Produzir bichos de pel�cia ajudou sua fam�lia a manter a mente aberta durante os longos meses de ocupa��o russa em Kherson, no sul da Ucr�nia.
"Isto nos salvou", reconhece Natalia Nelybyna, sua m�e, de 68 anos.
A AFP entrevistou a fam�lia poucas horas depois de sua chegada a Zaporizhzhia, uma cidade sob controle ucraniano a 250 quil�metros de sua casa em Kherson.
Ap�s tr�s meses vivendo sob a ocupa��o russa, com alimenta��o escassa e sem acesso � internet ou a uma linha telef�nica, Iryna decidiu fugir com sua m�e e sua filha de 10 anos, Veronika.
As tropas russas assumiram o controle de quase toda a regi�o de Kherson nos primeiros dias da invas�o, que come�ou em 24 de fevereiro.
A cidade hom�nima de Kherson � uma das maiores controladas por Moscou na Ucr�nia.
As for�as ucranianas afirmam que que iniciaram um contraofensiva na regi�o e que reconquistaram dezenas de localidades, com ataques contra v�rias pontes para romper as redes log�sticas russas.
"Pedimos �s pessoas que saiam. As opera��es militares n�o podem acontecer sem que os civis sejam colocados em risco", afirmou no domingo o governante ucraniano de Kherson, Yaroslav Yanushevich, no centro de deslocados de Kherson em Zaporizhzhia.
"Teremos um inverno rigoroso e precisamos de ajuda para nos salvar do frio e do inimigo, que continuar� aumentando a press�o", disse a vice-primeira-ministra Iryna Vereshchuk.
As autoridades ucranianas afirmaram que no �ltimo m�s a cidade de Zaporizhzhia recebeu 24.000 habitantes de Kherson.
- "Medo" -
Durante a visita de Vereshchuk ao centro de refugiados, uma mulher come�ou a chorar.
"N�o chore", disse a vice-primeira-ministra, que abra�ou a mulher.
O centro, que recebeu o nome "Ia Kherson" ("Eu sou Kherson"), recebe centenas de pessoas, que podem dormir nos beliches ou descansar.
Anastasia Protasova, 25 anos, relembra sua vida durante a ocupa��o russa em Kherson, onde afirma ter visto cartazes com a frase "A R�ssia est� aqui para sempre".
"Continu�vamos encontrando corpos de civis afogados no rio. N�o sab�amos o que iria acontecer. N�o sab�amos se acabar�amos o dia com vida", afirma.
Autoridades russas anunciaram a inten��o de organizar um referendo para anexar Kherson � R�ssia, como j� aconteceu com a Crimeia em 2014.
Isto provocou a fuga de muitos ucranianos, segundo Kiev. Mas nem sempre � f�cil sair de Kherson.
Antes da guerra, a viagem entre Kherson e Zaporizhzhia durava apenas quatro horas. Agora � necess�rio um dia inteiro - alguns refugiados precisaram passar v�rios dias nos postos de controle russos.
Kateryna, 32 anos, explica que os soldados vasculharam todas as suas malas e verificaram computadores e fotografias.
"Eles fizeram perguntas, queriam saber por que eu estava saindo. Eu respondi porque tenho medo", disse.
Os soldados questionaram: "Do que voc� tem medo? N�o agimos em pessoas como voc�. Protegemos voc�".
"Permaneci em sil�ncio porque meu filho estava comigo", explica.
ZAPORIZHZHIA