Os laterais da sele��o de Tite n�o tiveram participa��o direta em nenhum dos sete gols marcados nas quatro partidas disputadas at� agora no Mundial.
Nem mesmo na goleada contra a Coreia do Sul (4-1), na segunda-feira, que garantiu a vaga nas quartas de final, em que enfrenta a Cro�cia de Luka Modric na sexta-feira, no est�dio Education City �s 18h locais (12h de Bras�lia).
Seu trabalho tem se concentrado em proteger as costas de pontas afiados como Vinicius Jr (dois gols e duas assist�ncias) e Raphinha (uma assist�ncia). E em que Neymar (um gol marcado), Richarlison (tr�s gols) e Lucas Paquet� (um gol) joguem com mais liberdade.
"Os nossos laterais n�o s�o Junior nem Jorginho porque eles t�m mais uma fun��o de constru��o", afirmou o t�cnico Tite no final do jogo contra os sul-coreanos, referindo-se a dois dos maiores expoentes do cl�ssico lateral-atacante brasileiro.
Os jogadores comandados por Tite cumprem fun��es diferentes que cumpriam no passado, quando formavam duplas com o ponta de seu setor para atacar seus advers�rios com superioridade num�rica e voltavam a proteger seu lado na defesa.
"As gera��es mudam, mas as refer�ncias permanecem", disse o lateral-esquerdo Alex Telles, afastado do Mundial devido a uma les�o no joelho direito.
- A derrota que mudou tudo -
A mudan�a radical come�ou ap�s a derrota para a Argentina na final da Copa Am�rica de 2021, no Maracan�, na reta final das eliminat�rias sul-americanas.
Ap�s o duro golpe, Tite convocou novos nomes que renovaram o ataque, ent�o muito dependente de Neymar. Assim se consolidaram Vini Jr, Raphinha, Rodrygo e Antony.
Antes da Copa do Mundo, Tite mudou seu esquema t�tico: Paquet�, normalmente escalado na esquerda, caiu para a primeira linha de meio-campistas junto com Casemiro, geralmente acompanhado de um meia misto como Fred ou Douglas Luiz.
O espa�o deixado por Paquet� foi ocupado por um atacante: geralmente Vinicius Jr ou Antony.
A mudan�a tirou fun��es ofensivas de Danilo, Dani Alves, Alex Sandro e Alex Telles, os laterais natos, e de �der Milit�o, zagueiro que j� atuou como lateral-direito.
"Temos jogadores (nessa posi��o) que podem ter um papel mais marcante, como Danilo. Jogadores com mais for�a e sa�da de bola como Milit�o. Temos op��es diferentes", disse Tite.
Agora, quando o Brasil est� com a bola, um dos dois laterais fica atr�s para formar uma linha de tr�s com os dois zagueiros centrais e o outro acompanha Casemiro.
Dessa forma, o Brasil d� liberdade a cinco atletas no ataque, come�ando por Neymar, com dois laterais cl�ssicos, um camisa 9 como refer�ncia na �rea (Richarlison) e outro meio-campista ajudando na cria��o (Paquet�).
Al�m de proteger a baliza, o lateral que joga ao lado de Casemiro costuma assumir fun��es de cria��o ou circula��o da bola.
"Para ter esses jogadores (no ataque), ter o compromisso de se posicionar em campo na a��o sem bola, assim como ter jogadores atr�s que tamb�m d� esse suporte", explicou o t�cnico.
- Equil�brio � tudo -
A mudan�a de paradigma � fruto da busca incans�vel de Tite por um time equilibrado, posi��o que no Brasil tem provocado cr�ticas de quem o considera um expoente do futebol defensivo.
"Se o equil�brio fugir em algum momento, a possibilidade de perder � maior", afirma o t�cnico de 61 anos.
Nas eliminat�rias, que liderou invicto com campanha recorde (45 pontos em 17 jogos), teve o ataque mais positivo (40 gols) e a defesa menos vazada (5 gols sofridos).
Na fase de grupos no Catar, com Neymar ausente nos �ltimos dois jogos devido � les�o, a sele��o teve seu pior desempenho ofensivo (tr�s gols) desde o Mundial da Argentina-1978, onde s� marcou dois nessa etapa do torneio.
Mas o Brasil sofreu apenas um gol em tr�s jogos e nos dois primeiros Alisson n�o recebeu um chute a gol, um desempenho defensivo louv�vel visto que o time perdeu seus laterais titulares, Danilo (contra a S�rvia) e Alex Sandro (contra a Su��a) por les�o. E terminou como l�der do Grupo G. Danilo se recuperou para o jogo contra a Coreia do Sul, mas jogou na esquerda e Milit�o na direita.
Tite aguarda a volta de Alex Sandro contra os croatas, vice-campe�es da Copa da R�ssia-2018 e ansiosos para ofuscar os transformados herdeiros de Cafu e Roberto Carlos, dupla de laterais do pentacampeonato de 2002.
"Modric dispensa coment�rios. Tem tamb�m o Brozovic, Perisic, Kovacic... Conhe�o bem esses jogadores. S�o fortes e acostumados a grandes partidas", disse Danilo. Vai ser um jogo muito dif�cil".
DOHA