Este adolescente transg�nero est� preocupado com as leis adotadas por v�rios estados conservadores para proibir os tratamentos hormonais para menores que n�o se identificam com seu sexo de nascimento.
"A �nica coisa que eu quero � que eles me deem a inje��o toda semana", diz, com convic��o.
Ele conta que se sente "menos deprimido", gra�as � testosterona, que bloqueia sua menstrua��o, aumenta os pelos e os m�sculos do corpo.
Leo mora em uma �rea rural da Pensilv�nia (nordeste), onde h� poucos "adolescentes queer". Por enquanto, t�m sido deixados em paz pelas autoridades locais. O que ele espera que continue assim - por sua pr�pria sa�de mental.
Antes de come�ar essas inje��es, revela, "eu me machuquei", sem entrar nos detalhes dessas dolorosas lembran�as.
Mais de 56% dos jovens trans tiveram ideias suicidas durante a vida, e 31% tentaram suic�dio, de acordo com a Academia Americana de Pediatria. Tamb�m s�o mais propensos � depress�o, ansiedade, dist�rbios alimentares, comportamentos de risco e mutila��o do que outros adolescentes.
"Estudos mostram que esses jovens se sentem melhor quando t�m meios para expressar o g�nero", com o qual se identificam, por meio de bloqueadores da puberdade, ou tratamentos hormonais, explica Jack Drescher, professor de psiquiatria da Universidade de Columbia.
- "Deprimidos" -
Mas, em nome dos efeitos irrevers�veis de alguns desses tratamentos, congressistas de uma d�zia de estados, como Idaho, Indiana e Ge�rgia, aprovaram leis para proibi-los, �s vezes acompanhadas de penalidades para os m�dicos que se arriscarem a viol�-las.
"Talvez protejam algumas crian�as, aquelas que est�o confusas, pensam que s�o transg�nero e depois se arrependem, mas fazem isso �s custas daqueles que se beneficiam desses tratamentos", lamenta o professor Drescher.
Para al�m da legisla��o sobre os tratamentos m�dicos, esses estados tamb�m multiplicam as leis para proibir estudantes trans de usarem banheiros de acordo com o g�nero com o qual se identificam, ou ainda, para excluir mulheres trans das equipes esportivas femininas.
"Por causa de todas essas leis, muitos jovens est�o muito deprimidos, n�o t�m mais f� no futuro", alerta Rachel Smith, uma mulher transg�nero de 47 anos que trabalha como terapeuta comportamental com jovens trans em Baltimore.
Segundo uma pesquisa feita pelo Trevor Project, associa��o de combate ao suic�dio que trabalha com jovens LGBTQIA+, 86% dos jovens trans, ou n�o-bin�rios, afirmam que esse frenesi legislativo teve um impacto negativo em sua sa�de mental.
- "Medo" -
Recentemente, tanto Rachel quanto Leo participaram do "dia da visibilidade trans" em Washington, D.C., onde uma artista vestida de branco e manchada de sangue falso chamou a aten��o para o risco de suic�dio na comunidade.
A terapeuta considerou essa a��o ben�fica, apesar do risco de agravar a ang�stia dos pais, apavorados com o contexto atual.
"Tenho medo pelos meus filhos", desabafa Jaclynn, uma m�e de 44 anos que mora em uma cidade na Carolina do Norte (leste).
De seus quatro filhos, um � transg�nero, e outro, queer.
"Ambos est�o fazendo terapia, e um deles j� tentou suic�dio", diz.
"Foi em parte por isso" que ela levou os dois para o ato em Washington: para ajud�-los a se sentirem acompanhados.
As pessoas trans e suas fam�lias temem que esse clima gere hostilidade.
O padrasto de Leo, que o acompanhou ao protesto em Washington, disse se sentir aliviado, porque "ningu�m gritou com eles".
No dia seguinte, por�m, na capital, um pequeno grupo de ativistas de extrema-direita atacou ativistas que levavam cartazes com frases como "Protejam a juventude trans", em frente � Suprema Corte.
A pol�cia intercedeu rapidamente, e ningu�m ficou ferido.
WASHINGTON