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Estado de Minas CIUDAD JU�REZ

Para fornecer asilo, app americano funciona como um 'bingo' para os migrantes na fronteira


11/05/2023 13:10

Grande parte da busca por asilo nos Estados Unidos depender� de um aplicativo para celular a partir desta sexta-feira (11). A tecnologia alternativa parece desconectada da dram�tica realidade de sua fronteira, onde celular, Wi-Fi e eletricidade s�o luxos.

O CBP One, aplicativo do Escrit�rio de Alf�ndega e Prote��o de Fronteiras (CBP, na sigla em ingl�s), foi pensado para direcionar os pedidos de asilo aos Estados Unidos.

Os migrantes reunidos no M�xico lamentam frustrados pelas falhas desta ferramenta, que possui 2,5 estrelas na avalia��o da Apple Store.

"� algo incomum que um aplicativo praticamente decida nossa vida e nosso futuro", disse � AFP o venezuelano Jeremy de Pablos, de 21 anos, que est� acampado em Ciudad Ju�rez h� semanas.

O jovem disse que o mais dif�cil foi o reconhecimento facial: "� um bingo, reconhece quem quer".

"O aplicativo � o muro, e n�o aquele", acrescentou De Pablos, apontando para o muro imponente que cerca a fronteira entre os EUA e M�xico.

O governo de Joe Biden lan�ou o CBP One em janeiro, perante ao iminente fim do T�tulo 42 - norma sanit�ria ativada pelo governo do ex-presidente Donald Trump para frear a pandemia da covid-19.

O T�tulo 42, que expira � meia-noite desta quinta-feira, autorizou a expuls�o de quem cruzasse a fronteira sem visto ou documenta��o necess�ria para entrar, mas com exce��es.

Desde sua ativa��o em 2020, aproximadamente tr�s milh�es de pessoas em busca de asilo foram expulsas - principalmente para o M�xico, onde acampamentos improvisados foram erguidos.

A atual gest�o dos Estados Unidos ir� ativar, nesta sexta-feira, novas regras de asilo que colocam o CBP One como primeira etapa do processo, sob pena de deporta��o para quem pisar nos Estados Unidos sem agendar no aplicativo.

Assim como as horas para se registrar no CBP One, as autoridades ampliaram a cota di�ria fornecida. Entretanto, ainda � uma ferramenta restringente.

Muitos migrantes fazem jornadas cansativas para chegar � fronteira dos Estados Unidos, onde chegar � uma conquista. Seus telefones s�o roubados ou danificados quando precisam atravessar os rios. Alguns mant�m seus celulares, mas s�o dispositivos obsoletos ou acabados.

Os migrantes que aguardam em Ciudad Ju�rez vivem em tendas, sem eletricidade. Eles carregam seus telefones em postes emaranhados de cabos.

Eles priorizam cada moeda para comprar saldo telef�nico e ter internet. E � neste momento que a segunda parte do desafio come�a: "Olha, est� travado", diz Ronald Huerta, um venezuelano que nesta quarta-feira n�o conseguiu passar das configura��es de idioma do aplicativo.

A poucos metros de dist�ncia, Ana Paola, de 14 anos, chorava porque o aplicativo havia sido atualizado e todas as informa��es sobre ela e sua fam�lia haviam sido apagadas.

"Estou cansada! N�o aguento mais!", reclamava a adolescente, enquanto clicava incessantemente em "Enviar" para recriar os perfis familiares mas recebia como resposta a mensagem "Erro 500".

"Foi um grande pesadelo, foi um tormento. Este aplicativo nos causou danos emocionais e psicol�gicos", disse seu pai, Juan Pav�n, um comerciante que veio da Venezuela com sua fam�lia.

Eles tinham apenas um iPhone antigo, com o qual sua esposa tentou durante semanas marcar um hor�rio para a fm�lia no CBP One. Quando ela recebeu a confirma��o de um hor�rio, indicava apenas o dela.

A fam�lia est�, agora, separada nos dois lados da fronteira. Conforme o T�tulo 42 chega ao fim, a ansiedade aumenta e muitos perdem a paci�ncia, atravessando ilegalmente para os EUA.

"� frustrante que esta parte importante do processo seja deixada � merc� de uma tecnologia que muitas vezes falha e n�o � acess�vel a todos", disse o advogado s�nior do Conselho de Imigra��o Americano, Ra�l Pinto.

Washington anunciou, nesta semana, que o aplicativo ir� evoluir para um sistema virtual com maior capacidade.

"Temos esperan�as de que resolvam alguns problemas", continua Pinto, "mas estamos muito desapontados por n�o haver alternativa para as pessoas acessarem algo t�o importante que pode salvar vidas como o processo de busca por asilo".


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