"N�o ser�amos s�rios e pecar�amos pela falta de bom senso, se propus�ssemos ao rei e � rainha consorte [Camilla] uma visita de Estado em meio �s manifesta��es", declarou Macron, em entrevista coletiva em Bruxelas, ao fim de uma c�pula da Uni�o Europeia.
Ap�s uma conversa pela manh� entre os dois chefes de Estado, Londres e Paris tomaram a decis�o de adiar a visita que estava prevista de domingo at� quarta-feira e que, segundo Macron, poderia acontecer no "in�cio do ver�o [no hemisf�rio norte]".
O Pal�cio de Buckingham assinalou que o casal real "espera com grande interesse a oportunidade de visitar a Fran�a assim que for poss�vel acertar datas". No entanto, Charles III manteve a etapa na Alemanha, que se tornar�, assim, o destino de sua primeira viagem como rei.
A convoca��o por parte dos sindicatos de uma nova mobiliza��o para a ter�a-feira (28) obrigou o adiamento da visita, especialmente depois da mobiliza��o de quinta, que gerou imagens de viol�ncia e dist�rbios em todo o pa�s.
Alguns manifestantes radicais atearam fogo no acesso � Prefeitura de Bordeaux (sudoeste), cidade que Charles III e Camilla visitariam na ter�a-feira. Uma homenagem no Arco do Triunfo, em Paris, e um jantar no Pal�cio de Versalhes completavam a agenda.
A oposi��o reagiu rapidamente ao an�ncio. O pol�tico �ric Ciotti (direita) criticou que o governo "n�o seja capaz de garantir a seguran�a de um chefe de Estado", e Jean-Luc M�lenchon (esquerda) comemorou que a "censura popular" tenha acabado com o "jantar de reis em Versalhes".
- 'Uso excessivo da for�a' -
Macron enfrenta, desde janeiro, forte oposi��o a seu plano de aumentar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos at� 2030 e de antecipar para 2027 a exig�ncia de contribuir por 43 anos, ao inv�s de 42, para receber a aposentadoria integral.
Ap�s semanas de manifesta��es multitudin�rias e pac�ficas, os protestos ganharam intensidade em 16 de mar�o, quando o presidente anunciou sua decis�o de adotar a reforma por decreto, devido ao temor de perder a vota��o no Parlamento.
Desde ent�o, centenas de pessoas, a maioria jovens, percorrem as ruas de Paris e outras cidades durante a noite, queimando ca�ambas de lixo e paletes, e entrando em confronto com a pol�cia.
Em uma entrevista na quarta-feira, Macron disse que "assumia" a "impopularidade" de sua reforma e criticou a oposi��o, os sindicatos e os manifestantes radicais "sediciosos", o que apenas piorou a situa��o.
No total, 457 pessoas foram detidas e 441 policiais e gendarmes ficaram feridos na quinta-feira, em protestos marcados por "cenas de caos" em Rennes (oeste), canh�es de jatos d'�gua em Lille (norte) e Toulouse (sul) e saques em Paris.
Em Bruxelas, Macron condenou esses atos e disse que "n�o ceder� � viol�ncia". Contudo, as autoridades est�o em xeque pelo "uso excessivo da for�a" contra os manifestantes, como denunciou o Conselho da Europa nesta sexta.
O ministro do Interior, G�rald Darmanin, anunciou que 11 casos de suposta viol�ncia policial est�o sendo investigados.
- Sem 'pausa' -
Para evitar um "drama" e sair da crise social, o l�der da CFDT - o principal sindicato -, Laurent Berger, prop�s a Macron "um tempo de escuta, di�logo e de pausar a reforma da Previd�ncia" por seis meses.
Entretanto, o presidente de 45 anos rejeitou qualquer "pausa", afirmando que a reforma deve seguir "seu caminho democr�tico", mas se colocou "� disposi��o" dos sindicatos uma vez que o Conselho Constitucional se pronuncie sobre a validade do decreto.
"O pa�s n�o pode parar", "seguimos avan�ando", ressaltou o presidente. Em sua defesa, o governo afirma que a reforma, que pretende aplicar "at� o fim do ano", busca evitar um futuro d�ficit no fundo de pens�es.
Mas o presidente est� sob press�o. Os analistas consideram que a capacidade de o governo aplicar o restante de seu programa de reformas at� 2027 est� em jogo. Al�m disso, 70% dos franceses consideram o governo respons�vel pela viol�ncia, de acordo com uma pesquisa feita ontem pela Odoxa.
� espera de uma solu��o para o conflito social, a oposi��o e os sindicatos se mant�m firmes. Nesta sexta-feira e no fim de semana, haver� novo cancelamento de trens e voos, enquanto continua a greve nas refinarias e na coleta de lixo em Paris.
PARIS