Confira a seguir perguntas-chave sobre este sistema de vota��o, que tem provocado debate com vistas �s elei��es presidenciais de outubro.
- Como surgiram as urnas eletr�nicas?
O voto eletr�nico foi implementado em prol da simplifica��o e da rapidez, e em parte para combater as fraudes.
Os eleitores brasileiros votavam em c�dulas de papel, em que deviam marcar uma lacuna ou escrever o nome do candidato de sua prefer�ncia, dependendo do tipo de elei��o.
Em um pa�s com 14% de adultos analfabetos, o sistema apresentava v�rios problemas. As apura��es eram frequentemente ca�ticas e podiam demorar v�rios dias.
"Sempre tinha um problema na apura��o, a pessoa tinha uma caligrafia ruim, escrevia no lugar errado da c�dula, marcava o x fora do quadrado e o voto era nulo", explica � AFP o advogado Henrique Neves da Silva, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Tamb�m "tinha muita fraude antes da urna eletr�nica (...), um voto em branco de repente era preenchido no meio da apura��o".
Com ajuda do ex�rcito, especialistas em inform�tica, v�rios deles oriundos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), desenvolveram o primeiro modelo de uma urna eletr�nica, que foi usado em 57 cidades nas elei��es municipais de 1996.
A experi�ncia foi bem sucedida e as m�quinas foram usadas por 67% dos eleitores nas elei��es presidenciais de 1998. O voto em papel foi totalmente abolido nas elei��es seguintes.
O Brasil � um dos 23 pa�ses do mundo que usa urnas eletr�nicas em elei��es gerais, segundo o Instituto Internacional para a Democracia e a Assist�ncia Eleitoral (IDEA). Outros 18 as usam em elei��es regionais.
- Como as urnas eletr�nicas funcionam? -
Quando o eleitor digita o n�mero correspondente a seu candidato no teclado da urna, a m�quina exibe a foto do escolhido na tela. Basta clicar no bot�o verde para confirmar a escolha.
"� uma maquina simples que tem uma �nica fun��o: compilar os votos", diz Henrique Neves da Silva.
Um detalhe importante: a urna eletr�nica n�o � conectada � internet.
Ap�s o encerramento da vota��o, retira-se o cart�o de mem�ria de cada m�quina e o mesmo � levado a um posto local da justi�a eleitoral, que por sua vez transmite a informa��o ao sistema de contabiliza��o central em Bras�lia, atrav�s de uma rede independente da internet.
Em regi�es remotas, como a Amaz�nia, pode-se usar uma conex�o via sat�lite.
O resultado raramente demora mais de duas horas para ser conhecido em um pa�s continental com mais de 156 milh�es de eleitores inscritos.
- Qual a seguran�a do equipamento? -
O programa de contabiliza��o dos votos � atualizado a cada elei��o e pode ser auditado pelas autoridades eleitorais, pelo ex�rcito e por partidos pol�ticos.
Tamb�m s�o realizados testes de seguran�a na presen�a de especialistas, que fazem simula��es de manipula��o das urnas.
"No teste de seguran�a, a urna � literalmente desmontada, tiram todas as barreiras f�sicas, pode-se mexer no que quiser", com uma facilidade maior do que qualquer hacker, explica Silva.
Nunca foi constatada nenhuma falha significativa.
- Quais s�o as cr�ticas de Jair Bolsonaro? -
O presidente insiste, sem sustenta��o, que o sistema permite "fraudes".
Afirma, por exemplo, que deveria ter sido eleito no primeiro turno em 2018, ao inv�s de disputar o segundo, sem nunca ter apresentado prova alguma.
Em v�rias ocasi�es, amea�ou n�o respeitar o resultado das elei��es em 2022 se o sistema atual for mantido.
Bolsonaro n�o pede a volta da vota��o manual, mas gostaria que cada eleitor obtivesse um recibo impresso de seu voto. Ele tentou aprovar uma emenda constitucional neste sentido, mas a medida acabou sendo rejeitada no Parlamento em agosto de 2021.
Apesar de ser alvo de investiga��o por divulga��o de informa��es falsas sobre as urnas eletr�nicas, o presidente continua atacando o sistema eleitoral brasileiro, como fez durante uma reuni�o com embaixadores em Bras�lia.
No dia seguinte, a embaixada dos Estados Unidos elogiou o sistema eleitoral brasileiro, que "serve como modelo para as na��es do hemisf�rio e do mundo".
RIO DE JANEIRO