Ap�s 12 horas, a sess�o foi suspensa pelo presidente do Legislativo, Virgilio Saquicela, e ser� retomada �s 9H30 (11H30 de Bras�lia) desta quarta-feira.
Em um contexto de aumento da viol�ncia ligada ao narcotr�fico e de descontentamento popular com o custo de vida, o que pode ser o fim do governo de direita � uma oportunidade para o principal bloco de esquerda recuperar for�as nas m�os de seu l�der, o ex-presidente Rafael Correa, foragido na Europa e condenado a oito anos de pris�o.
"N�o h� provas nem testemunhos relevantes. H� apenas informa��es que comprovam minha total, evidente e inquestion�vel inoc�ncia", afirmou o presidente em um discurso de uma hora no Congresso de Quito.
Correa n�o demorou para se pronunciar em sua conta no Twitter (@MashiRafael): "Um presidente inepto, ganancioso, ign�bil e desonesto. Voc� � uma verdadeira fraude democr�tica e moral."
Com a presen�a de 109 de seus 137 membros, a Assembleia Nacional (unicameral) iniciou o julgamento pol�tico contra Lasso, em que os congressistas apresentaram os argumentos contra ele.
Ap�s se defender e sem esperar sua vez para a contrarr�plica, o chefe de Estado retirou-se do Parlamento, que abriu o debate entre seus membros. A vota��o ainda n�o tem data marcada.
No poder desde maio de 2021, o presidente � acusado de peculato na gest�o da estatal Flota Petrolera Ecuatoriana (Flopec).
Segundo o corre�smo, que conta com 49 cadeiras, o presidente manteve um contrato assinado antes de sua posse para o transporte de petr�leo bruto com o grupo internacional Amazonas Tanker. O acordo causou preju�zos de mais de US$ 6 milh�es.
- Manifesta��es -
Durante v�rias horas, centenas de pessoas se concentraram nos arredores do Parlamento, protegido por policiais. Apoiadores do presidente gritavam contra os membros da Assembleia e seguravam cartazes com palavras de ordem como "Viva a democracia!" e "Defendemos a democracia e a paz". Um pequeno grupo de opositores tamb�m se manifestou, exibindo cartazes em que se lia "O povo n�o aguenta mais, fora Lasso!"
O processo desperta os fantasmas da instabilidade pol�tica vivida no Equador entre 1997 e 2005, quando tr�s governantes que sa�ram das urnas foram derrubados. O Congresso precisa de 92 dos 137 votos para destituir Lasso.
Esta � a segunda vez que o ex-banqueiro fica entre a cruz e a espada. Em junho passado, o Parlamento j� havia tentado destitu�-lo por vota��o direta, em meio a violentos protestos ind�genas contra o alto custo de vida. Na ocasi�o, ele ficou a 12 votos da conclus�o de um processo de impeachment, devido a uma grave crise pol�tica e como��o interna.
- Ind�genas contra Lasso -
A poderosa Confedera��o de Nacionalidades Ind�genas (Conaie) expressou que o pa�s vive "o pior desastre social e pol�tico que j� conheceu". A organiza��o, cujo movimento de esquerda Pachakutik forma a segunda for�a legislativa, com 24 cadeiras, convocou os membros da assembleia a "uma sa�da democr�tica, legal, constitucional" e a destitu�rem Lasso.
O cientista pol�tico Santiago Cahuasqui, da universidade SEK, disse � AFP que se o veredito do Congresso "n�o for processado da maneira que os atores gostariam, tamb�m se pode vislumbrar uma mobiliza��o social" que ir� reeditar o pior per�odo de instabilidade democr�tica, que levou o Equador a ter sete presidentes entre 1996 e 2007, at� a posse de Correa.
Manifesta��es sangrentas contra o governo e fracassos nas urnas enfraqueceram a imagem de Lasso, cuja popularidade est� em torno de 15%.
Na manga, o presidente conta com o mecanismo chamado "morte cruzada", que implica a dissolu��o do Congresso para dar lugar a elei��es gerais antecipadas. A dissolu��o foi implementada pelo governo Correa (2007-2017) e, se aplicada, ser� a primeira vez.
Se for considerado culpado ao fim do processo, Lasso ser� o segundo presidente equatoriano a sofrer um impeachment, depois de Juan de Dios Mart�nez, em 1933. Seu vice-presidente, Alfredo Borrero, completaria o mandato de quatro anos.
QUITO