajud�-los. Coraz�n Ministries, que administra o albergue no centro da cidade, � uma.

O abrigo abre suas portas todos os dias das 19h �s 8h e oferece jantar e cama para os migrantes necessitados, diz sua diretora, Monica Sosa.

Perto dali, pouco antes da abertura, um punhado de volunt�rios monta pequenas camas de acampamento com o logotipo da Cruz Vermelha americana.

Em princ�pio, o local pode receber cerca de 150 pessoas, mas sempre h� mais, �s vezes at� 400, e muitos acabam dormindo no ch�o ou em um parque pr�ximo.

"Os recursos s�o muito limitados. Precisamos de mais apoio", diz Sosa.

A associa��o, que � financiada com recursos estaduais e municipais, ajuda alguns migrantes com o custo de suas passagens, mas gostaria de fazer mais.

- "Sabem o que os esperam" -

Austin Hern�ndez, um hondurenho de 20 anos, est� em San Antonio h� quatro dias e ainda n�o conseguiu dormir no abrigo. Esperando na fila, lamenta a falta de ajuda, mas n�o perde a esperan�a de chegar ao seu destino, Austin, a apenas 130 km.

"A estrada foi muito dif�cil. Fui agredido, pedi o que comer na rua e me negaram. Passei frio e dormi nas montanhas", recorda sobre sua viagem de Honduras.

O jovem afirma que chegou sem a ajuda de coiotes, mas �s vezes o desespero e o aumento da seguran�a na fronteira levam os migrantes a colocar suas vidas nas m�os de contrabandistas.

A morte de 53 pessoas em um caminh�o abandonado em San Antonio na segunda-feira � um lembrete dos riscos associados a algumas viagens muito lucrativas para os cart�is.

"Estima-se que os coiotes cobram entre oito e 10 mil d�lares por pessoa e podem colocar at� 100 pessoas em um caminh�o. � um lucro de um milh�o", explica o professor Enriquez.

"Fico surpreso que n�o haja mais trag�dias devido ao perigo e aos riscos assumidos", acrescenta.

Hern�ndez sempre teve consci�ncia do perigo de sua viagem, mas queria chegar aos Estados Unidos para trabalhar e enviar dinheiro para sua fam�lia.

"Voc� sabe o que te espera", diz.


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