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Estado de Minas KISHISHE

Ataques de rebeldes deixam cad�veres e valas comuns em vila na RD Congo


12/04/2023 09:45

Escondido nos banheiros externos de uma igreja, rezando para n�o ser encontrado, Michel foi testemunha do massacre perpetrado por rebeldes do Movimento 23 de Mar�o (M23) na vila de Kishishe, no leste da Rep�blica Democr�tica do Congo.

"Eles disseram para que se sentassem ao redor de um buraco e come�aram a atirar neles", lembra o homem, que usa um nome falso, sobre o massacre de 29 de novembro em sua igreja adventista.

Neste dia, pelo menos 171 civis da vila de Kishishe foram assassinados pelo M23, de acordo com a ONU.

O ataque come�ou quando rebeldes atacaram a regi�o uma semana depois de lutar contra o ex�rcito congol�s e as mil�cias locais.

H� cerca de um ano, os combatentes do M23 - majoritariamente tutsi -, avan�am no territ�rio congol�s, assumindo o controle de importantes rodovias, cidades e postos fronteiri�os. Eles instalaram uma de suas bases nas imedia��es da aldeia por anos.

A tomada de Kishishe fez parte de uma rebeli�o contra as For�as Democr�ticas para a Liberta��o de Ruanda (FDLR), um grupo armado majoritariamente hutu fundado por ex-l�deres do genoc�dio no pa�s vizinho e exilados na RD Congo.

- Cheiro de morte -

Em 29 de novembro, as tropas do M23 come�aram a revistar casas e matar todos os homens que encontravam, a��o que n�o contou com a interven��o das for�as de seguran�a congolesas nem dos 'Capacetes Azuis' da ONU.

"Come�aram a matar para todos os lados", explica Michel. "Eles disseram que todos os homens que estavam aqui tinham que desaparecer da Terra", completou.

O agricultor de 40 anos lembra da morte de seus vizinhos. "At� o pastor e o filho dele foram mortos", contou ele emocionado.

No topo de uma colina ainda � poss�vel ver um forte do M23, que ainda parece presente na aldeia visto as c�psulas de granadas no ch�o encontradas entre trincheiras e postos de vigil�ncia.

Al�m da dificuldade de viver em um local arrasado pelo ataque, os moradores tamb�m passam mal com o cheiro forte dos corpos em decomposi��o.

A certa dist�ncia, surge um primeiro corpo em putrefa��o. Depois vem outro, e depois outros dois. "S�o maimai", guerrilheiros das mil�cias locais, diz um homem tapando o nariz.

Fabrice � outro morador da vila que garante ter presenciado a morte de 33 pessoas, inclusive de seus familiares, os quais precisou enterrar for�adamente pelo M23.

Dentre os pelo menos 171 mortos na regi�o, cerca de 120 foram recolhidos e registrados em uma lista manuscrita por uma figura de destaque da regi�o.

"Os Maimai vestiam roupa civil por cima do traje militar, por isso eles (M23) come�aram a entrar em cada casa", conta o homem, tamb�m sob anonimato.

"Se eles encontrassem um menino de 14 anos ou um homem, eles os matavam, mesmo que n�o tivessem armas. Foi assim que eles mataram pessoas em Kishishe", exclama.

- Superar o medo -

Outra lista circulou dentro da aldeia com apenas 18 v�timas. Uma testemunha diz que ela foi escrita na presen�a do M23 durante a visita de tr�s pessoas que vieram de Ruanda, em dezembro, e se apresentaram como jornalistas.

As conclus�es desta "investiga��o" foram posteriormente divulgadas por meios de comunica��o pr�ximos das autoridades ruandesas.

Apesar disso, especialistas das Na��es Unidas, da Uni�o Europeia e dos Estados Unidos criticaram Kigali por seu apoio � rebeli�o, pelo fornecimento de armas e muni��es e pela presen�a de tropas ruandesas em solo congol�s.

Com a sa�da dos rebeldes, a vida tenta voltar �s ruas de Kishishe, ainda que as feridas permane�am abertas.

Em uma das escolas que serviram de base para o M23, crian�as brincam em meio a restos de salas de aula queimadas e embalagens de muni��o. As aulas pararam no dia 22 de novembro, quando a aldeia foi tomada.

Nem o ex�rcito congol�s, nem a for�a regional da �frica Oriental destacada na regi�o ou os Capacetes Azuis ocuparam o vazio deixado pelos rebeldes, agora posicionados 20km a sudeste da aldeia.

Apesar do sentimento de abandono e descaso, os moradores de Kishishe tentam retomar suas vidas e superar o medo de um poss�vel retorno do M23.


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