FOLHAPRESS

Trechos da ponte teriam desmoronado. Considerada um dos s�mbolos da anexa��o russa da Crimeia, a gigantesca estrutura rodovi�ria e ferrovi�ria tem 19 km de extens�o e � uma das maiores da Europa.
V�deos publicados nas redes sociais mostram partes das estruturas rodovi�ria e ferrovi�ria destru�das, enquanto um trem � consumido pelas chamas. Uma c�mera registrou o momento da explos�o, que atingiu carros que passavam pelo local. Outras imagens capturadas � dist�ncia mostram fuma�a espessa no horizonte.
Nos �ltimos dias, ataques contra alvos russos na Crimeia levaram p�nico aos moradores da pen�nsula. Os �xitos da contraofensiva ucraniana aumentaram a press�o sobre Putin, que determinou no m�s passado a mobiliza��o de 300 mil reservistas para lutar no conflito. Ap�s a decis�o, o mandat�rio russo registrou a primeira queda de sua popularidade desde a invas�o do vizinho em fevereiro —a aprova��o caiu de 83% para 77%, segundo o instituto de pesquisas Centro Levada, ainda independente na R�ssia.
Neste s�bado, Putin ordenou a cria��o de uma comiss�o para esclarecer a explos�o. O Comit� de Investiga��o da R�ssia informou ter identificado o propriet�rio do caminh�o-bomba. Ele seria morador da regi�o de Krasnodar, no sul da R�ssia.
Autoridades ucranianas fizeram coment�rios ir�nicos sobre a explos�o. O chefe do Conselho Nacional de Seguran�a e Defesa da Ucr�nia, Oleksii Danilov, publicou nas redes sociais um v�deo da ponte em chamas ao lado de outro v�deo de Marilyn Monroe cantando "Feliz anivers�rio, senhor presidente", em refer�ncia a Putin que completou 70 anos nesta sexta (7).
Autoridades ucranianas vinham expressando o desejo de destruir a ponte de Kerch. O servi�o postal da Ucr�nia informou neste s�bado que imprimir� um selo especial para comemorar a explos�o.
V�rias a��es de sabotagem foram atribu�das � Ucr�nia desde o in�cio do conflito. Ap�s a explos�o na ponte, a porta-voz do Minist�rio das Rela��es Exteriores da R�ssia, Maria Zakharova, afirmou que a rea��o de Kiev � destrui��o da infraestrutura "testifica a sua natureza terrorista". Serguei Aksionov, governador russo da Crimeia, informou que o tr�fego foi suspenso enquanto os danos eram avaliados.
A destrui��o da estrutura ocorre em um momento em que a R�ssia vem sofrendo sucessivas derrotas no front. Ap�s os reveses, Putin fez novas amea�as de guerra nuclear contra o Ocidente. Nesta semana, o Minist�rio da Defesa russo passou a divulgar que parte dos reservistas mobilizados est� sendo treinada para lutar num ambiente de guerra nuclear, qu�mica ou biol�gica.
Em meio ao crescente descontentamento na elite russa com o conflito, o Ex�rcito russo anunciou a nomea��o do general Serguei Surovikin, 55, como comandante para o que ainda chama de "opera��o militar especial" na Ucr�nia.
O general � um veterano da guerra civil no Tadjiquist�o nos anos 1990, da segunda guerra da Tchetch�nia (anos 2000) e da interven��o russa na S�ria, lan�ada em 2015. Segundo relat�rio de julho do minist�rio da Defesa russo, Surovikin liderava agrupamento das for�as ao Sul na Ucr�nia.
O nome de seu antecessor nunca foi revelado oficialmente, mas de acordo com a m�dia russa, era o general Alexander Dnornikov, outro veterano da segunda guerra tchechena e comandante das for�as russas na S�ria de 2015 a 2016.
Tamb�m neste s�bado, o ministro das Rela��es Exteriores russo, Serguei Lavrov, acusou pa�ses do Ocidente de recorrer a "mentiras e manipula��es" para elevar ainda mais a tens�o no conflito. Segundo ele, os EUA e seus aliados tentam introduzir a ret�rica nuclear sobre a Ucr�nia na agenda global.
"O Ocidente distorce tudo na tentativa de mostrar que � a R�ssia que supostamente est� expressando amea�as nucleares", disse Lavrov em entrevista ao jornal russo Argumenty i Fakty, segundo a ag�ncia de not�cias Tass. "V�rias manipula��es e mentiras descaradas s�o exploradas [pelo Ocidente]. No entanto, estamos acostumados com isso."
Na quinta, o presidente da Ucr�nia, Volodimir Zelenski, afirmou que a Otan deveria atacar o territ�rio da R�ssia "preventivamente" para que os russos "saibam o que acontecer� com eles se usarem" armas nucleares. A declara��o atraiu cr�ticas do Kremlin.
Na quarta (5), Putin finalizou a san��o das leis regulando a anexa��o do equivalente a cerca de 18% da Ucr�nia, a maior tomada territorial � for�a na Europa desde a Segunda Guerra Mundial —Moscou j� havia anexado a Crimeia, 4,5% do vizinho.
O Kremlin continuou sem definir exatamente quais fronteiras est�o previstas na absor��o denunciada como ilegal no exterior.
O motivo s�o avan�os de Kiev nas regi�es de Donetsk (leste) e Kherson. Os ataques testam a ret�rica belicista de Putin, que prometeu usar at� armas nucleares para defender o que considera novas partes da R�ssia.
Numa tentativa de conter o avan�o ucraniano, o Minist�rio da Defesa diz j� ter alistado 200 mil dos 300 mil reservistas que deseja para combate, e que alguns poder�o estar em a��o j� em novembro.