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Estado de Minas KIEV

A 'dor imensa' das vi�vas de guerra ucranianas


17/04/2023 09:19

Olga Slychyk come�ou a temer o pior quando seu marido, Mikhailo, um engenheiro militar que serviu nas linhas de frente no leste da Ucr�nia, n�o ligou para ela em seu anivers�rio em janeiro.

Era comum n�o conseguir entrar em contato com seu marido de 40 anos por alguns dias, mas Olga sabia que se ele estivesse bem, teria conseguido um jeito de falar com ela no dia 14 de janeiro.

"Tinha certeza que ele iria me ligar ou dar um jeito de me parabenizar. Mas tive um pesadelo e sabia que algo estava errado", conta a mulher de 30 anos, com o filho Viktor, de dois anos, nos bra�os.

No dia seguinte recebeu a not�cia que tanto temia: Mikhailo morreu em Soledar, cidade no leste da Ucr�nia, que as tropas russas conquistaram no in�cio do ano.

Olga faz parte do n�mero crescente de mulheres que ficaram vi�vas desde a invas�o russa da Ucr�nia, lan�ada h� mais de um ano.

Nenhum dos lados divulgou o n�mero exato de soldados mortos, embora documentos de intelig�ncia dos Estados Unidos vazados recentemente forne�am n�meros de at� 17.500 soldados ucranianos mortos.

Olga entrou em um grupo online para vi�vas, que na �poca da morte do marido j� contava com mais de 300 integrantes. Agora esse n�mero � mais que o dobro.

- "O tempo n�o cura" -

Daria Mazur, de 41 anos, soube da morte de seu marido em 2014 depois de ver fotos de seu corpo coberto de sangue na imprensa russa ap�s um combate feroz no leste da Ucr�nia com separatistas pr�-russos apoiados pelo Kremlin.

"O tempo n�o cura. Voc� apenas se acostuma. Voc� aceita. Voc� aprende a viver com isso. E a dor se torna parte de voc�", explica ela em sua cozinha em Kiev, junto com fotos de seu marido, sorridente, com seus filhos nos bra�os.

"Estes homens d�o a vida para que possamos continuar vivendo", acrescenta, referindo-se aos ucranianos na linha da frente.

Foi precisamente esta necessidade de encontrar algo para seguir em frente que levou Oksana Borkun, que tamb�m perdeu o marido na invas�o russa, a criar a "We Have to Live" ("Temos que viver", em tradu��o livre), uma organiza��o de apoio �s vi�vas, � qual Olga se juntou.

"As mulheres enfrentam uma dor imensa, que pode fazer voc� perder a cabe�a. A vida ao seu redor continua e voc� precisa conversar com pessoas que possam te entender", explica Oksana.

A organiza��o arrecada dinheiro para as vi�vas, oferece apoio log�stico e emocional, mas acima de tudo fornece uma plataforma online para que elas possam conversar.

Meses ap�s a morte do marido, Olga se pergunta se o sacrif�cio dele valeu a pena.

"Ele me disse que iria [para a guerra] por mim e por Viktor", explica ela.

"Mas se voc� quer que eu esteja segura, bem, preciso de voc� ao meu lado, n�o em outro lugar", acrescenta, dirigindo-se ao seu falecido marido e tentando controlar as l�grimas.


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