
Os familiares das v�timas, alguns com uma express�o s�ria e outros sem conseguir conter as l�grimas, se instalaram em uma sala da Cidade da Cultura da capital de Galiza (noroeste), transformada excepcionalmente em tribunal para receber a grande quantidade de pessoas presentes.
"Estamos cansados, tristes e com raiva, com vontade de que todo esse per�odo acabe, esse pesadelo. Esperamos uma repara��o, que saibamos finalmente tudo o que deu errado", explicou � AFP Mar�a �ngeles Prado, que perdeu sua filha de 21 anos e sua sobrinha no acidente.
"Elas iam ver os fogos de artif�cio. Falei para minha filha: 'v� de trem, n�o v� de carro', achando que era mais seguro", conta essa senhora de 60 anos com a voz embargada, ao mencionar um "processo de luto muito dif�cil", cheio de "ang�stia" e uma "dor insuport�vel".
"Se o maquinista tivesse feito bem o seu trabalho, minha filha e sua prima estariam vivas, isso � indiscut�vel. Mas ele poderia estar tonto, poderia estar doente", afirma. "N�o se pode colocar um trem de alta velocidade com 300 pessoas na responsabilidade de um �nico homem", denuncia.
- "Risco previs�vel" -
Em 24 de julho de 2013, o trem de alta velocidade Alvia 04155 de Madri descarrilou brutalmente pouco antes de chegar a Santiago de Compostela, colidindo com um muro de concreto a quatro quil�metros da cidade.
O acidente causou a morte de 80 pessoas, entre elas 68 espanh�is, al�m de v�rios europeus, latino-americanos e norte-americanos. Mais de 140 passageiros ficaram feridos.
A investiga��o n�o demorou a revelar que o trem circulava a uma velocidade excessiva: o trem de Renfe, a companhia ferrovi�ria espanhola, circulava a 179 no momento do acidente, muito acima do limite de 80 para aquele trecho.
O maquinista, Francisco Garz�n, que estava ao telefone com o controlador do trem pouco antes do acidente, cometeu "imprud�ncia" e "neglig�ncia", segundo os magistrados de investiga��o, que decidiram acusar este homem de 52 anos de homic�dio por grave neglig�ncia profissional.
Ser� julgado junto com Andr�s Cortabitarte, ex-diretor de seguran�a de tr�nsito da Adif - a administradora da rede ferrovi�ria espanhola -, acusado de n�o ter feito uma an�lise de risco na curva do acidente, que n�o contava com sistemas de sinaliza��o, de alerta e de freio autom�tico.
"Havia um risco previs�vel" que poderia ter sido considerado, estimaram os ju�zes.
A Promotoria solicita quatro anos de pris�o para cada um, enquanto os danos e preju�zos reivindicados pelas v�timas, que ser�o discutidos durante o processo, chegam a quase 58 milh�es de euros (cerca de 57,8 milh�es de d�lares).