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Estado de Minas APOSTAS

Portugal: entidades est�o em alerta alto n�mero de viciados em raspadinha

Em 2021, os portugueses desembolsaram cerca de R$ 8,25 bilh�es com o jogo; Mulheres de baixa renda s�o as mais afetadas


03/12/2022 12:56 - atualizado 03/12/2022 17:11

Bilhete de raspadinha
Em Portugal, cassinos, bingos e outros tipos de apostas s�o legalizados. A raspadinha � a segunda modalidade de jogo mais popular no pa�s (foto: Reprodu��o/Ag�ncia Brasil )
LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) - Coloridas, brilhantes e com men��es a vultosos pr�mios em dinheiro, as cartelas de raspadinha fazem parte da paisagem h� quase tr�s d�cadas de boa parte de caf�s, bancas de jornal e casas lot�ricas em Portugal, um dos pa�ses europeus recordistas no gasto per capita com esse tipo de aposta.

 

 

 

Em 2021, os portugueses desembolsaram cerca de EUR 1,5 bilh�o (R$ 8,25 bilh�es, na cota��o da �ltima sexta, 2) com o jogo. No mesmo ano, a Espanha, apesar de ter uma popula��o quatro vezes maior, com 47,33 milh�es de habitantes, gastou a metade do montante luso: EUR 750 milh�es (R$ 4,1 bilh�es).

 

Com a popularidade v�m os problemas. Entidades que tratam dependentes de jogos alertam para a cifra em alta de viciados em raspadinha, com um agravante: mulheres de baixa renda s�o a fatia mais afetada.

 

Em Portugal, cassinos, bingos e outros tipos de apostas s�o legalizados. Entre todas as modalidades, a raspadinha � a segunda mais popular, segundo as informa��es mais recentes do Sicad (Servi�o de Interven��o nos Comportamentos Aditivos e nas Depend�ncias), �rg�o vinculado ao Minist�rio da Sa�de.

 

Os dados, divulgados em 2021, mas referentes a 2017, j� mostravam esse avan�o --30% dos portugueses diziam jogar as raspadinhas. Desses, quase um ter�o ganhava menos de 500 euros mensais.

 

"Entre 2012 e 2017, na popula��o em geral, a preval�ncia de jogo abusivo [considerado uma forma mais suave de v�cio] quadruplicou, de 0,3% para 1,2%, e a de jogo patol�gico [que caracteriza a fase da depend�ncia], duplicou, de 0,3% para 0,6%", diz o documento.

 

"A raspadinha passou de terceiro para segundo jogo a dinheiro mais usado no pa�s, atr�s apenas [da loteria] do Euromilh�es."

 

Para saber a real dimens�o do problema, o Conselho Econ�mico e Social -�rg�o consultivo que serve de ponte entre o governo e a sociedade civil- encomendou neste ano um amplo estudo sobre as raspadinhas em Portugal. O trabalho ser� conduzido em parceria com a Universidade do Minho.

 

"O consumo per capita de raspadinhas em Portugal � muito elevado e, quando comparamos com pa�ses como a Espanha, as diferen�as s�o muito significativas", diz o psiquiatra Pedro Morgado, professor da institui��o e um dos respons�veis pelo trabalho. "Na pr�tica cl�nica encontramos muitos casos [de pessoas viciadas] e � sabido que n�veis de consumo elevados significam risco de v�cio mais elevado."

 

Em 2020, o m�dico publicou na revista The Lancet, um dos principais peri�dicos internacionais da �rea de sa�de, um alerta sobre a "amea�a negligenciada" do crescimento das raspadinhas no pa�s ib�rico.

 

A ideia � que o estudo ajude a caracterizar o v�cio no jogo em Portugal. Para especialistas, a raspadinha re�ne caracter�sticas que a tornam particularmente viciantes, como a facilidade de acesso, al�m dos baixos valores iniciais de aposta, a partir de EUR 1 (R$ 5,40), e da possibilidade de recompensa instant�nea.

 

Funcion�ria de um restaurante na avenida Almirante Reis, uma das principais vias no centro de Lisboa, Celeste Fonseca diz estar acostumada a ver clientes perderem o controle com o jogo, chamado oficialmente de loteria instant�nea. "Pedem um caf� e uma raspadinha. Depois mais uma cartela, e a seguir outra. J� cheguei a vender 50 raspadinhas para a mesma pessoa dessa forma", afirma ela.

 

Na avalia��o da balconista, que trabalha h� 15 anos no estabelecimento, embora haja aqueles que claramente perdem o controle com o jogo, a maioria dos clientes faz apostas ocasionais. "Com os ordenados em Portugal, quem n�o quer tentar a sorte? Qualquer dinheirinho � bem-vindo", pondera Celeste, lembrando que o sal�rio m�nimo atual no pa�s � de 705 euros (cerca de R$ 3.870) por m�s.

 

Segundo o Sicad, mais da metade dos apostadores em raspadinhas no pa�s � formada por mulheres entre 35 e 54 anos, com n�vel escolar baixo e rendimentos mensais de EUR 500 (R$ 2.750) a EUR 1.000 (R$ 5.500).

 

No artigo na Lancet, os pesquisadores portugueses chamam a aten��o para o fato de que as quest�es econ�micas relacionadas � ind�stria de apostas, incluindo "os impostos arrecadados pelos governos", podem resultar em "falta de pol�ticas eficazes para regular tipos espec�ficos de jogos".

 

Em Portugal, os chamados jogos sociais, que incluem as loterias e as raspadinhas, s�o tamb�m uma importante fonte de receita para o governo. Eles s�o geridos pela Santa Casa de Miseric�rdia de Lisboa.

 

Em 2021, dos quase EUR 2,9 bilh�es (R$ 15,9 bilh�es) de receita bruta com os jogos sociais, EUR 816 milh�es (R$ 4,4 bilh�es) foram para o Estado portugu�s, que destinou o valor a v�rias institui��es, incluindo os minist�rios de Sa�de e Educa��o, governos regionais e a pr�pria Santa Casa, indicou o jornal Expresso.

 

Nos �ltimos anos, especialistas t�m cobrado uma postura mais ativa do governo sobre as raspadinhas. Projetos que limitavam a publicidade e a venda das cartelas, no entanto, n�o avan�aram no Parlamento.

 

Em 2021, o Minist�rio da Cultura anunciou uma raspadinha especial, para o financiamento do patrim�nio cultural luso. Embora tenha recebido diversas cr�ticas, o projeto foi levado adiante. Pouco mais de um ano depois, por�m, o atual chefe da pasta, Pedro Ad�o e Silva, anunciou que a iniciativa ser� descontinuada.


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