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Um j�ri de Nova York considerou o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump culpado da acusa��o de abuso sexual e difama��o contra a escritora americana Elizabeth Jean Carroll. O veredicto pode ser um pren�ncio dos danos pol�ticos e legais que v�m pela frente.
Embora a decis�o n�o abale a base de Trump dentro do Partido Republicano, na qual seus partid�rios veem o sistema jur�dico dos EUA com ceticismo e o apoiaram em todos os momentos de adversidade, ela pode ter um impacto duradouro.
A resposta de dois senadores republicanos destaca o risco que este momento representa para a candidatura de Trump � Casa Branca em 2024.
"Tem um efeito cumulativo", disse o senador John Thune, de Dakota do Sul. "As pessoas v�o ter que decidir se querem lidar com todo o drama."
John Cornyn, do Texas, disse: "Acho que ele n�o consegue ser eleito. Voc� n�o consegue ganhar uma elei��o geral apenas com sua base."
No fim das contas, Trump pode ter sido seu pior inimigo neste caso.
O ponto central do processo movido por Carroll foi o depoimento do ex-presidente, no qual ele parecia, ao mesmo tempo, depreciativo e defensivo. Ele explicou que o infame v�deo "Access Hollywood", no qual se gabava de agarrar as mulheres pelos �rg�os genitais, refletia uma verdade hist�rica sobre o poder das celebridades — "infelizmente ou felizmente".
Felizmente?
Trump afirmou que tanto Carroll quanto outra mulher que testemunhou que ele a havia agredido sexualmente n�o eram seu tipo — defini��o que ele tamb�m aplicou, voluntariamente, � advogada que conduzia o depoimento.
Para um j�ri que avaliava se Trump era o tipo de pessoa capaz de abuso sexual — ou, pelo menos, se ele tinha mais credibilidade do que a pessoa que o acusava —, foi sem d�vida uma atitude equivocada.
Ele tamb�m identificou erroneamente uma fotografia de Carroll como sendo de sua ex-mulher, Marla Maples, comprometendo diretamente a afirma��o de que "n�o � o seu tipo".
Nas elei��es presidenciais de 2020, os eleitores dos sub�rbios, sobretudo as mulheres, se distanciaram do tipo de pol�tica impetuosa de Trump. A decis�o do j�ri neste caso s� pode afastar esse tipo de eleitor ainda mais dele.
O ex-presidente adotou um tom desafiador em sua plataforma de rede social, chamando o veredicto de uma desgra�a e insistindo que n�o tinha ideia de quem era "esta mulher".
Fora do tribunal, seu advogado disse a rep�rteres que Trump entraria com um recurso.
At� agora, o ex-presidente fez uma campanha relativamente disciplinada para reconquistar a Casa Branca em 2024. Sua equipe construiu metodicamente o apoio popular nos principais estados do pa�s para as prim�rias. Os ataques focados em seu advers�rio conservador, o governador da Fl�rida, Ron DeSantis, parecem estar causando estragos. Ele conseguiu transformar seu indiciamento em Nova York em uma medalha de honra entre sua base.
Mas a condena��o por abuso sexual e difama��o pode dar a seus advers�rios republicanos uma brecha para atacar. Se eles conseguirem abal�-lo como o advogado de Carroll, for�ando Trump a sair do script e a se colocar na defensiva, isso pode levar um candidato aparentemente no controle do seu partido a cometer mais erros por conta pr�pria.
No m�nimo, � outra primeira vez hist�rica para um ex-presidente que j� enfrenta uma acusa��o criminal e possivelmente outras pela frente.
At� agora, Trump minimizou essas quest�es legais. Mas a decis�o do j�ri de Nova York desfere um golpe contra o ex-presidente de uma forma que meras "investiga��es" n�o fazem. Um j�ri formado por americanos comuns considerou as evid�ncias e concluiu que Trump agiu errado.
Nada disso � um bom press�gio para as outras dores de cabe�a legais, incluindo a investiga��o do procurador especial Jack Smith sobre o envolvimento do ex-presidente na invas�o do Capit�lio e o manuseio de documentos confidenciais depois que ele deixou a Casa Branca, assim como as investiga��es da Ge�rgia sobre a tentativa de Trump de reverter os resultados das elei��es presidenciais de 2020 no estado.
Embora seja extremamente improv�vel que Trump deponha perante o tribunal se essas investiga��es se transformarem em indiciamentos — ou no atual processo de Nova York —, os promotores podem encontrar maneiras de usar as declara��es ou depoimentos anteriores do ex-presidente contra ele de forma t�o eficaz quanto o advogado de Carroll.
