O narcotr�fico � mais do que um neg�cio ilegal, cruel e milion�rio. Seu vasto impacto cultural � paradoxalmente resumido no prefixo narco: narcoest�tica, narconovela, narcom�sica.
"NarColombia", � como Omar Rinc�n, um dos acad�micos que mais pesquisou sobre o fen�meno, abrevia ironicamente.
Apesar das campanhas oficiais para limpar a imagem do pa�s, a influ�ncia do narcotr�fico est� presente na linguagem, na arquitetura e no entretenimento.
"Consumo, logo existo. Nada melhor para expressar o gosto e a �tica capitalista do que o narcotr�fico", acrescentou em declara��es � AFP.
Uma atividade ilegal que representa de 2 a 3% do PIB da Col�mbia, segundo estimativas da Comiss�o Global de Pol�ticas sobre Drogas. A pr�tica construiu uma est�tica "ostentadora, exagerada, grandiosa", embora de "mau gosto" para outros, apontam Rinc�n e outros acad�micos em seu texto "NarColombia".
- Culto da masculinidade -
Em 2005, o escritor Gustavo Bol�var escandalizou com seu romance "Sem tetas n�o h� para�so", a pavorosa hist�ria de mulheres pobres que aumentaram os seios para deslumbrar os bandidos.
A narcoest�tica "� sempre contada em tom masculino, na exibi��o da virilidade, na exibi��o do consumo (...) nunca poderia ter uma est�tica feminista, de empoderamento da mulher ou autonomia corporal", observa Rinc�n.
Mas para os "traquetos" (mafiosos) e seus bandidos, fortemente influenciados pela religi�o cat�lica, a figura materna � sagrada at� mesmo em Medell�n, cidade natal de Escobar.
Na d�cada de 1980, os narcotraficantes adotaram como padroeira a Virgem de Sabaneta, conhecida como a "Virgem dos Assassinos", uma adora��o amplamente documentada pelos acad�micos e pela literatura.
- S�ries, can��es e hipop�tamos -
Em dezembro de 1993, fugindo pelo telhado de uma modesta casa em Medell�n, caiu o maior bar�o colombiano das drogas.
Respons�vel por 3.000 homic�dios em sua guerra aberta contra o Estado colombiano, Escobar morreu nas m�os da pol�cia em uma opera��o que contava com o apoio de agentes norte-americanos e dos inimigos do narcotraficante.
Quase tr�s d�cadas ap�s sua morte, Escobar sobrevive na cultura popular.
V�rios livros, filmes, s�ries e can��es relembram o terror e o fasc�nio provocado por sua figura.
Das girafas ou elefantes e outros animais ex�ticos que introduziu ilegalmente em seu jardim zool�gico privado - instalado na chamada Hacienda N�poles -, os famosos hipop�tamos sobrevivem at� hoje.
Eles continuaram se reproduzindo em um bom ritmo ap�s o desaparecimento do mais famoso chef�o da coca�na.
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