Filhos menores de opositores presos na Nicar�gua sofrem 'traumas', denunciam fam�lias

Os filhos menores de opositores presos na Nicar�gua est�o sofrendo de ansiedade e depress�o, afastados h� um ano de seus pais e sem permiss�o para visit�-los, afirmaram familiares nesta quinta-feira (18).

Ao menos 19 filhos menores de idade enfrentam a aus�ncia de seus pais ou m�es, que est�o na pris�o, de diversas formas, mas a maioria tem "traumas" e transtornos de "ansiedade", al�m de "medo da pol�cia", disse em coletiva de imprensa virtual Ana �lvarez, parente de Tamara D�vila, uma das presas.

"Mam�e, n�o me lembro do seu rosto, j� s�o muitos dias sem te ver (...) Penso em voc� todos os dias (...) Aprendi as letras para escrever seu nome", diz uma carta atribu�da � filha de seis anos de D�vila, lida por um familiar.

A fam�lia compartilhou ainda um v�deo com desenhos feitos pela menina. As autoridades n�o permitiram que a m�e receba nada de sua filha, denunciaram.

Em um comunicado, os familiares pedem que sejam permitidas imediatamente a visita da crian�a e de todos os filhos dos opositores detidos, e que sejam garantidas chamadas telef�nicas semanais.

Alguns opositores, incluindo D�vila, haviam anunciado medidas extremas, como uma greve de fome, em protesto pelo impedimento de ver seus filhos.

Outro que adotou a medida foi o jornalista Miguel Mora, cujo filho, que tem defici�ncia, pede sua presen�a, de acordo com den�ncia anterior de sua esposa Ver�nica Ch�vez.

Em 2021, foram presos 46 opositores nos meses que antecederam as elei��es em que o presidente Daniel Ortega, um ex-guerrilheiro de 76 anos, obteve seu quarto mandato consecutivo.

Eles foram posteriormente condenados pela justi�a a at� 13 anos de pris�o, acusados de crimes como viola��o da soberania e lavagem de dinheiro.

A filha de Tamara D�vila, que presenciou a captura de sua m�e dentro de casa, padece de "um estado de ansiedade permanente e de medo constante" da pol�cia e de que outros familiares "desapare�am de sua vida", afirmou �lvarez.

Enquanto isso, no caso de Alejandra, filha do ex-aspirante � presid�ncia preso F�lix Maradiaga, "a ansiedade a levou a desenvolver gastrite", contou a m�e da menina, Bertha Valle.

"Para n�s, como pais, � devastador. H� problemas de aprendizagem, de crescimento e outros preju�zos, ainda que n�o sejam aparentes", declarou Valle.

Organiza��es de direitos humanos contabilizaram 190 opositores presos na Nicar�gua nos �ltimos anos.

Durante a coletiva, a presidente do Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh), Vilma N��ez, alertou que fazer greve de fome nas condi��es em que est�o esses presos representa "um risco muito grande", al�m de que pode gerar "mais repress�o contra eles".