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Estado de Minas MUSA QALA

Afeganist�o afunda na pobreza e na doen�a ap�s retorno do Talib�


10/08/2022 08:32

As salas lotadas do hospital em ru�nas do distrito de Musa Qula, no sul do Afeganist�o, s�o um dos s�mbolos da dram�tica crise humanit�ria no pa�s, um ano ap�s a volta ao poder dos talib�s.

No m�s passado, este hospital na prov�ncia de Helmand foi for�ado a fechar suas portas, exceto para pessoas suspeitas de estarem infectadas com c�lera.

A enfermaria rapidamente se viu lotada de pacientes ap�ticos.

Embora a cl�nica n�o tenha o material necess�rio para diagnosticar a c�lera, cerca de 550 pacientes apareceram em poucos dias.

"� muito dif�cil", diz � AFP Ehsanullah Rodi, diretor do hospital, exausto pela situa��o e sem dormir mais de cinco horas por dia.

"N�o vimos nada parecido no ano passado, ou antes", garante.

O Talib� tomou o poder no Afeganist�o em 15 de agosto, aproveitando a retirada apressada das for�as estrangeiras lideradas pelos Estados Unidos.

Desde ent�o, a viol�ncia diminuiu, mas a crise humanit�ria se agravou rapidamente.

- "Nem p�o seco" -

A pobreza, que � mais aguda no sul do pa�s, atingiu um n�vel desesperador, acentuada pela seca e pelo aumento dos pre�os desde a invas�o da Ucr�nia pela R�ssia.

"Como o Emirado (Talib�) est� no poder, n�o conseguimos encontrar nem �leo", lamenta uma mulher em um leito de hospital em Lashkar Gah, capital da prov�ncia de Helmand, junto com seu neto de seis meses que sofre da desnutri��o.

"Os pobres morrem esmagados aos seus p�s", acrescenta esta mulher de 35 anos, com o rosto escondido atr�s de um v�u, sobre o Talib�.

Seu neto recebe tratamento pela quinta vez no Hospital Boost, um amontoado de pr�dios administrado em conjunto pelo Minist�rio da Sa�de afeg�o e M�dicos Sem Fronteiras (MSF).

"N�o conseguimos nem p�o seco", se desespera Breshna, m�e de outro paciente. "N�o comemos nada h� tr�s ou quatro dias".

A equipe "n�o tem descanso", diz Homeira Nowrozi, vice-supervisora de enfermagem.

"Temos muitos pacientes que chegam em estado cr�tico" porque os pais n�o puderam viajar mais cedo, explica.

"N�o sabemos quantas mortes (...) temos nos distritos" porque muitas pessoas "n�o v�m ao hospital", acrescenta Nowrozi, que luta para ser ouvida em meio aos gritos e choros das crian�as.

- Ajuda humanit�ria interrompida -

Embora os problemas econ�micos tenham come�ado muito antes do retorno do Talib�, a mudan�a de poder colocou o pa�s de 38 milh�es de pessoas � beira do precip�cio.

Os Estados Unidos congelaram os US$ 9,5 bilh�es em ativos do Banco Central, o setor financeiro entrou em colapso e a ajuda externa, que representava 45% do PIB do pa�s, foi subitamente cortada.

"Como voc� presta ajuda a um pa�s cujo governo voc� n�o reconhece?", diz Roxanna Shapour, da Rede de Analistas do Afeganist�o (AAN).

A ajuda humanit�ria diante de crises como o terremoto de junho, que matou mais de 1.000 pessoas e deixou dezenas de milhares desabrigados, � simples porque � "apol�tica, � uma ajuda vital", explica.

Fundos tamb�m foram enviados para financiar ajuda alimentar e cuidados de sa�de.

Mas para projetos de longo prazo � mais complexo.

"Se voc� chega e diz: 'vou pagar os sal�rios dos professores', isso � �timo", diz Shapour. "Mas ent�o o que o Talib� far� com o dinheiro que n�o gastar com os sal�rios dos professores?", continua.

Em Musa Qala, a economia parece mal subsistir com consertos de motocicletas, venda de ossos de aves e bebidas energ�ticas mantidas em freezers sujos.

- Situa��o melhor -

A cidade, testemunha de alguns dos cap�tulos mais sangrentos da guerra de 2001-2021, est� ligada a Lashkar Gah por uma trilha que sobe o leito seco de um rio.

A estrada continua mais ao sul, em Sangin, onde as paredes de tijolos de barro foram t�o danificadas pelo fogo de artilharia que est�o afundando.

"Agora podemos ir ao hospital, dia ou noite", explica Maimana, cuja filha Asia, de 8 anos, est� sendo tratada em Musa Qala.

"Antes havia combates e minas", lembra.

O fluxo de novos pacientes significa que h� "menos espa�o" e "menos funcion�rios, o que � dif�cil", diz � AFP o diretor de sa�de p�blica de Helmand, Sayed Ahmad.

No entanto, esse m�dico de fala mansa, cujo consult�rio � decorado com livros de Medicina, insiste que "a situa��o global � melhor" do que sob o governo anterior, onde a corrup��o era abundante.

A bandeira do Talib� tremula em Helmand, hasteada em pr�dios crivados de balas.

Depois de duas d�cadas ansiando pelo controle do pa�s, o Talib� teve sucesso em um momento em que o pa�s est� falido.

"O uniforme do governo � grande demais para eles", diz um homem em Lashkar Gah, que pede para permanecer an�nimo.


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