Em 20 de mar�o de 2003, Blair se juntou ao ent�o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na ofensiva ao Iraque de Saddam Hussein.
Para especialistas, a guerra - que buscava armas de destrui��o em massa que nunca foram encontradas - foi uma opera��o imprudente que agora afeta a capacidade das pot�ncias ocidentais de fazerem oposi��o � expans�o de regimes autorit�rios na R�ssia e na China.
Blair rejeita, no entanto, a ideia de que o presidente russo usou esse precedente para desafiar o Ocidente com seu ataque � Ucr�nia no ano passado e com a anexa��o da Crimeia em 2014.
"Se ele n�o tivesse usado essa desculpa, teria usado outra", disse o ex-l�der do Partido Trabalhista brit�nico em entrevista � AFP e �s ag�ncias de not�cias europeias Ansa, DPA e EFE.
Para ele, a compara��o n�o � poss�vel, porque Hussein provocou duas guerras regionais, desafiou in�meras resolu��es da ONU e lan�ou um ataque qu�mico contra seu pr�prio povo.
J� a situa��o da Ucr�nia � o oposto, alega o ex-premi�. O pa�s conta com um governo eleito democraticamente e que n�o apresentava amea�as aos seus vizinhos quando a R�ssia iniciou sua ofensiva, observa Blair, da sede de seu Institute for Global Change, no centro de Londres.
O posicionamento h� quase 20 anos enfraqueceu a figura do ex-primeiro-ministro como um mediador dos conflitos entre israelenses e palestinos depois que deixou o cargo em 2007.
Descrevendo-se como um defensor "muito fervoroso" de uma paz no Oriente M�dio que parece "distante neste momento", ele considera que os palestinos devem se inspirar em outro marco alcan�ado durante seu mandato, o Acordo de Paz na Irlanda do Norte.
- Irlanda do Norte -
O Acordo de Paz da Sexta-feira Santa foi assinado em 10 de abril de 1998 por Blair e seu hom�logo irland�s, Bertie Ahern, al�m de um enviado pelo ent�o presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton.
Na ocasi�o, paramilitares pr�-Irlanda concordaram em baixar suas armas e unionistas pr�-brit�nicos aceitaram compartilhar o poder regional ap�s tr�s d�cadas de conflitos que deixaram mais de 3.500 mortos.
"Eles mudaram de estrat�gia, e vejam o resultado", relembrou Blair, considerando que esta � a forma correta de negociar a paz.
Hoje, por�m, a regi�o est� mergulhada em uma nova crise pol�tica, com unionistas paralisando as institui��es regionais por quase um ano, em oposi��o �s consequ�ncias do Brexit.
- Reino Unido p�s-Brexit -
Para o ex-premi� de 69 anos, um poss�vel retorno do Reino Unido � Uni�o Europeia n�o ser� uma op��o vi�vel por muitos anos.
"A quest�o de saber se e como o Reino Unido volta � UE pertence a uma gera��o futura. Acho que essa � a realidade", diz o pol�tico que se op�s fortemente ao Brexit.
"Acho que, no momento, o debate no Reino Unido � mais sobre at� que ponto queremos reconstruir um relacionamento forte com a Europa, o que acho que dever�amos estar fazendo, e espero que os trabalhistas pensem o mesmo", disse.
Para ele, Reino Unido e UE t�m muitas quest�es a tratar em conjunto, como energia e clima, ou defesa e seguran�a, ap�s a invas�o russa na Ucr�nia, al�m dos investimentos em tecnologia.
"Acho muito importante tentar cooperar em tecnologia", acrescenta, "do contr�rio, a Europa, da qual o Reino Unido faz parte, ser� esmagada entre os dois gigantes da tecnologia, que s�o os EUA e a China, e talvez at� por um terceiro, a �ndia", conclui.
LONDRES