Trump inicia campanha em Waco, antigo reduto de uma seita armada nos EUA

Investigado por pagamentos indevidos, Donald Trump assegurou sua inoc�ncia, neste s�bado (25), ao realizar seu primeiro ato de campanha com vistas �s elei��es presidenciais americanas em 2024, na cidade texana de Waco, cen�rio h� 30 anos de um ataque mortal contra uma seita que entrou em confronto com autoridades federais.

"O procurador distrital de Nova York [Alvin Bragg], sob os ausp�cios e a dire��o do 'Departamento de Justi�a', em Washington, DC, esteve me investigando por algo que n�o � nem um crime, nem um delito, nem um caso", disse Trump a milhares de apoiadores reunidos na cidade.

Trump havia dito que seria preso - o que n�o ocorreu - em 21 de mar�o, em Nova York, pelo caso que envolve a atriz porn� Storny Daniels.

A acusa��o garante que a atriz recebeu 130 mil d�lares (cerca de R$ 560 mil) de Trump semanas antes das elei��es de 2016, supostamente para n�o falar do relacionamento amoroso entre os dois.

O pagamento, investigado pela Justi�a, poderia ter violado as normas que regem o financiamento das campanhas eleitorais e resultar em uma acusa��o criminal contra o ex-presidente de 76 anos.

"Eu nunca gostei da 'cara de cavalo'", disse Trump, usando uma express�o depreciativa para se referir � atriz. "Aquela n�o seria a escolhida. N�o h� outra. Temos uma �tima primeira-dama", acrescentou.

Seus apoiadores, que chegaram em trailers, caminhonetes e exibindo bandeiras com a frase "Trunp 2024" e seu c�lebre "Make America Great Again" (Fazer os Estados Unidos Grandes de Novo), se reuniram ao redor do aeroporto regional de Waco, cidade de 130.000 habitantes ao sul de Dallas, onde Trump far� seu discurso.

As autoridades locais esperam 15.000 pessoas no evento.

Waco � o "epicentro do movimento patri�tico", disse Peter Christian, de 55 anos, membro do grupo religioso Branch Davidians (Ramo Davidiano), agora chamado de "The Lord Our Righteousness" (O Senhor da nossa Retid�o).

Em 1993, o mundo assistiu por 51 dias entre o final de fevereiro e meados de abril o cerco do FBI a um rancho dos Branch Davidians em Waco, onde seguidores armados de seu l�der David Koresh se entrincheiraram.

Setenta e seis membros do culto, incluindo Koresh e 20 crian�as, foram encontrados mortos ap�s o inc�ndio no rancho. Quatro policiais tamb�m morreram durante confrontos com seus apoiadores semanas antes.

No local do incidente, onde agora existe um memorial que pode ser visitado, as bandeiras "Trump 2024" est�o hasteadas. � onde Peter Christian trabalha.

A equipe de campanha de Donald Trump n�o respondeu �s perguntas da AFP sobre a escolha de Waco para o encontro.

O ex-presidente, tamb�m sob a amea�a de investiga��es sobre a press�o eleitoral que exerceu na Ge�rgia (sudeste) em 2020 e da gest�o de arquivos sigilosos da Casa Branca, afirma frequentemente ser v�tima de um misterioso "deep state" (Estado profundo ou Estado nas sombras), uma alega��o considerada uma teoria da conspira��o.

- Querem "silenci�-lo" -

Para Trump, a revista de sua casa na Fl�rida pelo FBI foi "um abuso de poder", enquanto chama as investiga��es contra ele de "uma ca�a �s bruxas".

Sua visita a Waco � uma reconex�o com um p�blico que o aplaude. Seus apoiadores o aguardam em um clima festivo e n�o d�o relev�ncia �s acusa��es contra ele.

"N�o aconteceu nada com Stormy Daniels, tudo est� sendo distorcido para faz�-lo ficar mal porque (...) est� derrubando todos os criminosos neste sistema de elite e nunca antes isso tinha sido feito", disse � AFP Kelly Heath, de 49 anos, usando um bon� rosa com a inscri��o "Trump Girl" (Garota Trump).

Para esta apoiadora vinda da Ge�rgia (sul), est�o tentando "silenciar" o ex-presidente.

Nas imedia��es do local, perto do aeroporto de Waco, Louis, um aposentado de 72 anos que n�o quis revelar seu sobrenome, diz ao seu neto de 16 anos que "todos os presidentes tiveram amantes. Por que n�o ele?"

Julie, vinda de Tyler, no Texas, que n�o quis revelar nem seu sobrenome, nem sua idade, afirma que o caso Stormy Daniels "n�o � grande coisa. Ela veio do nada ver quanto dinheiro poderia tirar" de Trump.

Muitas tendas vendem v�rios produtos com a marca Trump, de bon�s com as frases "Trump 2024" e "Trump Girl" a uma camiseta branca com o lema "Deus, armas, Trump em Waco, Texas". Um cartaz diz, "os democratas s�o comunistas".

Este encontro d� ao republicano a chance de impulsionar sua campanha, enquanto nem todo o partido o apoia, embora v�rias pesquisas de opini�o o apontem como o ganhador das prim�rias.

O bilion�rio insiste em falar de uma "fraude" nunca provada nas elei��es presidenciais de 2020, quando foi derrotado pelo democrata Joe Biden.

Trump tamb�m viu parte da direita - particularmente seus doadores ricos - voltarem os olhares para um novo personagem, o governador da Fl�rida, Ron DeSantis, de 44 anos, que ainda n�o lan�ou sua candidatura, mas se alinha como um de seus maiores advers�rios na disputa pela indica��o republicana em 2024.

Trump alertou no ano passado que DeSantis n�o se candidate, pois se o fizer, amea�ou revelar coisas sobre ele "pouco lisonjeiras".