O ex-procurador-geral Jes�s Murillo Karam foi preso em sua resid�ncia em um bairro de alto padr�o da Cidade do M�xico pelo "desaparecimento � for�a, tortura e crimes contra a administra��o da justi�a", no �mbito do chamado caso Ayotzinapa, informou o Minist�rio P�blico em comunicado.
Murillo Karam � o mais alto ex-funcion�rio p�blico detido pelo desaparecimento dos estudantes.
Procurador durante o governo do presidente Enrique Pe�a Nieto (2012-2018), Murillo Karam chegou a ser um nome de peso do Partido Revolucion�rio Institucional (PRI), que governou o M�xico durante 71 anos ininterruptos, at� dezembro de 2000.
Murillo Karam, que n�o resistiu � abordagem policial, permanecer� preso na capital, informou a presid�ncia. O PRI afirmou que a pris�o "responde mais a um assunto pol�tico do que de justi�a".
A captura ocorreu horas depois que o presidente Andr�s L�pez Obrador pediu para que fossem divulgados os nomes dos respons�veis pelo desaparecimento dos estudantes, ap�s a publica��o na quinta-feira do relat�rio de uma comiss�o governamental que investiga o caso desde 2019 e o considera um "crime de Estado".
O documento afirma que militares e funcion�rios p�blicos, por suas "a��es, omiss�es ou participa��o", permitiram o sequestro e a morte de 43 estudantes da escola normal de Ayotzinapa e mais seis pessoas por parte do cartel de narcotr�fico Guerreros Unidos.
"Revelar essa situa��o atroz, desumana, e ao mesmo tempo castigar os respons�veis, ajuda a n�o repeti-la. Que nunca mais ocorram esses eventos lament�veis em nosso pa�s", acrescentou L�pez Obrador na cidade de Tijuana.
N�o h� informa��es sobre a patente dos militares nem se seguem ativos.
Os familiares submeteram o documento a uma avalia��o do Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes (GIEI), criado por um acordo entre o governo de Pe�a Nieto e a Comiss�o Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), anunciou Vidulfo Rosales, advogado dos pais.
- For�as Armadas -
O desaparecimento dos jovens aconteceu entre a noite de 26 e a madrugada de 27 de setembro de 2014, quando eles se dirigiam at� a cidade de Iguala, estado de Guerrero, para pegar os �nibus nos quais viajariam para a Cidade do M�xico para participar de protestos.
Esse epis�dio constitui uma das piores viola��es de direitos humanos do M�xico e gerou uma forte condena��o internacional.
Na presen�a dos secret�rios de Defesa, Luis Cresencio Sandoval, e da Marinha, Jos� Rafael Ojeda, o presidente afirmou que a participa��o de "maus servidores p�blicos" nos fatos de Ayotzinapa n�o sup�e "o mau funcionamento de uma institui��o".
Para L�pez Obrador, as revela��es fortalecem o Ex�rcito. "O que debilita uma institui��o � que n�o se atue com apego � verdade e que haja corrup��o, impunidade", declarou. Em seu governo, iniciado em 2018, as For�as Armadas t�m desempenhado um papel de protagonismo.
- Investiga��o continua -
O relat�rio menciona "responsabilidades claras de elementos" das secretarias de Defesa e da Marinha que serviam na regi�o, mas alerta que � preciso investigar at� que ponto chegou essa participa��o.
"De nossa parte, o que est� garantido � n�o esconder nada, oferecer todas as informa��es e dar todas as facilidades para que se chegue ao fundo, como foi feito", prometeu L�pez Obrador, depois que a comiss�o independente acusou as autoridades em mar�o de se recusar a entregar os dados de intelig�ncia necess�rios para as investiga��es.
O GIEI sustenta que os militares manipularam provas em um dep�sito de lixo onde foram encontrados restos humanos, incluindo os dos �nicos tr�s estudantes identificados at� agora.
Os achados do grupo e a comiss�o governamental jogam por terra grande parte da chamada "verdade hist�rica" apresentada pelo governo de Pe�a Nieto, que n�o atribuiu responsabilidade aos militares.
De acordo com essa vers�o, os jovens foram detidos e entregues por policiais locais aos traficantes da Guerreros Unidos ao serem confundidos com membros de um cartel inimigo.
Ap�s serem baleados, seus restos foram incinerados e jogados no lix�o de Cocula, segundo a mesma tese, que � recha�ada pelos familiares, o governo de L�pez Obrador e o Escrit�rio do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.
O presidente anunciou que continuar� insistindo para que Israel extradite Tom�s Zer�n, ex-chefe da Ag�ncia de Investiga��o Criminal, que trabalhou sob as ordens de Murillo Karam.
M�XICO