Ainda que com muitos questionamentos sobre as circunst�ncias do atentado - em que um homem apontou uma arma para o rosto da vice-presidente - e em meio a uma tens�o pol�tica que n�o cede, a C�mara se reuniu para repudiar o fato, com um apelo � conviv�ncia pac�fica.
"A Ilustre C�mara dos Deputados da Na��o expressa seu forte rep�dio � tentativa de magnic�dio. (...) Exigimos o pronto e completo esclarecimento e condena��o dos respons�veis por este lament�vel acontecimento, que mancha a vida na democracia. Exortamos � toda a lideran�a e � popula��o que busquem os caminhos que levem � paz social", disse o texto acertado no �ltimo minuto entre as bancadas parlamentares e votado por bra�os erguidos.
Apesar de aprovar o texto, os deputados do partido Pro (Proposta Republicana, do ex-presidente Mauricio Macri, principal da oposi��o de centro-direita) deixaram a sess�o sem qualquer pronunciamento.
"N�o queremos que este evento grav�ssimo seja usado com o objetivo de gerar mais divis�o, atribuir culpados e muito menos tornar-se uma plataforma para atacar a oposi��o pol�tica, o poder judici�rio e a m�dia", afirmaram em alus�o a reprova��es m�tuas sobre a alegada propaga��o do discurso de �dio.
Entre os opositores que permaneceram na sess�o, o deputado Mario Negri, do Partido Radical (social-democrata), lamentou "o discurso que aponta que o violento � o outro".
"� puro cinismo, � olhar a trave no olho alheio. N�o ajuda, n�o � sincero. � preciso um grande mea culpa para ter a dignidade de convocar um acordo para defender a democracia", disse Negri.
- Ataque -
O Senado, presidido pela pr�pria Kirchner, j� havia condenado formalmente o ataque na noite de quinta-feira, quando ocorreu.
Kirchner � acusada de suposta corrup��o durante seus dois mandatos presidenciais (2007-2015), em um julgamento que ela denuncia como persegui��o. O Minist�rio P�blico solicitou em 22 de agosto que ela fosse condenada a 12 anos de pris�o e inabilitada politicamente, o que exacerbou ainda mais a tens�o no ambiente pol�tico do pa�s.
Para chegar at� ela, o agressor se infiltrou em um grupo de apoiadores, que h� duas semanas esperavam por ela todas as noites na porta de sua casa em Buenos Aires para expressar sua solidariedade.
O autor do atentado, que foi imediatamente preso, � um homem de 35 anos, nascido no Brasil de m�e argentina e pai chileno. At� agora ele se recusou a depor perante a justi�a, que est� investigando se ele agiu sozinho ou teve algum tipo de apoio.
Para o cientista pol�tico Diego Reynoso, da Universidade San Andr�s, o ataque deve for�ar a classe pol�tica a reduzir a crescente polariza��o.
"Mas � dif�cil saber se isso ser� poss�vel com esse n�vel de ativa��o pol�tica de uns e de outros. Essa crispa��o n�o vai a lugar nenhum. N�o gera estabilidade, n�o resolve os problemas de infla��o ou emprego", afirmou � AFP.
Kirchner, de 69 anos, t�o amada por apoiadores do peronismo quanto detestada por opositores, continua exercendo grande influ�ncia e poder na Argentina, sete anos depois de deixar a presid�ncia e um antes das elei��es de 2023, sobre as quais ainda n�o demonstrou suas inten��es.
Na pr�xima semana, ter� in�cio a etapa de argumenta��es da defesa no julgamento de Kirchner e outras 12 pessoas por corrup��o. Estima-se que sua vez ser� no final de setembro.
A vice-presidente j� foi absolvida em v�rios casos, mas ainda enfrenta cinco processos judiciais.
BUENOS AIRES