"Temos a impress�o de que estamos diante de um governo surdo (...) que Emmanuel Macron n�o est� nem um pouco interessado no que est� acontecendo em seu pr�prio pa�s", disse � AFP Elise Bouillon, estudante de Arquitetura e Urbanismo, que protestou em Paris contra o que chamou de reforma "injusta e brutal".
S�mbolo do descontentamento, um sinalizador lan�ado durante um confronto entre um grupo de manifestantes radicais e as for�as de seguran�a incendiou parte do toldo do restaurante La Rotonde, em Paris, um local apreciado pelo presidente Macron, antes da r�pida interven��o dos bombeiros.
Para aumentar a press�o sobre os "s�bios" constitucionais, os sindicatos convocaram novos protestos para 13 de abril, levando cerca de 570.000 pessoas �s ruas nesta quinta, de acordo com o Minist�rio do Interior, e "quase dois milh�es", segundo as centrais sindicais.
Escolas e universidades foram bloqueadas, algumas viagens de trens foram canceladas, fluxo "quase normal" no transporte p�blico de Paris, bloqueios tempor�rios de acesso a cidades como Rennes, breve invas�o da sede do gestor de ativos BlackRock... Foram in�meras as a��es de protestos.
Uma reuni�o na quarta-feira (5) entre a primeira-ministra, �lisabeth Borne, e os l�deres sindicais serviu apenas para constatar que os dois lados mant�m suas posi��es inflex�veis e aguardam a decis�o do Conselho Constitucional, marcada para 14 de abril.
"A �nica solu��o � a retirada da reforma", reiterou nesta quinta-feira a nova l�der do sindicato CGT, Sophie Binet, para quem, diante da "profunda revolta", o governo "atua como se nada estivesse acontecendo" e "vive em uma realidade paralela".
O governo se nega a desistir da reforma, que aumenta idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030 e antecipa para 2027 a exig�ncia de contribui��o por 43 anos, e n�o mais 42, para o direito a uma pens�o integral. As medidas s�o rejeitadas por dois ter�os dos franceses, de acordo com as pesquisas.
- "Momento intermedi�rio" -
A apresenta��o da reforma em janeiro provocou uma onda de protestos, que ficou ainda mais radical em 16 de mar�o. Nessa data, o presidente Macron decidiu adotar a lei por decreto, devido ao temor de uma derrota no Parlamento, onde o governo n�o tem maioria absoluta.
As autoridades mobilizaram mais 11.500 guardas nesta quinta-feira. Segundo o Minist�rio do Interior, houve 111 detidos e 154 membros das for�as de seguran�a feridos nos protestos.
O governo afirma que elevar uma das menores idades de aposentadoria da Europa permitir� evitar um futuro d�ficit no fundo previdenci�rio, mas os cr�ticos afirmam que a reforma pune as mulheres com filhos e as pessoas que come�aram a trabalhar muito jovens.
Desde 7 de mar�o, quando os sindicatos mobilizaram 1,28 milh�o de pessoas, segundo a pol�cia, e 3,5 milh�es, de acordo com o sindicato CGT, as manifesta��es perderam intensidade. Em 28 de mar�o, entre 740.000 e 2 milh�es de pessoas sa�ram �s ruas.
A Fran�a vive, de acordo com o cientista pol�tico Dominique Andolfatto, um "momento intermedi�rio antes da decis�o do Conselho Constitucional".
Os primeiros n�meros indicam uma queda na participa��o. Sem dados oficiais, a CGT calculou a presen�a de 400.000 pessoas nas ruas da capital.
- "Crise democr�tica" -
Todas os olhares est�o voltados para o Conselho Constitucional. A decis�o sobre a validade, ou n�o, da reforma marcar� a evolu��o de um conflito social arraigado e que beneficia, segundo analistas e as pesquisas, a l�der de extrema direita Marine Le Pen.
O l�der do sindicato moderado CFDT, Laurent Berger, culpou Emmanuel Macron pela situa��o e fez um alerta ao presidente sobre a "crise democr�tica" e o "risco de ascens�o da extrema direita".
A equipe do presidente liberal de 45 anos rejeita a an�lise e destaca que a reforma estava no programa da campanha, com o qual ele conseguiu a reelei��o em 2022 com quase 59% dos votos no segundo turno contra Le Pen.
Para Andolfatto, uma "sa�da" poss�vel para a continuidade do movimento social, em caso de valida��o da reforma, � pressionar os integrantes do Conselho Constitucional para que aceitem o referendo sobre a idade de aposentadoria solicitado pela oposi��o de esquerda, o que bloquearia temporariamente a lei.
PARIS