Este ano, cerca de 200.000 hectares queimaram na Espanha, segundo o sistema europeu de informa��o sobre inc�ndios florestais, o pior recorde do continente, � frente da Rom�nia (149.264 ha) e Portugal (48.106 ha).
A propaga��o do inc�ndio depende "da topografia, do clima e da vegeta��o", explica M�nica Parrilla, do Greenpeace Espanha, uma das organiza��es ambientais que foram recebidas na quinta-feira pelo presidente do Governo, Pedro S�nchez, para discutir principalmente a preven��o dos inc�ndios.
Pouca chuva por meses, temperaturas extremas e ventos fortes. "Neste momento temos o cen�rio perfeito para inc�ndios de alta intensidade", diz Parrilla. E a �nica vari�vel em que se pode intervir � a vegeta��o.
"Quando a vegeta��o est� seca" torna-se "combust�vel" para os inc�ndios e "o que podemos fazer � agir sobre esse combust�vel", explica Parrilla, citando como exemplos limpar o mato, fazer um "corta-fogo" e queimadas controladas (destrui��o preventiva de ervas, galhos e madeira morta).
- �rvores mais resilientes -
No entanto, para "conter" o fogo, "� preciso tamb�m gerar uma massa (florestal) mais irregular e diversificada, porque � isso que vai garantir que essa massa florestal seja muito mais forte e resiliente", ao contr�rio da atual, composta principalmente por pinheiros inflam�veis e eucaliptos, afirma.
Em Portugal, especialistas e ambientalistas apelam tamb�m � planta��o de esp�cies nativas mais resistentes ao fogo, como castanheiros, carvalhos, medronheiros ou sobreiros.
Muito extensa (36% do seu territ�rio, segundo o Banco Mundial, semelhante � Espanha), a massa florestal portuguesa � composta por um quarto de eucaliptos, muito cobi�ados pela poderosa ind�stria papeleira do pa�s, mas geralmente destacados pelo seu papel na propaga��o de inc�ndios.
Neste pa�s, traumatizado pelos inc�ndios de 2017 e pelas centenas de mortos que deixaram, 83% dos terrenos queimados entre 2011 e 2020 foram plantados com pinheiro-bravo e eucalipto, segundo o Instituto de Conserva��o da Natureza e das Florestas (ICNF).
"Uma verdadeira pol�tica de preven��o permitiria, por exemplo, incentivos econ�micos para pequenos produtores, para que eles possam esperar v�rios anos para que essas �rvores mais resistentes se tornem rent�veis e n�o recorram sistematicamente ao eucalipto", avalia Marta Leandro, vice-presidente da associa��o para a defesa do meio ambiente Quercus.
- �xodo rural -
Na Espanha, com em boa parte do seu territ�rio denominado "Espanha Vazia" depois de ter sofrido um processo de despovoamento, o �xodo rural tem um impacto muito negativo na manuten��o da massa florestal.
De fato, os inc�ndios mais devastadores dos �ltimos dias ocorreram nessas regi�es, como Castilla y Le�n e Extremadura. Um problema que tamb�m aflige Portugal.
Muitos campos est�o abandonados, as florestas s�o mal cuidadas e o mato n�o � limpo. Os propriet�rios est�o velhos demais para continuar esses trabalhos e os rebanhos, que costumavam conter a vegeta��o, s�o bem menos numerosos.
Seria necess�rio reduzir drasticamente a vegeta��o seca para 10 toneladas por hectare, ou seja, 1 kg por m2, nas �reas mais cr�ticas, considera Javier Madrigal, do Instituto Nacional de Pesquisa e Tecnologia Agr�cola e Alimentar (INIA).
A ministra espanhola da Transi��o Ecol�gica, Teresa Ribera, destacou na quinta-feira a import�ncia da "presen�a do homem (...) nas �reas rurais", pessoas que sejam "os verdadeiros guardi�es do territ�rio e, portanto, ativos na preven��o dos inc�ndios".
O ministro do Interior portugu�s, Jos� Luis Carneiro, falou em "aproveitar o desenvolvimento rural no combate aos inc�ndios".
MADRI