Aos 37 anos, o 'tubar�o' de Baltimore constr�i uma nova carreira fora das piscinas. "Preferia ter a oportunidade de salvar uma vida do que ganhar uma nova medalha de ouro", explica Phelps � AFP no f�rum 'Demain le sport' (O esporte do amanh�).
Depois de anos escondendo sua depress�o, ele dedica sua nova vida � preven��o da sa�de mental de atletas.
"Muitos atletas ol�mpicos se suicidaram. N�o quero perder mais nenhum membro da minha fam�lia ol�mpica", afirma.
Foi em 2004, enquanto disputava os Jogos Ol�mpicos de Atenas, que Phelps come�ou a sofrer com a depress�o.
Na ocasi�o, ele ganhou oito medalhas, seis delas de ouro, dando in�cio a uma trajet�ria lend�ria que terminou nos Jogos do Rio em 2016. No total, foram 28 medalhas, sendo 23 douradas.
- 'N�o queria viver' -
"Disputar competi��es era o que eu mais gostava. Era um tubar�o, sentia o sangue na �gua e continuava", lembra. Phelps temia confessar que sofrer com a sa�de mental seria "um sinal de fraqueza que poderia dar uma vantagem aos advers�rios".
"Passei por um per�odo em que n�o queria continuar vivendo", confessa.
Envolvido na produ��o do document�rio 'O Peso do Ouro', sobre a sa�de mental dos atletas, Phelps mostra seu apoio � tenista japonesa Naomi Osaka e � ginasta americana Simone Biles, depois de ambas reconhecerem sofrer com esse problema.
"Eu aplaudo a Naomi. Ela expressou o que vivia nas redes sociais, com suas pr�prias palavras. N�o � uma coisa f�cil de fazer", disse.
"Quando vemos o que aconteceu com Simone Biles, teve que suportar tudo isso durante um dos momentos mais importantes de sua carreira", acrescenta o ex-nadador.
"Isso mostra at� que ponto os problemas mentais chegam em momentos inesperados, podem aparecer do nada", explica, estalando os dedos.
"Precisamos de pessoas preparadas para se abrir e dividir suas experi�ncias para derrubar estes muros, estas barreiras que a gente constr�i".
- "Encontrar o equil�brio" -
Pai de tr�s filhos; de seis, quatro e tr�s anos, Phelps tem uma vida "que n�o para nunca", ao lado de sua esposa, Nicole.
"Viajo ao redor do mundo, trabalhando com patrocinadores e dando palestras motivacionais", conta.
"Nicole pode explicar que h� dias em que me levanto e me sinto muito bem, e no dia seguinte me levanto e � completamente diferente. Por isso que para mim se trata de encontrar o equil�brio".
Al�m de suas palestras, Phelps procura vias para ser ele mesmo, "aut�ntico": "Eu nado. Constru�mos uma sala de esportes na nossa garagem e estou escrevendo um di�rio".
"Temos v�rias ferramentas que eu posso usar e tudo isso � poss�vel gra�as ao trabalho que fizemos para chegar a este ponto", disse.
Phelps se aposentou em 2016, depois de ter interrompido sua carreira durante dois anos: "Isso me permitiu fazer uma transi��o at� o pr�ximo cap�tulo, que agora � sobre a sa�de mental".
Sobre a op��o de se tornar treinador, Phelps n�o deixou espa�o para d�vidas dizendo que "n�o existe nenhuma possibilidade" de seguir os passos de seu antigo t�cnico Bob Bowman.
O que ele n�o descarta � ter um papel na equipe americana ou na Federa��o Internacional de Nata��o (Fina), mas "n�o por enquanto".
Apesar de estar longe das piscinas, Phelps acompanha o esporte e se declara a favor de uma "categoria aberta" para nadadores e nadadoras transg�nero.
"Acho que deveria haver tr�s catetorias: homens, mulheres e trans, para dar a todos as mesmas oportunidades de competir", conclui.
PARIS