O terremoto de magnitude 7,8 matou 3.549 na Turquia e 1.602 na S�ria, de acordo com os balan�os das autoridades de Damasco e das equipes de resgate nas zonas rebeldes. Foi o segundo tremor mais forte em um s�culo e o mais letal dos �ltimos 24 anos. O governo turco calcula que 5.775 pr�dios tenham colapsado.
Na manh� desta ter�a-feira (7), as Na��es Unidas anunciaram que o fluxo de ajuda da Turquia para o noroeste da S�ria foi temporariamente interrompido devido a danos nas estradas e outros problemas log�sticos.
"Algumas estradas est�o danificadas, outras, inacess�veis. H� quest�es log�sticas que precisam ser resolvidas", disse � Reuters Madevi Sun-Suona, porta-voz das Na��es Unidas para a Coordena��o de Assist�ncia Humanit�ria. "N�o sabemos quando os servi�os ser�o retomados."
- Por que terremotos na Turquia s�o t�o devastadores?
El-Mostafa Benlamlih, coordenador da ONU em Damasco, disse � Reuters que muitas pessoas passaram a noite dormindo ao ar livre ou em carros, muitas vezes em temperaturas congelantes, sem acesso a itens b�sicos como jaquetas e colch�es.
"A infraestrutura foi danificada, assim com as estradas que usamos para trabalhos humanit�rios. Vamos ter que encontrar solu��es criativas para chegar �s pessoas", afirmou. Antes mesmo do tremor, a organiza��o estimava que mais de 4 milh�es de pessoas no noroeste do pa�s dependiam de doa��es que vinham de fora da fronteira.
O frio e o gelo tamb�m atrapalharam opera��es de resgate no sul da Turquia, segundo Murat Harun �ng�ren, coordenador da Akut. A organiza��o � uma das maiores da sociedade civil do pa�s em rela��o a resgate e ajuda humanit�ria. Ao jornal brit�nico The Guardian, �ng�ren afirmou que o risco dos que est�o presos sob escombros aumenta a cada hora. "Garantir que as pessoas recebam ajuda adequada nas primeiras 72 horas ap�s terremotos t�o grandes e catastr�ficos n�o � f�cil", disse.
O terremoto atingiu �reas remotas em que o resgate n�o foi suficiente, segundo moradores locais. � o caso de Ali �nl�, morador da cidade de Ad%u0131yaman que falou com o Guardian. Ele est� tentando remover a sua m�e das ru�nas da casa dela desde segunda-feira.
"Ap�s o terremoto, eu corri para a casa da minha m�e e vi o pr�dio colapsado. Fiquei devastado. Eu esperei equipes de resgate, mas eles n�o apareceram. Comecei a ligar para as autoridades, mas todas as linhas foram cortadas", afirma.

Na S�ria, at� mesmo a ajuda humanit�ria internacional pode ser impactada, segundo especialistas, j� que uma guerra civil assola o pa�s h� quase 12 anos, dividindo o territ�rio e dificultando o atendimento efetivo da popula��o.
"A S�ria continua sendo uma quest�o sombria, do ponto de vista legal e diplom�tico", afirmou Marc Schakal, diretor do programa do M�dicos Sem Fronteiras no pa�s. Em entrevista � ag�ncia de not�cias AFP, ele afirmou temer que ONGs locais e internacionais que atuam no territ�rio acabem sobrecarregadas, uma vez que a pr�pria negocia��o da ajuda humanit�ria com os pa�ses � sens�vel.
O regime de Bashar al-Assad est� isolado internacionalmente e � alvo de san��es —a R�ssia, um de seus poucos aliados, foi um dos �nicos pa�ses que prometeu o envio imediato de equipes de emerg�ncia, al�m de disponibilizar 300 militares russos acampados perto dali para ajudar nos resgates.
Enquanto isso, o embaixador da S�ria na ONU, Bassam Sabbagh, havia garantido que as ajudas recebidas seriam destinadas a "todos os s�rios, em todo o territ�rio". Mas imp�s uma condi��o: que os aux�lios sejam distribu�dos pelo pr�prio regime. "Os acessos a partir da S�ria existem e podem ser coordenados", afirmou o diplomata.
O problema � que prov�ncias como Idlib, reduto ao norte do pa�s controlado por rebeldes e jihadistas, n�o mant�m pontes com Damasco. Quase toda a ajuda humanit�ria que chega � �rea hoje vem da Turquia e passa pelo Bab al Hawa, um ponto de acesso criado a partir de uma resolu��o da ONU —e que, tanto para al-Assad quanto para Moscou, representa uma viola��o da soberania s�ria.
� frente da ONG francesa Mehad, Rapha�l Pitti, respons�vel pela ONG francesa Mehad, afirma que as �reas sob dom�nio de Damasco provavelmente receber�o ajuda internacional, "como sempre acontece h� dez anos". Mas teme que a popula��o de Idlib, que abriga 2,8 milh�es de refugiados em situa��o dram�tica, fique para tr�s, especialmente porque as autoridades turcas j� est�o sobrecarregadas com suas pr�prias �reas devastadas pelo terremoto.
Por ora, uma fonte do governo da Alemanha, um dos que se comprometeu com a S�ria, afirmou que eles pretendem usar "os canais habituais" das ONGs. Sob anonimato, disse que a ajuda deve chegar �s pessoas por todos os meios poss�veis.
A diretora da OMS (Organiza��o Mundial da Sa�de), Adelheid Marschang, chamou a aten��o para o fato de que Damasco possivelmente precisar� de mais ajuda da comunidade internacional do que seu vizinho, a curto e m�dio prazo, em raz�o de sua menor capacidade de resposta —a crise humanit�ria no pa�s se aprofundou ainda mais nos �ltimos meses, quando a popula��o j� havia passado a conviver com escassez de combust�vel e eletricidade em meio a um dos invernos mais rigorosos de sua hist�ria.
