Mudan�a clim�tica possibilitou seca recorde na regi�o do Chifre da �frica

A seca hist�rica que afeta a regi�o do Chifre da �frica � consequ�ncia de uma combina��o de escassez de chuvas com temperaturas elevadas que n�o poderia ter acontecido sem as emiss�es humanas de gases do efeito estufa, afirma um relat�rio cient�fico publicado nesta quinta-feira (27).

"A mudan�a clim�tica provocada pelas atividades humanas tornou a seca agr�cola no Chifre da �frica quase 100 vezes mais prov�vel", afirma um relat�rio do grupo World Weather Attribution (WWA), uma rede mundial de cientistas que avalia a rela��o entre eventos meteorol�gicos extremos e os transtornos do clima.

Os pa�ses do Chifre da �frica (Eti�pia, Eritreia, Som�lia, Djibouti, Qu�nia e Sud�o) enfrentam desde o fim de 2020 a pior seca nesta enorme pen�nsula do leste continente em quatro d�cadas.

Cinco temporadas de chuvas insuficientes dizimaram o gado e destru�ram as planta��es.

De acordo com a ONU, quase 22 milh�es de pessoas est�o amea�adas pela fome na Eti�pia, Qu�nia e Som�lia, um pa�s que tamb�m enfrenta uma insurrei��o isl�mica.

De acordo com os 19 cientistas que elaboraram o relat�rio, a mudan�a clim�tica teve "pouco efeito nas chuvas anuais recentes". Mas influenciou muito a eleva��o das temperaturas, que acelera a evapotranspira��o, o que resulta em um ressecamento recorde dos solos e das plantas.

"Foi por causa da mudan�a clim�tica que esta seca se tornou t�o grave e excepcional", resumiu a climatologista Joyce Kimoutai, que est� no grupo que redigiu o documento.

A rede WWA � uma organiza��o respeitada por sua capacidade de demonstrar os v�nculos entre fen�menos meteorol�gicos extremos e o aquecimento global.

Seus resultados n�o seguem o longo processo de publica��o das revistas cient�ficas e s�o elaborados com base em uma metodologia cient�fica. Neste caso, a WWA baseou seu estudo em tr�s das �reas mais afetadas do Chifre da �frica: o sul da Eti�pia e Som�lia e o leste do Qu�nia.

A rede verificou que nestes territ�rios a desregulamenta��o clim�tica modificou as duas esta��es chuvosas de forma oposta. Ou seja, a esta��o mais chuvosa "tornou-se mais seca e um d�ficit de chuvas foi duas vezes mais prov�vel", enquanto "a esta��o curta tornou-se mais �mida".

O relat�rio destaca que a mudan�a clim�tica est� afetando os per�odos de chuva de maneiras opostas. A esta��o mais prolongada de chuvas "tornou-se mais seca e um d�ficit de precipita��es � duas vezes mais prov�vel", enquanto "a esta��o curta ficou mais �mida".

Nos �ltimos anos, no entanto, "a tend�ncia �mida da temporada curta foi acobertada pelo fen�meno clim�tico La Ni�a", que diminui as chuvas tropicais e para o qual n�o h� evid�ncias de que seja influenciado pela mudan�a clim�tica.

Al�m da converg�ncia de fatores tamb�m existe o aumento das temperaturas, que provocou um ressecamento recorde de solos e das plantas. Tudo isso contribuiu para uma sucess�o de cinco temporadas com secas hist�ricas.

"A mudan�a clim�tica � uma condi��o necess�ria para que uma seca t�o grave aconte�a", ressaltam os cientistas.

Raras at� agora, estas secas t�m 5% de probabilidade de se repetir a cada ano, segundo o relat�rio.