"Esses anos s�o muito importantes para a Maison, criada em 1947. Tamb�m queria fazer uma cole��o inspirada em Paris, porque temos uma ideia melhor do que aconteceu nos Estados Unidos na d�cada de 1950", disse � AFP a estilista italiana das cole��es femininas da Dior, Maria Grazia Chiuri.
Foi nessa �poca que Christian Dior inventou a famosa silhueta, batizada de New Look, para a mulher do p�s-guerra, simbolizada por tailleurs ajustados com saias rodadas na altura dos joelhos.
Mas o que mais interessa a Maria Grazia Chiuri s�o as mulheres que vestiam essas pe�as no contexto do "fervor intelectual" da �poca, ap�s a conquista do direito ao voto e a publica��o de 'O Segundo Sexo", de Simone de Beauvoir.
- Independente e punk -
Depois da cole��o de alta-costura que celebrou Jos�phine Baker em janeiro, a atual, de pr�t-�-porter, foi inspirada em tr�s clientes da marca: a irm� do estilista, Catherine Dior, resistente, florista e empres�ria, que se recusava a se casar; a musa dos existencialistas, Juliette Gr�co; e a cantora Edith Piaf. "Al�m de muito elegantes, elas tinham uma atitude meio punk", destacou Maria Grazia.
No desfile, as modelos evoluem ao som de "Je Ne Regrette Rien", na cenografia sinuosa de uma flor gigante concebida pela artista portuguesa Joana Vasconcelos. Batizada de "Miss Dior Valkyrie", ela evoca o esp�rito de Catherine Dior, "uma mulher forte e sens�vel", explica a artista.
"Ao contr�rio da ideia que temos de uma Miss Dior rom�ntica e fr�gil, na verdade trata-se de uma mulher bastante forte e independente, que faz coisas muito importantes em sua vida", ressaltou Maria Grazia. Essas tr�s musas, com perfis diferentes, "d�o uma ideia completamente diferente da Paris dos anos 1950".
- Materiais inovadores -
Para o outono-inverno 2023, essa feminilidade rebelde e contra a corrente ir� se expressar por meio de materiais inovadores, para tornar a linha menos r�gida, e de estampas florais reinterpretadas em uma textura que apaga os contornos do corpo.
Vestidos e saias pretos s�o produzidos em tecido de alta-costura, com fios de inox, que criam um efeito de relevo e enrugado.
"Esse relevo elimina totalmente a ideia do New Look, que � r�gido, e cria algo que se adapta a cada corpo e permite uma reinterpreta��o muito mais suave e pessoal dos anos 1950", explicou Maria Grazia.
- Saltos feministas? -
O salto no formato de v�rgula se imp�e em sapatos de bico fino. S�o usados com meias que revelam o contorno das pernas, uma evolu��o para a criadora italiana, que, antes, via o salto como algo antifeminista, embora tenha come�ado a introduzi-lo em propostas anteriores.
Atualmente, "existe muito mais liberdade, e j� n�o � mais necess�rio usar salto" para se impor no mundo do trabalho, considerou a estilista, ressaltando que sua cole��o tamb�m prop�e botas sem salto: "Gosto de criar cole��es para todas as ocasi�es."
CHRISTIAN DIOR
PARIS