O conflito ucraniano ser� abordado nas conversas entre Lula e o primeiro-ministro portugu�s, Ant�nio Costa, no s�bado (22), informou o Itamaraty.
A visita a Portugal at� ter�a-feira (25) faz parte do "relan�amento das rela��es do Brasil com a Europa", disse a embaixadora Maria Luisa Escorel de Moraes, secret�ria do Itamaraty para o continente europeu.
"Portugal seria a porta de entrada do Brasil na Uni�o Europeia", acrescentou.
Lula provocou pol�mica ao afirmar no �ltimo s�bado (15), em Pequim, que os Estados Unidos devem parar de "incentivar" a guerra na Ucr�nia, iniciada em fevereiro de 2022 com a invas�o russa e que gerou duras cr�ticas de Washington.
Ele tamb�m reiterou que Kiev divide a responsabilidade pelos ataques com Moscou e recebeu nesta segunda-feira em Bras�lia o ministro das Rela��es Exteriores da R�ssia, Sergei Lavrov, que "agradeceu" pelos esfor�os brasileiros para acabar com o conflito.
No in�cio de seu mandato, Lula promoveu um exerc�cio de equil�brio, ao visitar o presidente americano, Joe Biden, na Casa Branca, em fevereiro, e estreitar os la�os com a China, principal parceiro comercial do Brasil.
Agora "a balan�a est� um pouco desequilibrada", disse � AFP Pedro Brites, professor da Escola de Rela��es Internacionais da Funda��o Getulio Vargas.
A viagem europeia ser� uma oportunidade para fazer um "reajuste" e "mostrar que acredita na vis�o democr�tica global que a Europa defende", acrescenta.
- Pr�mio a Chico Buarque -
Em Portugal, Lula ser� recebido com honras no s�bado pelo presidente portugu�s, Marcelo Rebelo de Sousa.
Ap�s o almo�o com o primeiro-ministro, os dois governantes v�o realizar um encontro de alto n�vel e assinar uma dezena de acordos de coopera��o nas �reas de espa�o, energia, ci�ncia, educa��o e turismo, entre outros.
Na segunda-feira, v�o inaugurar um f�rum empresarial no Porto com 150 representantes dos dois pa�ses. De volta a Lisboa, presidir�o a entrega do Pr�mio Cam�es, o mais alto pr�mio da literatura de l�ngua portuguesa, ao compositor e cantor brasileiro Chico Buarque.
Na ter�a-feira (25), mesmo dia em que Portugal comemora a Revolu��o dos Cravos, que p�s fim � �ltima ditadura do pa�s em 1974, Lula discursar� em sess�o especial perante o Parlamento. A extrema direita portuguesa convocou manifesta��es.
Na Espanha, entre ter�a e quarta-feira, Lula participa de um f�rum empresarial, re�ne-se com o chefe de governo, Pedro S�nchez, e assistir� a um banquete com o rei Felipe VI, informou o Itamaraty, sem dar mais detalhes.
- Entender a neutralidade -
Diante da guerra na Ucr�nia, a posi��o do Brasil se choca com a de Portugal e Espanha, membros da Organiza��o do Tratado do Atl�ntico Norte (Otan). O pa�s sul-americano se recusou a impor san��es a Moscou e a enviar muni��o para a Ucr�nia.
Lula prop�e uma media��o internacional e apresenta o Brasil como intermedi�rio neutro.
Mas, depois de acusar os Estados Unidos de continuarem a incentivar a guerra, Washington criticou o Brasil por "repetir como um papagaio a propaganda russa e chinesa". O G7 alertou sobre os "custos severos" para aqueles que ajudam a R�ssia em sua guerra contra a Ucr�nia.
J� o governo ucraniano convidou Lula a visitar Kiev para "entender" a realidade da agress�o de Moscou.
"O Brasil entende a neutralidade na perspectiva de entender pragmaticamente o conflito sem condenar as partes", explicou Brites � AFP.
Lula, que j� governou o Brasil de 2003 a 2010, prometeu devolver o gigante latino-americano � vanguarda da geopol�tica mundial, ap�s o isolamento provocado por seu antecessor de extrema direita, Jair Bolsonaro.
Para o professor Pedro Brites, embora a visita de Lula a Washington tenha sido sua segunda viagem internacional ap�s a posse em 1� de janeiro, seu governo prioriza o chamado "Sul Global". E muitos dos pa�ses que o comp�em, incluindo a �ndia, n�o condenam a R�ssia pela guerra.
Apesar disso, Lula, que na semana passada foi inclu�do entre as 100 pessoas mais influentes da revista Time, moderou o tom na ter�a-feira (18) e condenou a "viola��o da integridade territorial da Ucr�nia".
Ele est� "testando onde pode pisar com mais calma", acrescenta o analista.
BRAS�LIA