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Estado de Minas RIO DE JANEIRO

Pel� e pol�tica, um casamento nem sempre un�nime


30/12/2022 13:33
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Pel� foi o "Rei" indiscut�vel com a bola no p�, mas esteve longe de gerar unanimidade quando pisou no campo da pol�tica, sofrendo muitas cr�ticas por n�o se engajar contra a ditadura e o racismo.

Questionado sobre os anos de chumbo do regime militar (1964-1985) no document�rio sobre sua vida lan�ado pela Netflix em 2021, o tricampe�o mundial respondeu: "o futebol continuou igual. Pelo menos para mim, n�o teve diferen�a nenhuma".

Nesse mesmo document�rio, o jornalista esportivo Paulo C�sar Vasconcellos aponta que Pel� "foi apenas uma pessoa que aceitou o regime, conviveu com ele, e pelo fato de o regime querer trat�-lo bem".

O eterno n�mero 10 "foi caraterizado por uma aus�ncia de posicionamento pol�tico".

Quando o "Rei" estava no auge, ap�s o tricampeonato mundial conquistado no M�xico em 1970, os militares no poder n�o perderam a oportunidade de usar sua aura para fins pol�ticos.

Apareceu em muitas fotos ao lado do ditador Em�lio Garrastazu M�dici, o general mais "linha-dura" do regime que torturou centenas de opositores, com um saldo de pelo menos 434 mortos ou desaparecidos.

Pel� aparece sorrindo, abra�ando-o ou segurando a ta�a da Copa do Mundo ao seu lado.

"Eu achava que ele tinha um comportamento de negro sim-senhor que � submisso, que aceita tudo, que n�o contesta", criticou Paulo C�zar Caju, seu companheiro de equipe durante o t�tulo de 1970.

- "Socialista" -

Mas outras fotos, mais surpreendentes, apareceram nas redes sociais nos �ltimos dias, quando a not�cia do agravamento do seu estado de sa�de correu pelo mundo.

Pel� aparece com um elegante chap�u cinza e vestido com uma camisa amarela com a inscri��o "Diretas j�", do movimento pelo fim da ditadura e elei��es presidenciais por sufr�gio universal direto.

Essa foto, datada de 1984, foi capa da revista esportiva brasileira Placar, com o t�tulo: "Pel� de cabe�a nova".

Outro epis�dio pouco conhecido da vida do "Rei" na d�cada de 1980: em 1989, durante uma coletiva de imprensa, Pel� anunciou que poderia concorrer � presid�ncia em 1994 e se disse "socialista".

Finalmente n�o se candidatou, mas tornou-se ministro do Esporte do presidente Fernando Henrique Cardoso de 1995 a 1998.

Ministro muito atuante, trabalhou arduamente pela moderniza��o do futebol brasileiro e pela garantia dos direitos dos atletas perante seus clubes, o que lhe teria causado a ira do todo-poderoso presidente da Fifa na �poca, seu compatriota Jo�o Havelange.

- "Me fez amar o Brasil" -

Pel�, por sua vez, n�o se omitia em falar sobre pol�tica. Por�m, sempre foi resistente em levantar bandeira contra o racismo ou a fazer campanha para movimentos antirracistas, apesar da discrimina��o que sofreu nos gramados.

"Me chamavam de negro, crioulo, macaco, mas eu n�o ligava", disse ele em entrevista citada em 2020 pelo El Pais.

"Eu prefiro dar exemplos. Para a fam�lia, os amigos e os f�s. Essa � minha luta".

"Eu tenho absoluta certeza que eu ajudei muito mais o Brasil com o meu futebol com a minha maneira de viver do que muitos pol�ticos que ganham e trabalham para fazer isso", lan�ou no document�rio da Netflix, lembrando em especial que dedicou seu mil�simo gol �s crian�as que passavam fome no Brasil, em 1969.

Enquanto alguns o criticam por n�o ter condenado o racismo com mais firmeza, outros acreditam que o simples fato de ver um negro se destacar j� era motivo de imenso orgulho e esperan�a.

"Pel� foi a primeira coisa que me fez gostar do Brasil. Ver um homem negro e brasileiro, como eu, sendo indiscutivelmente o melhor no que fazia me fez acreditar que apesar de tudo, havia algo em que acreditar", tuitou ap�s sua morte Silvio Almeida, futuro ministro dos Direitos Humanos do presidente eleito Luiz In�cio Lula da Silva.

NETFLIX


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