"A liberdade de imprensa representa o elemento fundamental de todos os direitos humanos", mas "� atacada em todos os lugares do mundo", disse o secret�rio-geral da ONU, Ant�nio Guterres, em uma mensagem por v�deo em uma confer�ncia organizada pela Unesco na sede das Na��es Unidas, em Nova York.
"Os jornalistas e os empregados dos meios de comunica��o s�o alvo de ataques diretos no desempenho fundamental de seu trabalho e fora da internet. S�o assediados, intimidados, detidos e presos sistematicamente", alertou.
Ainda que n�o tenha citado nomes ou pa�ses, outros participantes lembraram casos individuais, como o do jornalista americano do The Wall Street Journal, Evan Gershkovich, detido na R�ssia por acusa��es de espionagem que ele nega.
"Venho de um pa�s, o Ir�, onde ser jornalista � um delito. Venho de um pa�s onde ser jornalista, cidad�o jornalista pode representar pris�o, que te matem ou que te torturem", disse a jornalista e defensora dos direitos das mulheres Masih Alinejad, que vive exilada nos EUA.
Segundo a organiza��o de defesa da liberdade de imprensa Rep�rteres sem Fronteiras, 55 jornalistas e quatro colaboradores foram assassinados em 2022 no exerc�cio de suas fun��es.
Trata-se de uma situa��o "inaceit�vel", denunciou a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, lembrando que muitos jornalistas foram assassinados "em suas casas, diante de suas fam�lias".
E mesmo que depois de 30 anos tenha havido avan�os a favor da liberdade de imprensa, particularmente na legisla��o que garanta o acesso � informa��o, "necessitamos tamb�m de muita lucidez, nada est� garantido, muito pelo contr�rio", disse.
- "Avalanche" de desinforma��o -
Para al�m dos ataques a jornalistas, "a avalanche da era digital modifica completamente o cen�rio da informa��o", advertiu Azoulay. E acrescentou: "Necessitamos mais do que nunca" dos jornalistas.
"A verdade est� amea�ada pela desinforma��o e pelos discursos de �dio, que tentam deturpar os limites entre realidade e fic��o, entre ci�ncia e conspira��es", disse, por sua vez, o secret�rio-geral da ONU.
Guterres tamb�m alertou para o "aumento da concentra��o da ind�stria dos meios de comunica��o nas m�os de alguns poucos e da fal�ncia de muitos meios independentes".
"A tecnologia, que deu aos jornalistas a possibilidade de chegar ao povo em qualquer lugar, minou o modelo econ�mico da informa��o" disse Arthur Gregg Sulzberger, diretor do The New York Times.
"A internet tamb�m provocou a avalanche de desinforma��o, propaganda, coment�rios e conte�dos intencionais que agora dominam o ecossistema da informa��o, afogando o nosso jornalismo confi�vel", disse.
"Quando a imprensa livre se enfraquece, � seguida quase sempre da eros�o da democracia. E sem surpresas, esse per�odo de fragilidade da imprensa coincide com a desestabiliza��o das democracias e o est�mulo �s autocracias", recordou.
Por isso, � "urgente e imperativo que os Estados reiterem e renovem seu compromisso com a prote��o e a promo��o de meios independentes, livres e plurais, pilares fundamentais da democracia", avaliaram em declara��o conjunta os relatores sobre a liberdade de express�o da ONU, da OSCE, da Organiza��o de Estados Americanos e da Comiss�o Africana de Direitos Humanos e dos Povos.
"Infelizmente, a censura se tornou a posi��o de muitos governos para controlar o que a sociedade sabe e submet�-la � sua vontade", disse Agn�s Callamard, secret�ria-geral da Anistia Internacional.
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