PERGUNTA: Como a Costa do Marfim reduzir� sua depend�ncia das importa��es de alimentos?
RESPOSTA: A crise na Ucr�nia n�o provocou apenas danos, tamb�m deu ideias para que possamos produzir nossa pr�pria soberania alimentar.
Temos tido dificuldades no fornecimento de insumos de primeira necessidade, de trigo [importado principalmente de R�ssia e Ucr�nia]. Decidimos, consequentemente, afirmar que no lugar podemos produzir mandioca, e de sua farinha pode-se fazer p�o.
Nossa economia de base � a nossa agricultura, que representa 22% do PIB nacional. Produzimos caf�, cacau, h�vea (seringueira), que s�o cultivos rent�veis. Mas, hoje em dia pensamos em uma diversifica��o agr�cola.
Estamos entre os primeiros produtores de cacau, caju, noz-de-cola, mas n�o s�o produtos que n�s consumimos, e por isso nossa pol�tica desenvolve a produ��o de alimentos, verduras e hortali�as.
Queremos nos concentrar em uma produ��o local de inhame, mandioca e milho.
Com nosso programa de reativa��o agr�cola, come�amos a restaurar os instrumentos produtivos destru�dos pela crise. Mas dissemos a n�s mesmos que seria preciso ir mais longe, melhorar a conserva��o e a transforma��o dos alimentos. Grande parte da nossa produ��o n�o chega ao mercado, devido �s perdas posteriores � colheita, pela falta de centros de armazenamento e de usinas de transforma��o.
PERGUNTA: Como melhorar a transforma��o, sobretudo do cacau?
RESPOSTA: A Costa do Marfim representa 40% da produ��o mundial [de cacau]. Com Gana [20%], decidimos falar em un�ssono: para que os produtores sejam mais bem remunerados, devemos transformar localmente os nossos produtos.
Quando realizada na Costa do Marfim, onde oito milh�es de pessoas vivem do cultivo do cacau, a transforma��o em manteiga ou em p� aporta uma mais-valia aos produtores: a remunera��o chega de 25.000 a 30.000 francos CFA por quilo de cacau transformado (de 207 a 254 reais), frente aos 900 francos CFA por quilo bruto (7,58 reais).
Dizemos, ent�o, �s multinacionais que invistam na Costa do Marfim, que construam f�bricas para transformar as favas de cacau em chocolate, o que tamb�m reduzir� o custo de transporte para a Europa. E que se os produtores forem pagos de forma regular, as pessoas n�o v�o desmatar.
PERGUNTA: De que forma os pa�ses trabalham em conjunto para garantir a produ��o de alimentos no continente?
RESPOSTA: A �frica deve alimentar a �frica e, para isso, programas devem ser elaborados. Alguns pa�ses t�m dificuldades de produ��o, por incidentes clim�ticos ou falta de chuva. Na Costa do Marfim, podemos produzir mais e enviar o excedente aos pa�ses fronteiri�os.
Decidimos trabalhar juntos e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) anunciou um financiamento de 10 bilh�es de d�lares [aproximadamente 50,9 bilh�es de reais no fim de janeiro, para que a �frica se torne o principal fornecedor de seus pr�prios alimentos]. Na Costa do Marfim, estes recursos n�o v�o servir para financiar produtos rent�veis, mas cultivos de alimentos e de verduras e hortali�as.
PARIS