"O governo angolano informa, com grande pesar e consterna��o, o falecimento de Santos", afirma um comunicado divulgado no Facebook.
O Executivo angolano "se curva, com o maior respeito e considera��o", diante desta figura "hist�rica" que "presidiu com clareza e humanismo o destino da na��o angolana durante anos muito dif�ceis", acrescenta o comunicado.
Seu sucessor � frente deste Estado africano lus�fono rico em petr�leo, o atual presidente Jo�o Louren�o, decretou cinco dias de luto em sua mem�ria, a partir de s�bado (9).
No in�cio do m�s, a fam�lia de Dos Santos havia informado que o ex-chefe de Estado sofreu uma "parada card�aca" em 23 de junho e estava hospitalizado na UTI desde ent�o.
No in�cio da semana, uma de suas filhas, Tchiz� dos Santos, apresentou uma den�ncia � pol�cia por uma suposta tentativa de assassinato do pai.
"A filha do ex-presidente de Angola Jos� Eduardo dos Santos, que est� hospitalizado na cl�nica Teknon de Barcelona em coma induzido, apresentou (...) uma den�ncia para que se investigue a suposta pr�tica do crime de tentativa de homic�dio", informaram os dois escrit�rios de advocacia de Barcelona que assessoram a filha do ex-presidente.
Tchiz� dos Santos citou como respons�veis pelo agravamento do estado de sa�de do pai Ana Paula, mulher do ex-presidente, e seu m�dico particular, segundo fontes pr�ximas. Nesta sexta-feira, pediu que o corpo de seu pai seja submetido a uma necropsia.
"O corpo do ex-presidente deve ser conservado e n�o deve ser entregue antes de passar por uma necropsia, por medo de que seja transferido para Angola", afirmou nesta sexta em nota enviada � AFP.
Nascido em um bairro de periferia, Dos Santos, um dos l�deres africanos que se mantiveram no poder por mais tempo, foi acusado de se aproveitar dos recursos do pa�s em benef�cio pr�prio.
Este ex-revolucion�rio marxista deixou a Presid�ncia do pa�s, um dos mais pobres da �frica, em 2017.
- Controle total -
Ao chegar ao poder em 1979, a Angola estava h� quatro anos imersa em uma sangrenta guerra civil ap�s a independ�ncia de Portugal. O balan�o � de pelo menos meio milh�o de mortos em 27 anos de conflito.
Ap�s o cessar-fogo de 2002, Jos� Eduardo dos Santos transformou Angola no primeiro produtor de petr�leo do continente, em concorr�ncia direta com a Nig�ria.
Dos Santos, que mal aparecia em p�blico, manteve um controle r�gido sobre seu partido, o Movimento de Liberta��o de Angola (MPLA), e por quase quatro d�cadas imp�s seu poder ao Governo, ao Ex�rcito, � Pol�cia e ao Judici�rio.
Sob sua gest�o, a censura foi praticada na m�dia, e as poucas manifesta��es contra ele foram duramente reprimidas.
Dos Santos nasceu em 28 de agosto de 1942 no Sambizanga, bairro pobre de Luanda, foco do movimento de independ�ncia de Angola.
Filho de pedreiro, bolsista, estudou engenharia no Azerbaij�o e se casou com uma sovi�tica, Tatiana Kukanova, m�e de sua filha mais velha, Isabel (uma das mulheres mais ricas da �frica, segundo a Forbes).
Na d�cada de 1970, Dos Santos ingressou no Comit� Central do MPLA e se tornou o principal diplomata do pa�s, ap�s a independ�ncia em 1975. Quatro anos depois, foi nomeado chefe de Estado pelo partido.
Apesar das mudan�as na Constitui��o e das elei��es, ele nunca deixou o poder.
Depois de governar a ex-col�nia portuguesa durante 38 anos, Jos� Eduardo dos Santos designou o ex-ministro da Defesa Jo�o Manuel Gon�alves Louren�o como seu sucessor, em 2017. Aquele que foi seu fiel aliado iniciou, por�m, uma campanha para recuperar os milh�es de d�lares que Santos supostamente teria desviado para enriquecer sua fam�lia.
LUANDA