A China continental est� a apenas alguns quil�metros da casa de Yang nas min�sculas Ilhas Kinmen, de onde ele pode ver o poderio militar que amea�a sua terra natal.
Na semana passada, Pequim lan�ou manobras militares sem precedentes em torno de Taiwan em resposta � visita da presidente da C�mara de Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, � ilha aut�noma que os comunistas consideram sua.
Com os navios chineses ocupando o Estreito de Taiwan e m�sseis voando sobre as �guas ao redor da ilha, o risco de conflito se tornou muito real.
Mas isso n�o intimidou Yang, embora essas ilhas de 140.000 habitantes estejam localizadas a apenas 3,2 quil�metros da cidade chinesa de Xiamen.
"N�o estou nervoso. Kinmen est� calma e serena", diz sorridente � AFP em uma pausa de sua rotina matinal de ler e passear pelo bairro.
Yang testemunhou o �ltimo bombardeio mortal da China nessas ilhas de Taiwan, as mais pr�ximas do continente, h� 60 anos. Em compara��o, essas manobras n�o s�o nada.
Em 1958, o ex�rcito comunista disparou mais de um milh�o de proj�teis contra Kinmen, matando 618 pessoas e ferindo mais de 2.600.
"O bombardeio foi mais estressante. Foi mais tenso na �poca", diz ele. "� dif�cil explicar a situa��o, se a China quer intimidar ou tem planos de atacar", continua.
- Estreitos la�os com o continente -
Apesar das lembran�as amargas do conflito e das tens�es cont�nuas, muitos moradores de Kinmen mant�m la�os com a China ap�s anos de com�rcio e viagens pelo estreito trecho de mar.
Taiwan suspendeu os servi�os de balsa para cidades chinesas devido a covid-19, mas Yang Shang-lin, que trabalha no setor de turismo, est� confiante de que Kinmen se abrir� para visitantes chineses em breve.
"Taiwan � mais livre e n�o queremos ser governados pela China", diz. "Mas temos que pagar as contas ao final do m�s", acrescenta.
Embora no passado as Ilhas Kinmen servissem como uma barreira natural � invas�o, a China agora pode facilmente contorn�-las com seu poderoso arsenal de m�sseis, aeronaves e porta-avi�es.
Para Yang, "a disparidade na for�a militar � muito grande", deixando Taiwan com pouca esperan�a de derrotar a China, especialmente considerando o tamanho de Kinmen e a proximidade com o continente.
"Eu n�o gostaria de ir para o campo de batalha porque n�o haveria chance de vencer", admite.
"Se houvesse uma guerra, eu lutaria", diz Huang Zi-chen, engenheiro civil de 27 anos.
"Nasci neste pa�s e tenho que estar nos bons e maus momentos", comentou � AFP durante uma pausa na supervis�o de um projeto de constru��o.
Estudante de 18 anos, James Chen � um dos poucos habitantes de sua idade que n�o deixou as ilhas para estudar ou trabalhar em cidades taiwanesas.
Para ele, o combate deveria ser uma quest�o de soldados profissionais.
"Acho que h� uma chance de 50% de que a China use a for�a contra Taiwan. Mas n�o temos controle sobre a China, devemos nos preocupar conosco", afirma.
E, em geral, a vida em Kinmen � normal. Seus moradores n�o correm para bunkers ou compram mantimentos em supermercados, mas se divertem cantando no karaok� ou jantando com os amigos.
No meio de um jogo de cartas com seus amigos em uma das ruas tranquilas de Kinmen, Cheng Hsiu-hua, de 73 anos, descarta um desembarque da China em suas costas.
"N�o, n�o temos medo. Eles n�o vir�o aqui", diz.
Se Pequim recorrer �s armas, o velho Yang preferiria aceitar uma reunifica��o pac�fica do que entrar em conflito. Mas, com a li��o aprendida com o bombardeio d�cadas atr�s, ele aconselha Pequim: "N�o fa�a guerra. A guerra traz sofrimento e mis�ria".
KINMEN