A visita do chefe da diplomacia de Vladimir Putin ocorreu um dia depois que Lula retornou de uma viagem de tr�s dias a Pequim e Abu Dhabi, na qual prop�s uma media��o conjunta com a China e os Emirados �rabes Unidos para encerrar o conflito entre Kiev e Moscou e acusou os Estados Unidos de incentivar as hostilidades.
Para a Casa Branca, a mensagem de Lula sobre a guerra � "profundamente problem�tica".
"Neste caso, o Brasil est� papagueando a propaganda russa e chinesa sem observar os fatos em absoluto", afirmou nesta segunda a jornalistas, em Washington, o porta-voz do Conselho de Seguran�a Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, sem mencionar Lula.
"Os �ltimos coment�rios feitos pelo Brasil de que a Ucr�nia deveria considerar formalmente ceder a Crimeia como uma concess�o � paz s�o simplesmente equivocados, especialmente para um pa�s como o Brasil, que votou em sustentar os princ�pios de soberania e integridade territorial" nas Na��es Unidas, frisou.
O ministro das Rela��es Exteriores, Mauro Vieira, reagiu e disse discordar totalmente das cr�ticas americanas.
"N�o sei como ou por que ele (Kirby) chegou a essa conclus�o. Mas n�o concordo de forma alguma", disse Vieira a jornalistas em Bras�lia.
Vieira disse inicialmente n�o ter conhecimento das declara��es, mas defendeu os la�os entre a R�ssia e o Brasil, que "completam este ano 195 anos de rela��es diplom�ticas".
"S�o dois pa�ses que t�m uma hist�ria em comum", acrescentou o ministro.
Os ministros das Rela��es Exteriores do G7 advertiram nesta ter�a-feira que qualquer pa�s que ajudar a campanha militar russa enfrentar� "custos severos".
Reunidos no Jap�o, os chefes de diplomacia das principais economias do mundo prometeram medidas severas contra qualquer pa�s que ajudar a R�ssia a adquirir armas e evitar as san��es.
- Brasil "quer promover a paz" -
Lavrov, que iniciou uma viagem pela Am�rica Latina, entregou a Lula um convite de Putin para o pr�ximo f�rum econ�mico de S�o Petersburgo em junho, informou Vieira.
A troca de declara��es e a visita de Lavrov ocorrem no momento em que o Brasil promove a media��o internacional para a guerra na Ucr�nia, apresentando-se como um intermedi�rio neutro.
Em breve declara��o � imprensa ao lado de seu par brasileiro, Lavrov "agradeceu" os esfor�os do Brasil.
"Estamos agradecidos � parte brasileira (...) pela contribui��o de uma solu��o para o conflito", afirmou o chanceler.
Em sua primeira visita ao Brasil desde 2019, o diplomata russo reiterou que Moscou quer que o conflito na Ucr�nia seja "solucionado o mais rapidamente poss�vel". Por�m, "precisamos resolv�-lo de uma forma duradoura e n�o imediata", acrescentou.
Lavrov afirmou que Brasil e R�ssia t�m abordagens "semelhantes" sobre "as quest�es que est�o ocorrendo atualmente no mundo".
Os dois chanceleres condenaram as san��es das pot�ncias ocidentais contra Moscou pela guerra e defenderam uma reforma das institui��es internacionais, incluindo o Conselho de Seguran�a da ONU.
Questionado sobre as semelhan�as com a R�ssia em rela��o ao conflito, Vieira afirmou que o Brasil busca "promover a paz".
"A conversa (de Lavrov), tanto comigo como com o presidente Lula, n�o entrou em quadro de guerra. Falamos sobre paz. O presidente reiterou que o Brasil est� disposto a cooperar com a paz", acrescentou o ministro.
- Lula: EUA "incentiva" conflito -
O Brasil se recusa a fornecer armas � Ucr�nia.
No fim de semana, durante sua passagem por China e Emirados �rabes Unidos, Lula causou inquieta��o no Ocidente, ao acusar Washington de "incentivar" a guerra e afirmou que os Estados Unidos e Europa "precisam come�ar a falar sobre a paz".
O petista tamb�m reiterou sua opini�o de que a Ucr�nia compartilha com a R�ssia a culpa da guerra, algo que o pa�s invadido recha�a com veem�ncia.
"Obviamente, queremos que a guerra acabe", declarou Kirby. "Isto pode acontecer hoje, agora, se o senhor Putin parar de atacar a Ucr�nia e retirar suas tropas."
Lavrov disse neste m�s que a R�ssia quer que as conversa��es de paz se concentrem na cria��o de uma "nova ordem mundial", j� que Moscou rejeita "um mundo unipolar dirigido por uma hegemonia", em refer�ncia aos Estados Unidos.
Brasil e R�ssia fazem parte do grupo Brics de pa�ses emergentes, junto com �ndia, China e �frica do Sul.
BRAS�LIA