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Estado de Minas EM 60 ANOS

Popula��o da China cai pela primeira vez desde 1961

A taxa de natalidade da China caiu para 6,77 nascimentos por mil pessoas - a mais baixa de todos os tempos. No ano passado, as mortes superaram os nascimentos


17/01/2023 15:37 - atualizado 17/01/2023 16:20


Mulher com bebê em Xangai
(foto: Getty Images)

A popula��o da China caiu pela primeira vez em 60 anos, com a taxa de natalidade nacional atingindo recorde de queda — 6,77 nascimentos por mil pessoas.

A popula��o do pa�s em 2022 — 1,4118 bilh�o — caiu 850 mil em rela��o a 2021.

A taxa de natalidade da China vem caindo h� anos, desencadeando v�rias pol�ticas para desacelerar essa tend�ncia.

Em 2015, sete anos depois de acabar com a pol�tica do filho �nico — institu�da nos anos 1970 para limitar o tamanho das fam�lias chinesas — a China entrou em uma "era de crescimento negativo da popula��o".

A taxa de natalidade em 2022 caiu de 7,52 em 2021 para 6,77, de acordo com o Escrit�rio Nacional de Estat�sticas da China, que divulgou os n�meros nesta ter�a-feira (17/01).

O contraste � grande com outros pa�ses. Em 2021, os Estados Unidos registraram 11,06 nascimentos por mil habitantes, e o Reino Unido, 10,08 nascimentos.

A taxa de natalidade no mesmo ano na �ndia, que deve ultrapassar a China como o pa�s mais populoso do mundo, foi de 16,42. No Brasil, a taxa de natalidade foi de 13,46 em 2020, o ano com estat�sticas completas mais recentes.

Na China, as mortes superaram os nascimentos pela primeira vez no ano passado. A China registrou sua maior taxa de mortalidade desde 1976 — 7,37 mortes por mil pessoas, contra 7,18 no ano anterior.


Gráfico da taxa de natalidade na China
(foto: BBC)

Dados anteriores mostravam que uma crise demogr�fica estava prestes a acontecer, e que isso, no longo prazo, reduziria a for�a de trabalho da China, aumentando os custos estatais com sa�de e seguridade social.

Os resultados de um censo em 2021 mostraram que a popula��o da China est� crescendo no ritmo mais lento em d�cadas. As popula��es est�o encolhendo e envelhecendo em outros pa�ses do Leste Asi�tico, como Jap�o e Coreia do Sul.

"Essa tend�ncia vai continuar e talvez piorar depois da covid", diz Yue Su, economista da Economist Intelligence Unit. Su est� entre os especialistas que esperam que a popula��o da China diminua ainda mais at� 2023. A China ainda enfrenta a pandemia de coronav�rus.

"A alta taxa de desemprego entre os jovens e a queda nas expectativas de renda podem atrasar ainda mais os planos de casamento e filhos, diminuindo o n�mero de nascimentos."

E a taxa de mortalidade em 2023 provavelmente ser� maior do que antes da pandemia devido �s infec��es por covid, segundo a especialista. A China est� enfrentando uma escalada de casos desde que abandonou sua pol�tica de toler�ncia zero contra covid no m�s passado.

As tend�ncias populacionais da China ao longo dos anos foram moldadas pela pol�mica pol�tica do filho �nico, que havia sido introduzida em 1979 para retardar o crescimento populacional.


Chineses usando máscaras nas ruas
A pol�tica do filho �nico na China refor�ou uma cultura que favorecia meninos em vez de meninas (foto: Getty Images)

As fam�lias que descumpriram as regras foram multadas e, em alguns casos, chegaram a perder seus empregos. Em uma cultura que historicamente favorece meninos em detrimento de meninas, a pol�tica gerou abortos for�ados e uma propor��o de g�nero distorcida.

A pol�tica foi abandonada em 2016 e casais passaram a poder ter dois filhos. Nos �ltimos anos, o governo chin�s ofereceu incentivos fiscais e melhores servi�os de sa�de materna, entre outros incentivos, para reverter, ou pelo menos retardar, a queda da taxa de natalidade.

Mas essas pol�ticas n�o levaram a um aumento sustentado dos nascimentos. Alguns especialistas dizem que isso ocorre porque as pol�ticas que incentivam o parto n�o foram acompanhadas de esfor�os como mais ajuda para m�es que trabalham ou acesso a creches.

Em outubro de 2022, o presidente chin�s Xi Jinping disse que o aumento das taxas de natalidade seria prioridade. Xi disse em um Congresso do Partido Comunista em Pequim que seu governo "buscar� uma estrat�gia nacional proativa" em resposta ao envelhecimento da popula��o do pa�s.

Al�m de distribuir incentivos a casais para que tenham filhos, a China tamb�m precisa melhorar a igualdade de g�nero nas fam�lias e nos locais de trabalho, afirma Bussarawan Teerawichitchainan, diretora do Centro de Pesquisa Familiar e Populacional da Universidade Nacional de Cingapura.

Os pa�ses escandinavos s�o provas de que essas medidas podem melhorar as taxas de fertilidade, afirmam ela.

"Eles n�o est�o neste momento em um cen�rio apocal�ptico", diz Paul Cheung, ex-chefe de estat�stica de Cingapura. Segundo ele, a China tem "muita m�o de obra" e "muito tempo" para administrar sua crise demogr�fica.

Especialistas dizem que apenas aumentar as taxas de natalidade n�o resolver� os problemas por tr�s da desacelera��o do crescimento da China.

"Aumentar a fertilidade n�o vai melhorar a produtividade ou aumentar o consumo dom�stico no m�dio prazo", diz Stuart Gietel-Basten, professor de pol�ticas p�blicas da Universidade de Ci�ncia e Tecnologia de Hong Kong. "Como a China responder� a essas quest�es estruturais ser� ainda mais importante."

Impacto no mundo

A China provavelmente est� entrando em uma nova fase de decl�nio populacional que far� com que a �ndia se torne a na��o mais populosa do mundo em meados de abril e, em 2100, pode ter pouco mais da metade dos 1,4 bilh�o de habitantes que tem hoje.

E 2100 � um ano simb�lico, que deve marcar o momento em que a popula��o global como um todo vai chegar ao ponto mais alto e da� come�ar a cair. Mas n�o sem antes passar dos 8 bilh�es atuais para 10,4 bilh�es de pessoas nesse futuro.

A rapidez com que essa mudan�a ocorre, sem que a maior parte da popula��o chinesa tenha conseguido enriquecer antes de envelhecer, amea�a o equil�brio que a sociedade precisa entre uma popula��o em idade produtiva e uma popula��o cada vez mais idosa, que precisa de recursos para sa�de e tamb�m para aposentadorias.

A taxa de natalidade da China � estimada hoje em 1,18 filho por mulher, j� abaixo dos 2,1 filhos por mulher necess�rios para manter a popula��o em tamanho est�vel.

A queda da popula��o afeta o mundo inteiro porque a China � uma pot�ncia econ�mica global, e qualquer desequil�brio ou recuo econ�mico reverbera em muitos outros pa�ses.

Um exemplo pr�tico disso � que, se a for�a de trabalho come�ar a declinar, a China ter� dificuldade em continuar fabricando produtos baratos para exporta��o — o que tende a afetar taxas de infla��o mundo afora.


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