A perfura��o foi obra do cons�rcio americano Texaco-Gulf. "Nesse dia, ministros e funcion�rios se banharam em petr�leo. Depois, o lan�aram no rio", diz � AFP Donald Moncayo, coordenador da Uni�o de Afetados pela Chevron-Texaco (UDAPT).
Foi "um bom come�o", ironiza o ativista desta organiza��o que re�ne v�rios povos ind�genas.
Aquele primeiro po�o no Lago Agrio, no nordeste do Equador, fechou em 2006 ap�s produzir quase 10 milh�es de barris.
No entanto, milh�es de hectares foram transformados na capital petroleira do Equador: uma paisagem cada vez mais repleta de po�os, oleodutos, caminh�es-tanque e refinarias.
As florestas da regi�o recuam � medida que a contamina��o se expande, denunciam os ativistas.
Atualmente, o Equador produz 500.000 barris di�rios, um volume que o presidente Guillermo Lasso prometeu duplicar.
O objetivo parece �bvio: a receita obtida com o petr�leo, cerca de 13 bilh�es de d�lares (cerca de 67,6 bilh�es de reais) ao ano, s�o essenciais para o desenvolvimento do pa�s e sua popula��o.
Mas para Moncayo, nascido h� 49 anos "a 200 metros de um po�o de petr�leo", a ind�stria petroleira � sin�nimo de pobreza e contamina��o em larga escala.
Desde a d�cada de 1990, ele se lan�ou em uma longa e dif�cil batalha legal contra a Texaco.
- Fracassos -
Em 30 anos de atividade, a empresa perfurou 356 po�os ao redor do Lago Agrio, cada um com fossas de reten��o (880 no total) que recolhiam restos de petr�leo, rejeitos t�xicos e �gua contaminada.
Cerca de 60 milh�es de litros desse l�quido foram vertidos no meio ambiente, segundo a UDAPT, contaminando a �gua usada na pesca, para beber e tomar banho.
Estas esp�cies de piscinas, que salpicam a floresta amaz�nica equatoriana, provocaram o que se considera uma das piores cat�strofes petroleiras da hist�ria.
Em 1993, cerca de 30.000 moradores de Lago Agrio, na prov�ncia de Sucumb�os, processaram a Texaco, ent�o de propriedade da Chevron, em um tribunal de Nova York. O caso foi arquivado por falta de jurisdi��o.
Os demandantes recorreram, ent�o, a tribunais mais pr�ximos.
Em 2011, a Suprema Corte de Justi�a equatoriana decidiu a favor da comunidade e condenou a empresa a pagar 9,5 bilh�es de d�lares (cerca de 16 bilh�es de reais em valores da �poca) em indeniza��es pela contamina��o de suas terras nativas.
Mas sete anos depois, a Corte Permanente de Arbitragem de Haia foi favor�vel � Chevron e � Texaco ap�s determinar que a decis�o da m�xima corte equatoriana tinha sido em parte "redigida de forma corrupta" pelos representantes dos demandantes, que tinham prometido subornar um juiz.
Os moradores tamb�m fracassaram em outros processos judiciais.
A Chevron sustenta que a Texaco gastou 40 milh�es de d�lares na limpeza ambiental da regi�o na d�cada de 1990 (cerca de 99 milh�es de reais em valores da �poca), antes de vender suas opera��es � empresa estatal Petroecuador.
E argumenta que a petroleira estatal equatoriana e o governo s�o respons�veis por qualquer limpeza restante, segundo os termos do acordo de venda.
- "Migalhas" -
Ao final de uma trilha estreita na floresta fica o Aguarico 4, abandonado em 1994. Perto dali, uma fossa de reten��o est� coberta por uma grossa camada de mat�ria org�nica que Moncayo remove com um pau at� revelar um l�quido viscoso e escuro.
Um riacho que passa perto da fossa est� visivelmente sujo, e o gado pasta em locais onde uma lama preta brota do ch�o.
"� assim em todas as partes", explica Moncayo, que usa luvas cir�rgicas.
Os vazamentos tamb�m s�o de petr�leo dos oleodutos: entre 10 e 15 ao m�s, segundo um estudo recente da Universidade de Quito.
A Petroecuador n�o respondeu aos pedidos de coment�rios da AFP.
Os conflitos entre os moradores da regi�o e a Petroecuador s�o resolvidos principalmente mediante indeniza��es ad hoc ou compromissos do governo para construir infraestruturas ou ampliar os servi�os.
Mas nem sempre � suficiente.
"Meus patos e galinhas come�aram a morrer. A �gua do po�o escureceu: era imposs�vel de beber e, inclusive de usar para lavar roupas. As meninas t�m problemas de pele", conta Francesca Woodman, propriet�ria de um s�tio pequeno no assentamento de R�o Doche 2, onde moram cerca de 130 fam�lias.
Francesca diz ter sido for�ada a ir embora com seus oito filhos devido � contamina��o por petr�leo.
"N�s aqui sofremos com a contamina��o, os vazamentos, a fuma�a das chamin�s, inalamos o p� dos caminh�es (tanque), enquanto eles ganham milh�es em Quito!", revolta-se outra moradora, Patricia Quinaloa.
Mas o assentamento R�o Doche 2 tamb�m � testemunho do conflito inerente entre a receita gerada pela ind�stria petroleira e a contamina��o.
"Enquanto tivermos um pouco de trabalho e dinheiro, embora sejam migalhas (...), a gente aceita" as condi��es, afirma Wilmer Pacheco, que trabalha como motorista para uma ONG local.
Dados oficiais mostram que os �ndices de pobreza nas tr�s prov�ncias amaz�nicas produtoras de petr�leo no Equador oscilam entre 44% e 68%, acima da m�dia nacional de 25%.
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Contamina��o na Amaz�nia, a mancha do 'boom' petroleiro no Equador
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