(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Quem foi Maom�, a figura-chave do isl�

L�der religioso ficou conhecido em portugu�s como Maom�. Para mu�ulmanos e estudiosos do isl�, contudo, a translitera��o n�o � bem-vinda %u2014 pode soar at� como ofensiva.


30/01/2023 12:15 - atualizado 30/01/2023 17:04


Gravura otomana de autor desconhecido representa Maomé com o rosto vendado, justamente para não 'representá-lo'
Gravura otomana de autor desconhecido representa Maom� com o rosto vendado, justamente para n�o "represent�-lo" (foto: BBC)

L�der religioso e pol�tico do Oriente M�dio, Abul Al-Qasim Muhammad ibn Abd Allah ibn Abd Al-Muttalib ibn Hashim (571-632) entrou para a hist�ria como Maom� — ou Muhammad, com preferem seus seguidores —, o fundador do isl�.

"Sabe-se que ele foi um l�der que fez uma revolu��o muito significativa no territ�rio que hoje majoritariamente pertence � Ar�bia Saudita", resume o cientista da religi�o Atilla Kus, pesquisador e mestre pela Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo (PUC-SP), e autor do livro A Constitui��o de Medina.

"Ele nasceu em Meca e, aos 40 anos, come�ou a pregar uma nova religi�o que foi denominada, no livro sagrado Alcor�o, como 'islam' - isl�, como se costuma dizer no Brasil."

O pesquisador � enf�tico: "N�o h� registros que indiquem que ele n�o existiu". E diz que, como acontece com outros fundadores de religi�es, o pr�prio fato de que tantos passaram a seguir o que foi deixado por ele tamb�m � um indicativo que, sim, ele existiu.

Kus diz que os 1,8 bilh�o de adeptos do isl� s�o "a maior evid�ncia de que ele existiu e liderou um movimento religioso na primeira metade do s�culo 7 da era comum".

H� documentos antigos, escritos pouco tempo ap�s a morte dele, chamados de "sira" e que s�o considerados, por mu�ulmanos e tamb�m por alguns estudiosos do isl�, como as biografias de Maom�. Segundo a antrop�loga Francirosy Campos Barbosa, professora na Universidade de S�o Paulo (USP-Ribeir�o Preto) e autora do livro 'Hajja, hajja: a experi�ncia de peregrinar', "muito do que sabemos sobre a vida" dele � devido a esses registros.


Gravura persa de 1550 dC retratando o Profeta Maomé ascendendo no Burak ao céu, uma jornada conhecida como Miraj
Maom� � o fundador do Isl� (foto: Getty Images)

Ela ressalta que pesquisadores n�o mu�ulmanos tamb�m costumam se apoiar nesses escritos, como � o caso da historiadora da religi�o Karen Armstrong, ex-freira, graduada na Universidade de Oxford, que lecionou na Universidade de Londres. Entre seus livros, est�o t�tulos como 'Muhammad: a Biography of the Prophet' e 'Muhammad: Prophet For Our Time'.

"Muhammad tornou-se profeta aos 40 anos. E o que se sabia � que ele era um membro do Hachemita, nome que vem da linhagem de seu pai Hashim, e dos Coraichitas, grupo influente em Meca", relata Barbosa. "Sobre a inf�ncia e adolesc�ncia, sabemos que ele perdeu seus pais ainda crian�a, e foi criado por seu tio, Abu Talib. Tornou-se mercador como muitos homens de sua �poca."

Aos 25 anos, ele se casou com Khadija, vivendo com ela at� se tornar vi�vo, com 50 anos. Khadija era uma comerciante 15 anos mais velha do que Maom�. Tiveram v�rios filhos. "Mas v�rios deles tamb�m morreram. Uma das suas filhas mais conhecidas � F�tima", comenta Barbosa.

"Na �poca, Meca j� era uma cidade importante, um caminho de trocas comerciais, por onde passavam grandes caravanas de mercadores", acrescenta a antrop�loga. O local j� era ponto de peregrina��o para quem visitava a Caaba, local considerado sagrado por tribos bedu�nas da regi�o mesmo antes do isl� — e depois ressignificado com o advento da nova religi�o.

"Essa cidade-estado era controlada pelos Coraichitas. No entanto, muitos moradores da pen�nsula ar�bica eram adoradores de deuses e faziam seus cultos na Caabra", contextualiza a pesquisadora. "Muhammad era conhecido pela sua bondade desde crian�a, seu tratamento justo com as pessoas, sua honestidade que sempre se destacava. Ele tinha o h�bito de se afastar para o Monte Hira para rezar e estar mais perto de Deus."


Ativistas e simpatizantes do partido político e islâmico do Paquistão Jammat-e-Islami (JI) se reúnem para participar de uma marcha contra a decisão da revista francesa 'Charlie Hebdo' de publicar uma representação do profeta Maomé. Segundo relatos locais, milhares de paquistaneses se reuniram pelo quarto dia nas principais cidades, queimando a bandeira e efígies francesas, e pedindo o banimento da polêmica revista francesa
Em 2015, milhares de mu�ulmanos protestaram contra caricatura de Maom� pela revista sat�rica francesa Charles Hebdo (foto: Getty Images)

Foi numa dessas idas � montanha que Maom� viveu a epifania que daria origem ao seu papel religioso. Ele teria sido surpreendido pelo anjo Gabriel. "Que disse a ele: Iqra, ou seja, leia!", pontua Barbosa.

"L�, em nome do teu Senhor Que criou; Criou o homem de algo que se agarra. L�, que o teu Senhor � Generos�ssimo, Que ensinou atrav�s do c�lamo, Ensinou ao homem o que este n�o sabia", diz o trecho do Alcor�o.

"A partir dessa experi�ncia, o profeta passa a conduzir a sua vida espiritualmente. Se por um lado trouxe muitos seguidores, tamb�m trouxe muitos que os perseguiram, passando a ser considerado um subversivo religioso", comenta a pesquisadora.

"Ele pregava a exist�ncia de um s� Deus e isso provocava imensamente a popula��o da �poca, que adorava v�rios. Durante 23 anos o Alcor�o foi revelado ao profeta, uma parte em Meca e a outra parte em Medina, para onde teve que imigrar devido a persegui��es que sofria do povo de Meca. Aos poucos Muhammad foi se tornando de l�der carism�tico a um l�der pol�tico. A pr�pria Constitui��o de Medina � um exemplo da sua forma equilibrada de dialogar com mu�ulmanos e n�o mu�ulmanos."

Isl� e islamismo

Para os mu�ulmanos, � importante delimitar a diferen�a dos termos isl� e islamismo. "� muito comum e � um v�cio de linguagem se referir ao isl� como islamismo, por�m � um equ�voco, pois islamismo �, academicamente, a nomenclatura que se usa para referenciar o movimento pol�tico que se sustenta no isl�", explica Kus. "O nome da pr�pria religi�o � islam, ou isl� - esta como foi feita a adapta��o no portugu�s brasileiro."

"O termo mais correto � islam, que significa paz. Este � o nome da religi�o", complementa Barbosa. "� comum usarmos islamismo quando nos referimos a a��es pol�tico-religiosas de alguns grupos mu�ulmanos."

Outra quest�o recorrente quando se fala sobre a religi�o mu�ulmana � a possibilidade da representa��o, por meio de imagens, do profeta Maom�. Costuma-se dizer que qualquer retrato que aluda a ele seja algo terminantemente proibido. Mas, segundo os pesquisadores, isso n�o � t�o radical como possa parecer.

"A imagem � permitida desde que n�o seja um objeto de adora��o", explica Kus. "No isl�, o uso de figuras humanas em desenhos e imagens foi proibido por muito tempo porque as pessoas poderiam adotar aquilo como uma divindade. Portanto, [no contexto religioso,] a representa��o imag�tica de Muhammad tamb�m � proibida por esse motivo."

A antrop�loga Barbosa ressalta que "a imagem de todo profeta" tem a reprodu��o proibida dentro do isl�. "N�o apenas de Muhammad. H� mais de 144 mil profetas segundo o islam e nenhum deles pode ter sua imagem reproduzida. Inclusive Jesus, que � um dos profetas da religi�o."

"Como o isl� � uma religi�o monote�sta, de cren�a em Deus �nico, a preocupa��o � de que imagens de pessoas importantes para o isl� possam virar cultos, o que passem a ser adorados. Isso faz com que o entendimento seja de proibir imagens de profetas e mensageiros", contextualiza ela.

O cientista da religi�o Kus ressalta que a determina��o foi dada pelo pr�prio profeta, "para que as pessoas posteriormente n�o adotassem a imagem dele como uma divindade e, assim, ca�ssem no �nico pecado imperdo�vel no isl�: o de atribuir parceiros a Deus".

"Por outro lado, depois de um certo avan�o cient�fico e intelectual, na jurisprud�ncia isl�mica permitiu-se a pintura de figuras humanas", comenta ele. Como exemplo, ele cita a pintura do sult�o Mehmed 2º (1432-1481), do Imp�rio Otomano, realizada no s�culo 15.


Manifestantes muçulmanos exibem uma faixa professando seu amor pelo profeta Maomé do lado de fora de uma mesquita antes de marchar em direção à embaixada dinamarquesa no centro de Kuala Lumpur
Representa��o de Maom� ou Muhammad por meio de imagens � uma situa��o muito controversa mesmo dentro do isl� (foto: Getty Images)

Charlie Hebdo

A representa��o de Maom� ou Muhammad por meio de imagens � uma situa��o muito controversa mesmo dentro do isl�. Em 30 de setembro de 2005, o jornal dinamarqu�s Jyllands-Posten publicou 12 caricaturas do profeta mu�ulmanos e, com isso, desencadeou uma s�rie de protestos.

A narrativa da �poca era de que o �rg�o de imprensa havia violado de forma proposital o preceito isl�mico de n�o representa��o iconogr�fica do l�der religioso. Seguidores do isl� no pa�s passaram a exigir um pedido formal de desculpas e pelo menos dois dos cartunistas precisaram de resguardo porque passaram a enfrentar amea�as de morte. Houve protestos de mu�ulmanos em Copenhague e um pedido de diplomatas mu�ulmanos para que o chefe de estado dinamarqu�s condenasse publicamente o jornal.

Em janeiro do ano seguinte, o Jyllands-Posten publicou um pedido de desculpas. Contudo, diversas outras publica��es europeias, baseadas em princ�pios da liberdade de imprensa, decidiram republicar as caricaturas. Houve incidentes em embaixadas. Em 4 de fevereiro, manifestantes mu�ulamos na S�ria incendiaram as sedes locais da Noruega e da Dinamarca. No dia seguinte, seguidores do isl� atearam fogo no consulado dinamarqu�s em Beirute, no L�bano.

Em 7 de janeiro de 2015, o alvo foi o jornal sat�rico franc�s Charlie Hebdo. Um atentado ocorrido na reda��o da publica��o, em Paris, acabou deixando 12 mortos e cinco feridos. O jornal vinha, reiteradamente e h� anos, publicando ilustra��es de Maom� e de tem�ticas isl�micas, sempre com fundo humor�stico.

Segundo a antrop�loga Francirosy Campos Barbosa, "a cria��o de imagens � uma quest�o controversa entre os mu�ulmanos devido �s narra��es prof�ticas que pro�bem fortemente imagens associadas � idolatria e que rivalizam com a cria��o de Al�".

"No entanto, o profeta fez uma concess�o em rela��o a imagens e os estudiosos modernos permitiram imagens se elas servissem a um prop�sito �til", explica. "Todos os estudiosos mu�ulmanos permitem fotos e imagens de coisas que n�o t�m alma, como �rvores, pedras, paisagens e assim por diante. Essa concess�o foi dada por Ibn Abbas quando lhe foi pedido um julgamento sobre imagens."

Parente de Muhammad, Ibn Abbas � considerado, pelos mu�ulmanos, um dos primeiros especialistas em Alcor�o.

A proibi��o das imagens, conforme explica Barbosa, � baseada nos h�dices do profeta. S�o diversos os que versam sobre isso. "Segundo algumas opini�es, � totalmente proibido fazer imagens de coisas com uma alma. Essa � a opini�o mais estrita e a mais segura para os mu�ulmanos que desejam evitar imagens ilegais", contextualiza a especialista. "No entanto, existem fortes evid�ncias que sugerem que n�o s�o as imagens em si mesmas que s�o ilegais, mas � a inten��o para a qual elas s�o usadas."

"Desde o in�cio, o profeta Muhammad havia proibido o desenho da imagem dele, pelo medo de que as pessoas pudessem adot�-la como �cone de adora��o, de idolatria", diz Kus.


Representação de Maomé
"Desde o in�cio, o profeta Muhammad havia proibido o desenho da imagem dele, pelo medo de que as pessoas pudessem adot�-la como �cone de adora��o, de idolatria", diz Atilla Kus (foto: Getty Images)

Maom� ou Muhammad?

O l�der religioso acabou ficando conhecido, em portugu�s, como Maom�. Para mu�ulmanos e estudiosos do isl�, contudo, a translitera��o n�o � bem-vinda — pode soar at� como ofensiva. N�o h� um consenso, contudo.

A antrop�loga Barbosa cita um estudo realizado pela Universidade Jean Moulin Lyon 3, da Fran�a, para argumentar que houve uma "deforma��o" do nome do profeta do isl� que remonta � Idade M�dia.

Nas primeiras tradu��es latinas do Alcor�o, o livro sagrado dos mu�ulmanos, Muhammad foi transcrito como Mahumet ou Mahomet. "Alguns mu�ulmanos na Fran�a acreditam que 'Mahomet' tenha sido forjado a partir de um raiz xen�foba denegridora, ou que tenha vindo de 'ma houmid', express�o que significaria 'o indigno de louvor'", aponta Barbosa.

Ela lembra que esse nome n�o foi o �nico a ser distorcido durante a transi��o do �rabe para o l�tim. "Nomes de grandes estudiosos mu�ulmanos sofreram o mesmo destino, sem que isso tenha dado origem � menor disputa. Como o fil�sofo Ibn Sina [estudioso que viveu entre 980 e 1037], que se tornou Avicena", comenta ela. "A corruptela do nome foi seguida em Portugal. Muhammad para Mahumet e, da�, Maom�."

"Eu acredito que o uso do nome Maom� � inapropriado e errado, pois por mais que os prenomes sejam traduz�veis, os nomes de pessoas que marcam a hist�ria geralmente s�o preservados em sua forma original", argumenta Kus.

� uma verdade parcial. Kus usa como exemplo o fato de que o atual monarca do Reino Unido seja tratado, no Brasil, como Rei Charles 3º, e n�o Rei Carlos 3º. Entretanto, muitos pa�ses "traduzem" o nome do brit�nico, chamado de Carlos em Portugal, Carlo na It�lia e Karel na Eslov�nia, por exemplo.

E mesmo no Brasil h� uma tradi��o de translitera��es, considerando outras figuras hist�ricas. Nas escolas, por exemplo, � comum que o pr�ncipe neerland�s Willem Van Oranje (1544-1584) seja referido como Guilherme de Orange. E, navegando por searas religiosas, Mois�s � plenamente aceito como a vers�o em portugu�s de Mosh�, assim como Jesus � a maneira como se nomeia Yeshu.

Outro ponto levantado por Kus, contudo, merece reflex�o: para muitos seguidores do isl�, Maom� pode ter sido uma tradu��o mal-feita. "Acredito que devamos usar Muhammad ao inv�s de Maom� porque, com se pode ver, um nome n�o tem nada a ver com outro", argumenta o pesquisador. "Pelo que tenho visto, portugu�s e franc�s s�o os �nicos idiomas que fizeram essa adapta��o nada a ver com o nome original."

Segundo Kus, uma poss�vel explica��o seria por conta de "nomes de escravizados africanos que eram mu�ulmanos". "Um deles tem uma autobiografia, e se chamava Mahomah Baquaqua. Por�m, as adapta��es desses nomes n�o eram para substituir o original Muhammad. Era para derivar novos nomes para que as pessoas n�o ofendessem o nome do profeta", explica ele.

Nesse sentido, usar Maom� para se referir ao l�der religioso seria um contrassenso, � medida que a translitera��o torta teria sua origem justamente quando a ideia fosse n�o se referir a ele.

"Penso que isso pode ter sido uma translitera��o do nome para facilitar a pron�ncia", comenta a antrop�loga Barbosa. "No entanto, nenhum mu�ulmano no Brasil vai se referir ao profeta com esse nome. O incorreto para os mu�ulmanos � dizer que se segue a Maom�, ou se referir a eles como maometanos."

� uma pol�mica que j� foi discutida na imprensa. Entre 2001 e 2006, por exemplo, naquele contexto p�s-atentados do 11 de Setembro, a Folha de S. Paulo adotou a grafia Muhammad em vez de Maom�. Conforme explicou o jornalista Marcelo Beraba, ent�o ombudsman do jornal, em coluna publicada em 19 de mar�o de 2006, isso ocorreu porque havia o entendimento de "que Maom� era uma palavra ofensiva para os mu�ulmanos". E isso passou a constar inclusive do Manual de Reda��o utilizado pela publica��o.

Em seu texto, no entanto, Beraba justificou a volta do uso de Maom� argumentando que "uma translitera��o malfeita n�o significa que o termo transliterado seja uma ofensa". Em linhas gerais, contudo, a volta do termo outrora consolidado se apoiou, depois de tantas reclama��es de leitores, na tradi��o. "O questionamento principal [dos leitores] tinha como base a tradi��o. Por que dever�amos adotar uma grafia novas se t�nhamos uma consagrada, Maom�?", argumentou o jornalista.


Muhammad e seus seguidores indo para a batalha, fólio de um Hamla-yi Haidari, por volta de 1820. Artista desconhecido.
Muhammad e seus seguidores indo para a batalha, f�lio de um Hamla-yi Haidari, por volta de 1820. Artista desconhecido. (foto: Getty Images)

Di�logo interreligioso

Interessante notar que o isl�, nascido ap�s o juda�smo e o cristianismo, conserva em suas bases um di�logo com essas religi�es predecessoras. "Isso vem desde os prim�rdios", diz Kus. "Segundo a tradi��o isl�mica, quando o profeta Muhammad recebeu as primeiras revela��es cor�nicas aos seus 40 anos de idade e ficou espantado pela realidade sobrenatural que lhe aconteceu, Khadija, sua esposa, o levou at� um primo pr�ximo que era um estudioso crist�o das escrituras sagradas."

Esse primo, Waraqa ben Nawfal, teria sido quem lhe deu amparo sobre o ocorrido e o orientado sobre os pr�ximos passos. "Al�m disso, os primeiros mu�ulmanos foram bem recebido por reis crist�os como Najashi As-ham, da Abiss�nia, e Heracleio, do Imp�rio Bizantino", pontua Kus. "J� a rela��o com os judeus � muito mais estrita, conforme vemos na Constitui��o de Medina, que � meu objeto de estudo no meu livro de mesmo nome."

Ele ressalta que a maioria das figuras b�blicas, como Ad�o, No�, Mois�s, Jesus e Maria, faziam parte "de ensinamentos" do Alcor�o, sempre "como exemplos de f� e profetas de Deus". "Particularmente, No�, Abra�o, Mois�s e Jesus s�o citados como os maiores profetas e mensageiros enviados na hist�ria de toda a humanidade", comenta Kus.

"Jesus � conhecido e respeitado pelo islam como a palavra de Deus encarnada e concebida por Virgem Maria de forma milagrosa. Maria � a �nica mulher citada por nome como um exemplo de f� e devo��o e possui um cap�tulo do Alcor�o propriamente dedicado a ela."

Barbosa ressalta que Jesus e Mois�s s�o mais vezes citados no Alcor�o do que o pr�prio Muhammad.

-Este texto foi originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-63635739


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)